- Descobrindo a Eternidade em Nós - Um estudo imprescindível

     


 Descobrindo a Eternidade em Nós, 
Um estudo imprescindível 

       Se ao ler esse material surgir alguma dúvida, faça a sua pergunta no contato  ou comentário do blog, talvez possamos ajuda-lo. Esse é um estudo imprescindível!  


Sobre o “Eu”, o “Eu Sou’ e o “Ego”

Nota: No que foi mencionado em relação ao 'Eu' e a 'Alma' nos baseamos nas Cartas de Cristo.

  Desde a concepção aos três ou quatro anos de idade, eu era apenas o eu’. O ‘eu’ é o elemento responsável pela nossa individualização, sem ele seriamos como os animais irracionais. O papel original do eu é o de guardião da individualidade. O “eu” tem os seus impulsos legítimos de individualidade e de auto preservação. O eu controla o desenvolvimento do feto desde o momento da união do espermatozeide com o óvulo. O novo pequeno ser torna-se de imediato o “eu” que sente satisfação e insatisfação no útero, dependendo da sensação de conforto ou mal-estar e do que ocorre à mãe. Com a finalidade de conservar a sua individualidade, um dos propósitos do “eu” é protegê-lo dos ataques exteriores de qualquer tipo e dar a você o que necessite para prosperar, florescer, crescer e ser feliz. Isso é Divinamente ordenado e não deve ser tratado com desprezo. O “eu” constitui um núcleo de “primeira-importância” e muito necessário, de consciência, de criação, desenvolvimento e crescimento. No período entre a concepção e aos três ou quatro anos de idade, o “eu” é controlado pela alma. O impulso do “eu”, nessa fase, torna-se o verdadeiro defensor e protetor de seu conforto pessoal, – porém, trabalha inteiramente em harmonia com as diretrizes de sua alma, (que é chamada também de ‘Eu Superior’) a qual extrai sua natureza da Realidade Divina.

     Quando você nasceu, ao ser separado do conforto do útero que o guardava, seus instintos de sobrevivência, impregnados com o profundo conhecimento original do “ser criado” existente em cada célula viva de seu corpo, o levaram a respirar e o tornaram consciente de um vazio e de uma perda emocional, que você sentiu como um vazio físico e uma necessidade de nutrição física.

     Quando chorava, sua mãe lhe dava de mamar, o que era profundamente satisfatório, – tanto física como emocionalmente. Quando suas necessidades eram plenamente satisfeitas, podia voltar a um estado de equilíbrio no sono. Quando você despertava desse equilíbrio, sentia uma sensação de insegurança (o equilíbrio estava agora dividido em conhecimento mental e emocional subconscientemente). Você “recordava” que sua mãe e seu leite representavam a satisfação da necessidade de segurança, e assim você chorava de novo. Então as suas necessidades eram satisfeitas novamente. Assim se desenvolveram os seus impulsos naturaisEsses impulsos naturais são inofensivos mas depois se transformam em desejos egoístas, depois dos três ou quatro anos de idade. Se você não tivesse sido infundido com esse impulso para “chorar” pelo que deseja para ser feliz, ou de recusar o que o entristece, você estaria à beira da não-existência. Se não saísse correndo ou pedisse ajuda quando estivesse em perigo – poderia morrer. Se não tivesse chorado – “exigindo” alimento – ao nascer, poderia ter morrido de fome. Se não tivesse acolhido com prazer o leite ao mamar, se aninhando afetuosamente à sua mãe, talvez nunca tivesse desenvolvido uma carinhosa proximidade e ligação com ela.

    Sem o IMPULSO do eu não haveria criação, nem individualidade, nem satisfação das necessidades, nem proteção, nem respostas calorosas e nem amor humano. Sem esse impulso não haveria autodefesa, nem autoproteção, nem sobrevivência. Deve entender-se que não há nada de mal no impulso do Eu. Ele é o instrumento necessário da criação. Esse impulso do “eu” primário do indivíduo, está gravado somente com a necessidade de AUTOSSATISFAÇÃO e de SOBREVIVÊNCIA. Portanto, o “eu” foi criado como: “O GUARDIÃO da PERSONALIDADE” e estava irresistivelmente gravado com o impulso magnético para assegurar a INTIMIDADE e SOBREVIVÊNCIA.

Nota: Não se deve esquecer que, todas as sensações ou “saber” que  a criança experiencia nessa fase não é na consciência, pois a mesma ainda não tem consciência de si mesma. Está tudo no nível do subconsciente. Nessa fase, O ‘Eu’ é desprovido de mente, raciocínio, pensamento, palavras e conceitos.

    O que acontece é que depois o “eu” fica camuflado, encapsulado, com as ações adicionadas pelo “ego”. Antes do aparecimento do eu souo “eu” já existia, desde a concepção. Até a idade acima citada esse estado era de inocência, portanto, não havia consciência e nem autoconsciência. Logo após essa fase surgiu a fase do eu sou, a fase do “saber”, então surgiu o  estado de autoconsciência. Mais ainda assim, o “eu” só sabia de sua existência o eu soue “eu não sou”, mas ainda não havia o sentimento de posse, o sentimento de “meu”. O eu soucomeçou em uma fase de pureza, sem raciocínio, sem pensamento, sem mente, sem palavras, e sem conceitos; com o passar dos dias, um tempo bem curto, começou o condicionamento, agora tudo que não tinha no estado anterior, surge aqui. Antes não havia os adjetivos, como: eu sou assim, eu me chamo fulano de tal, eu sou feio, baixo, alto, rico, pobre, bom ou mau. Não havia todos os ensinamentos condicionados pela sociedade, pais, escolas, igrejas e amigos, etc.. Quando toda essa carga de conhecimento surgiu no eu soupuro, começou, então, surgir o eu sou, que é chamado, também, de “ego”. Para sermos iluminados, precisamos passar pelo processo de dissolver o condicionamento composto por todo conhecimento a partir do eu sou, todos os adjetivos, até ficar apenas o eu sou puro, sem esse conhecimento e condicionamento. E esse processo tem a ver com um profundo envolvimento com o eu souaté que os adicionais “dele” sejam dissolvidos. Quando isso acontece o eu souvolta para aquele estado de pureza original.  

      Um dia o eu soutambém será dissolvido em nós, quando isso acontecer você já entra no estado do “Ser Puro”, pois o eu sou já está na dimensão do “Ser Puro”. Esse é o estado de Deus. É a individualização da Consciência Divina. Individualização não no sentido de separação, mas no sentido de identificação. Cristo disse: “Eu e o Pai somos um”. A partir do momento em que o nosso eu soué dissolvido em nós, nos tornamos um com a Fonte de tudo. Um com o Pai. Na verdade, Sempre somos um com ele, mas não temos consciência disso enquanto não houver a iluminação, a revelação, a dissolução do eu sou. Nesse estado de “Puro Ser”, perdemos, também, o nosso eu, mas continuamos com a nossa individualidade em unicidade com a Consciência Divina. É o estado antes da concepção. O estado do ‘Eu’ começa com a concepção e só deixa de existir na morte do corpo. O propósito do “Eu” é somente a comunicação com o mundo. Sem o “eu” não haveria nenhum sentido a vida aqui na terra, não haveria individualidade. Veja essa questão de uma forma clara, nas Cartas de Cristo. Durante toda a vida o “eu”continua como pano de fundo, quase imperceptível. Mas continua a manifestar no homem o senso e impulso de proteção e autopreservação, desde que não seja  em detrimento ao próximo,  não há nenhum erro nisso.

Nota: O ‘eu’ existe mesmo sem o ‘sou’. Assim, a pura luz está ali, diga você "eu" ou não. Torne-se ciente desta pura luz, e nunca a perderá. A existência no Ser, a Consciência na consciência, o interesse em cada experiência - isso não é descritível, ainda que perfeitamente acessível, pois nada mais existe. (P.152 do livro “Eu sou aquilo”)

      O ‘eu sou’ não é uma entidade e sim um conhecimento transitório que compõe  o compendio de todas as atividades do ego. Na verdade o “eu sou”  é o falso ser. O ego é o eu soucom todos os adicionais. O ego é o “eu sou” no condicionamento. Para entendermos melhor, toda vez que o “eu sou” estiver associado a algum adjetivo se refere ao ego.

Nota: Neste estudo, toda vez que aparecer a expressão “eu sou” impuro nos referimos ao “Ego”.  E toda vez que aparecer a expressão “eu sou puro, nos referimos ao seu estado de pureza.  Antes do “eu sou” não havia nada agregado ao “eu”. Nem a mente, nem pensamento, nem memória, nem conceito, nem raciocínio e nem consciência humana. Depois da iluminação o ‘eu’ só vai existir como meio de comunicação com o mundo, em relação a Consciência Divina, não existirá mais. Depois da Iluminação, o “eu” ou o “eu sou puro” não o ego, será usado pela a Alma, ou “Eu Superior” em todas as nossas ações na nossa comunicação com o mundo, mas o “ego” ou o “eu sou impuro” não terá ação nenhuma mais. 

      Como mencionado acima, quando a criança nasce, até aos três ou quatro anos de idade, ela não tem consciência de si mesma, e juntamente com essa inconsciência está a ausência dos pensamentos, da fala e do raciocínio, por isso ela está no estado de pureza. Essa é a fase de somente o eu. Quando sai dessa fase, entra na fase do eu sou’ puro, ainda sem o condicionamento,  e sua mente consciente começa a desabrochar e junto com esse desabrochar vem o condicionamento mental, psicológico e emocional. Nessa situação esse ente humano adquire uma consciência de separação de sua Fonte Criadora, a Consciência Divina, (Deus), devido os conceitos errôneos absolvidos em tudo que aprendeu. Por isso René Descartes disse: “Penso, Logo Existo”. Quando não há pensamento, não há consciência e quando não há consciência, não se sabe que existe, portanto, não existe.

      O aparecimento do condicionamento associado ao eu sou na infância de uma pessoa é como a instalação de um sistema operacional em um computador. O computador pode ser dos melhores e mais completo possível, mas se não for instalado nele o sistema operacional, não funciona. Tudo que se opera em um computador depende desse sistema. Assim, depois que um ente humano receber o condicionamento adicionado ao ‘eu sou’, todos os seus atos bons ou ruins, pensamentos, ações e reações vão depender desse condicionamento. É um sistema operacional de produção de coisas boas ou más. Para que tudo volte ao estado de antes do sistema, e tudo tome outro rumo, esse sistema precisa ser desinstalado completamente. Tudo precisa ser zerado.

     As fases do desenvolvimento de nossa vida: Primeiro, procedemos de Deus como uma centelha divina. Nessa fase, somos seres puros em unicidade plena com a Consciência Divina. Depois encarnamos e essa centelha passa a ser chamada de alma, mas continua sendo parte da Consciência Divina. A alma está no “Eu”. Depois surge o ‘eu sou’ puro por algum tempo sem mente, sem pensamentos e palavras; depois desse curto tempo, esse ‘eu sou’ fica condicionado e adquire a sensação de separação de Deus e essa sensação vai corroendo a pessoa por dentro, consciente ou inconscientemente. O ‘eu sou’ fica condicionado a essa suposta separação. Depois desse condicionamento o eu soué formado e sua vida (a vida da criança), é norteada por ele. Esses adicionais do “eu sou” geram o “ego” e ao se fortalecer toma forma como se fosse uma entidade em nós, mas tudo não passa de ilusão. Mas enquanto essa ilusão não for desfeita a pessoa continua com a sensação de separação. Esse condicionamento é o “pecado original” reconhecido pela religião cristã. Para haver o retorno (Iluminação), precisamos trilhar de volta o mesmo caminho. Precisamos deixar todo o condicionamento e voltar ao ‘eu sou’ no estado de pureza, ele ainda está lá. Precisamos ficar nesse estado do ‘eu sou’ puro até que o condicionamento seja dissolvido. Um vez dissolvidos todo o condicionamento e o ‘eu sou,’ entramos no estado de pureza da “alma” em unidade com a  Consciência Divina. A diferença entre a Consciência Divina e a ‘alma’ é que a Consciência Divina é o TODO e a ‘alma’ é a parte em unidade com o todo. Mas o ‘eu’ também vai desaparecer quando acontecer a passagem. E aí então vai permanecer o ser Puro. O Ser Puro Original é o mesmo eu sou, só que sem o “Eu”. Será, então, o estado absoluto. 

  Esse condicionamento é imposto pela sociedade em geral: pais, religião, escola, amigos. Essa transição para a suposta separação é chamada pela religião cristã de pecado. A religião cristã ensina que quando o primeiro casal, no estado de inocência, comeu o fruto proibido, perderam a inocência e ficaram conscientes e a partir daí morreram em relação ao seu criador, isto é, ficaram separados dele. E ainda a partir do casal, agora separado de Deus, todos os descendentes daquele casal, também são automaticamente separados do Criador, porque nasceram na condição do pecado original. Há um aspecto verdadeiro aqui: todos os que nascem, nascem e se desenvolvem no âmbito do condicionamento, por isso crescem “separados” da consciência Divina.

      Mas essa separação não foi por causa de um ato pecaminoso por comer o fruto proibido do conhecimento do bem e do mal, e sim devido o condicionamento. O Conhecimento do bem e do mal nada mais é que a própria consciência e mente condicionadas.

      De fato, Cristo veio para redimir o homem, através de seus ensinamentos, desse condicionamento. Ele disse para os fariseus, os integrantes da religião mais hipócrita de sua época: “O reino de Deus está dentro de vós”. O que Cristo pregou foi a Verdade, de que de fato, o homem não estava separado de seu criador, pois o Reino de Deus estava dentro dele, mas que o seu condicionamento mental o fez acreditar que estava separado, e se assim creditava, assim vivia e viveria até que esse condicionamento fosse dissolvido. E ele, Cristo, tinha a proposta para essa libertação, para a salvação. Ele propôs o novo nascimento, que nada mais e nada menos é senão a Iluminação; a iluminação é o conhecimento da verdade que liberta o homem; é o novo nascimento que sem o qual ninguém verá Deus. Ele não morreu para salvar o homem, como o cristianismo prega, mas a sua morte foi por pregar a verdade que liberta e salva o homem. O que o homem, daquela época e o de hoje, precisa é despertar-se do sono profundo da morte (separação espiritual). Ele, o homem, precisa ser iluminado! É como o apostolo Paulo disse, de forma bem clara sobre a iluminação: "É por isto que Deus diz nas Escrituras: "Desperte, dorminhoco, e levante-se dentre os mortos; e Cristo iluminará você" (Ef 5.14).  Isso significa claramente que os que não são iluminados, estão mortos espiritualmente. Depois da iluminação, nos tornamos novas criaturas com ações e atitudes inteiramente novas. Veja mais o que Paulo disse: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas". (BLH) "Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo" (2Co 5.17). Estar em Cristo aqui significa, caminhar na sua luz, e caminhar na sua luz é está iluminado.

      Todos os mestres, não somente Cristo, trouxeram a mensagem libertadora para a humanidade, em vários lugares e épocas diferentes. A verdade que liberta é uma só.

Nota: Não se identifique com uma ideia. Se você entende por Deus o Desconhecido, então você meramente diz: ‘Eu não sei o que sou’. Se você conhece Deus como conhece seu ser, você não necessita falar. O melhor é o simples sentido do eu sou. More nele pacientemente. Aqui, a paciência é sabedoria: não pense no fracasso. Não pode haver fracasso nesta tarefa... Lembre-se de recordar: ‘o que quer que aconteça - acontece porque eu sou. (P.179 do livro “Eu sou aquilo”, como modificações)

Sobre a Alma

      No momento da concepção, quando a semente masculina se une com o óvulo da mulher na cópula, os cromossomos de consciência masculina se unem aos cromossomos de consciência feminina. Esta é uma união física da consciência da semente de seu pai e da consciência do óvulo de sua mãe, projetada pelo Divino.

  E assim, os cromossomos de consciência masculina e feminina levam gravado o padrão genético do DNA do pai e da mãe. O momento da união física do espermatozoide com o óvulo é conduzido em dois níveis de criatividade. A injeção da CONSCIÊNCIA DIVINA se tornou sua ALMA “corporificada” na união da consciência humana da semente e do óvulo. E O corpo físico? O corpo fisico foi criado, impulsionado pela “Consciência Pai – Mãe – Vida”. Da junção das sementes masculina e feminina, no momento do orgasmo e fecundação, a alma emana da Fonte Divina e o corpo mais o  “eu” são gerados.

            A ‘Alma’ (ou o “Eu Superior) permanece como uma “chama” inviolada da “VIDA DIVINA” profundamente entrelaçada nos impulsos físicos de: ATIVIDADE = LIGAÇÃO/REPULSÃO, aceitação e rejeição. Isso se converteu em sua individualidade e personalidade terrenas.

      A Alma’ é eterna, ela não foi criada, mas emanou da Fonte Divina, por isso ela é sem princípio e sem fim e está destinada a retornar para casa do Pai um dia na eternidade atemporal.

      No aparecimento do “eu sou” condicionado tanto o “eu” quanto a ‘Alma’ ficam encapsulado pelo “ego”. Na iluminação o “ego” é dissolvido e novamente a ‘Alma’ assume o controle sobre o “eu”.

      A Alma reconhece, por meio da psique, que ama o AMOR DIVINO que é a Realidade Divina, mais do que a qualquer coisa terrena, e que ela anseia por estar plenamente unida com a sua FONTE do SER. A psique acaba por renunciar aos impulsos da consciência egocêntrica em favor da Realidade Divina e por suplicar que seja capaz de renunciar ao “ego” – através da morte de sua “personalidade”. Isso acontece na Iluminação. A atração exercida pelo mundo e seus atrativos, não é mais soberana. As ambições autocentradas se enfraquecem, o desejo por posses pessoais se dissolve e a paz reina na mente. Quando o seu propósito mais elevado torna-se o Propósito Divino em ação, o “eu”, o núcleo de sua individualidade, é então controlado pela sua ‘Alma’. O impulso do eu torna-se o verdadeiro defensor e protetor de seu conforto pessoal, – porém agora trabalha inteiramente em harmonia com as diretrizes de sua ‘Alma’, a qual extrai sua natureza da Realidade Divina.

O Processo da Reconexão

      Para alcançarmos o estado de pureza perdido pelo condicionamento mental, precisamos retroceder pelo mesmo caminho até alcançarmos o estado original de pureza. Temos que zerar todo o condicionamento, desfazer toda crença, dogmas, conceitos e preconceitos. Existe um caminho para isso, que se for seguido à risca com toda sinceridade, intensidade e persistência, podemos atingir esse estado de bem-aventurança. Cristo Disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim”. O que Cristo estava dizendo aqui é que há um caminho que é a Verdade ensinada por ele, e como a verdade absoluta é única, não significa que outros também não a ensinaram. Trilhando esse caminho da verdade, alcançamos a vida plena, a vida do estado original de pureza.

      O caminho pode ser um ensinamento que uma vez seguido, conduz para a iluminação ou salvação. Note bem, conhecer o caminho não é o bastante. O buscador precisa trilhar o caminho, ele precisa ter a sua própria experiência. Ninguém pode ter essa experiência por ele. Por mais que esse caminho seja conhecido por ele, nada resolverá se ele não o experenciar por si mesmo.

      Veja bem, para alcançarmos o estado de “Ser Puro”, o estado primordial de consciência Divina, precisamos passar pelo conhecimento do estado do eu sou. Primeiro precisamos conhecer a fundo o ‘eu sou’ puro e renunciar tudo que foi adicionado a ele, renuncia o eu sou’ impuro.  Não precisamos nos preocupar com o estado do “Ser Puro”, o acesso a ele é a consequência automática da ausência do ‘eu sou’. Só precisamos permanecer no eu sou até que o condicionamento seja dissolvido.

      Repetindo o mencionado acima, durante a fase de inconsciência ou inocência, entre a concepção e aos três ou quatro anos de idade, há um estado de pureza que podemos chamá-lo de eu. Nesse tempo não há pensamento ainda e nem palavras. Por esse curtíssimo tempo a autoconsciência do eu’ ainda não existe. Sem ainda os pensamentos,  adjetivos e sem raciocínio.  Nessa fase surge o eu sou puro, quando o mesmo passa ter autoconsciência mas sem os adicionais e pensamentos. Quando houver o primeiro pensamento, raciocínio, conceito e palavra, então surge o eu sou’ impuro. Quando surgiu o primeiro pensamento, o primeiro raciocínio, o primeiro lampejo de consciência e são agregados ao “eu sou”, os adjetivos, bem como: eu sou isso, eu sou aquilo, eu sou assim, feio ou bonito, bom ou ruim, rico ou pobre, etc., nasce o eu sou’ impuro, o ego. E é esse eu sou que precisa ser desfeito.. O ‘ego’ só pode ser dissolvido permanecendo no eu sou” puro. Não esquecer que todo adjetivo ou adicional associado ao eu sou”, o encobre e camufla. Precisamos buscar o Ser Puro”, e o caminho para isso é o eu sou” puro. O nosso foco, antes de tudo, não é no “Ser Puro” e sim no eu sou” puro. Uma vez eliminado o eu sou”, é revelado o que somos verdadeiramente, o “Ser Puro”. Esse “Ser” é o que uma alma é antes da encarnação e é o que ela pode ser depois da morte se a mesma for iluminada.

Nota: Ficar no eu sou’ até que o eu sou seja dissolvido, até se tornar  o “Ser Puro”. O “eu sou” pode ser comparado aos andaimes usados para construir um lindo edifício. Para se construir esse edifício é necessário que os andaimes sejam usados, e nesse período de tempo o edifício nem pode ser visto ou apreciado. Mas depois da construção ser concluída, os andaimes são retirados e então a beleza do edifício é revelada. Os andaimes não são o edifício, mas na construção, a construção do edifício depende deles. Assim é o conhecimento do “eu sou” em nós. Precisamos do “eu sou” para que o verdadeiro “Ser Puro”, o verdadeiro estado de pureza que somos,  seja revelado, depois o “eu sou” também é dispensado, e permanecerá somente a beleza do “Eu Superior” a beleza da Consciência Divina em nós..

Nota Introdutória do material a seguir. A partir do versículo 1, é baseado nos dois livros do Mestre indiano SRI NISARGADATTA MAHARAJ. O livro "Eu Sou Aquilo" e o livro "O Nisargadatta Gita". Já li muito material sobre a Iluminação, ou auto realização, desde que comecei a ser um buscador da verdade interna. Dezenas e dezenas de livros, mas poucos são tão simples e profundo ao mesmo tempo, com tanta facilidade de entender como, esse matarial. “O Nisargadatta Gita", é sucinto mas diz tudo que a gente precisa saber para alcançar esse estado surreal da Iluminação. Conhecendo esse material, tudo vai depender da disposição de cada um no que tange a dedicação e seriedade, para experenciar tudo que está continho nele. Sabemos que, por mais clara que seja a exposição de um caminho dessa jornada, o buscador precisa ter as suas próprias experiências; o conhecimento teórico não é o bastante. Baseado nesse ensinamento muitos já foram iluminados e muitos outros serão, porém, muitos outros não serão! Tudo vai depender do procedimento e compromisso de cada um.

O ENSINAMENTO DO CAMINHO

  1. Primeiramente, precisas entender que a consciência do eu sou’ veio antes de tudo para você.

    E a partir daí permanece contigo inseparavelmente, está sempre presente, sempre disponível. Por isso tem que recusar todo pensamento, com exceção  do ‘eu sou’ e ficar nele até que o mesmo seja dissolvido. Compreender o sentido do ‘eu sou’, o seu sentido de ‘ser’ ou apenas ‘a presença’, é extremamente importante, pois nisso repousa o resultado completo do ensino. Em primeiro lugar, precisas está totalmente consciente do seu ‘Ser’ ou do fato de que ‘você é’. Você tem que ‘ser’, existir antes que qualquer outra coisa possa ser. Seu senso de ‘presença’ ou a sensação do eu sou’ é realmente fundamental para qualquer coisa que tem que seguir. Em segundo lugar, este sentimento de ‘ser’ ou a sensação de eu sou’, não foi o primeiro evento ou acontecimento antes que qualquer experiência de sua vida pudesse começar? Aplique sua mente para voltar no tempo, no momento em que ficou claro para você que ‘você é’ ou eu sou’. O eu sou’ ainda está lá com você, sempre presente, sempre disponível, ele foi e ainda é o primeiro pensamento, recuse todos os outros pensamentos e volte para lá e fique lá. Assim tente entender e agarrar este ‘sentido de eu existo’ ou ‘o sentido de eu sou’ que é ligado de forma inseparável a você. Quanto mais preciso e claro você o fizer, mais rápido será seu progresso.

Nota minha: Quando digo: recorde o ‘eu sou’ todo o tempo, quero dizer que volte a ele repetidamente. (P.180 do livro “Eu sou aquilo).

     2. Portanto devemos ficar inseridos e estabelecidos com firmeza no eu sou dispensando tudo àquilo que não pertença a ele.

      Uma vez que entendemos o ‘eu sou’ em todos os sentidos e aspectos, a próxima coisa que devemos fazer é ficar estabelecidos nele, conscientes no sentido de “ser” e não desviar-se disso por nada. No exato momento que se começar a pensar em alguma coisa, tem-se a prova de que houve adição a partir do eu sou’. E é sinal de que foi agregado ao eu sou’ os adjetivos que se transforma no ego. Sendo assim o eu sou’ perde a pureza. Quaisquer adjetivos que forem adicionados ao eu sou’, o camufla. Portanto, rejeita qualquer coisa, bem como eu sou isso ou aquilo. O caminho de retorno é começar com a meditação no eu sou’. Saímos do “Ser Puro” e entramos no eu sou’, isto é, do ser original para o “eu sou; agora precisamos retornar a situação de origem exaurindo o “condicionamento”. Para que o “eu sou” seja dissolvido, precisamos meditar sobre ele, envolver-nos com ele e conhece-lo a fundo. Precisamos ter a nossa atenção, observação e foco nele, a todo momento, até que eleseja desfeito. Quando todo condicionamento for dissolvido, o ‘eu sou’ também será.

Nota minha: . Deixe tudo isto e esteja pronto para que o real se afirme. Esta autoafirmação é expressa melhor através das palavras: ‘eu sou’. Nada mais tem existência. Disto você está absolutamente certo. (Do livro “eu sou aquilo” P.124)

      3. De forma constante e com perseverança separe o eu sou de ‘isto’ ou ‘aquilo’, apenas tenha em mente o sentimento “So Hum (Eu Sou Aquilo)”.

      Tudo isto não é tão fácil como parece, é trabalho duro, sua firmeza e perseverança são as chaves para seu sucesso. Separar o eu sou de ‘eu sou isto’ ou ‘eu sou aquilo’ ou ‘eu sou assim e assim’ tudo isso são adições e foram agregados a você por outros e pela sociedade. Todos estes apêndices sobre o ‘eu sou’ pode ter algum valor em sua vida do dia a dia, mas se seu objetivo ou missão é para a eternidade, então eles são impedimentos. Você vai ter que separá-los do eu sou e apenas manter em mente o seu sentido de ‘presença’ ou a sensação dele”, no estado de pureza.

4. Só o eu sou é certo, é impessoal, todo conhecimento e conceitos originam-se  “nele”, ele é a raiz e tudo, portanto, agarre-se nele e deixe todo o restante ir.

      Desde o dia que você veio saber que ‘você é’, desde esse dia você permanece sabendo que ‘você é’. Todos os extras vêm e vão. Eles são transitórios, mas o fundamental do eu sou permaneceu inalterado e é a única certeza. Este ‘eu sou’ é impessoal, é comum a todos e sem palavras. No momento que você veio saber que ‘você é’, você não sabia nenhuma palavra ou linguagem, que vieram mais tarde. Baseado neste não-verbal eu sou você poderia dizer mais tarde verbalmente ‘eu sou’ em qualquer língua que foi ensinado a você. E foi através desse “eu sou” que começou os pensamentos, consciência, raciocínios, palavras e condicionamento. A partir deste pequeno, minúsculo eu sou mais conhecimento cresceram aos trancos e barrancos em proporções gigantescas. Assim todo conhecimento origina do ‘eu sou’, é absolutamente fundamental, a base, a origem, a raiz de tudo. Você tem que agarrar isto  e ficar no eu sou deixaando todo o restante ir.

Nota minha: Não posso dizer o que sou porque as palavras  descrevem apenas o que não sou. Eu sou, e porque eu sou, tudo é. Mas eu estou além da consciência e, portanto, na consciência, não posso dizer o que “eu sou”. Ainda assim, “eu sou”. A pergunta ‘Quem sou eu?’ não tem resposta. Nenhuma experiência pode respondê-la, pois o Eu está além de toda experiência (P.107 do livro “Eu sou aquilo”).

5. Você está certo que o eu sou, é a totalidade do ser, lembre-se, o eu sou é suficiente para curar sua mente e levá-lo além.

      Quando você está definitivamente certo de que ‘você é’, só então tudo mais é! Não antes disso. Uma vez que o ‘eu sou’ está na base de tudo e é comum a todos, não forma a totalidade do ser? Jogando de lado tudo, volte para este sentido de ‘presença’ ou ‘ser’, do eu sou”, em toda sua pureza e vai curar sua mente. O uso da palavra ‘curar’ é muito importante, pois sugere claramente que a mente ou qualquer outra coisa que foi adicionado ao eu sou, depois transforma-se em uma dor, uma doença que precisa ser curada. Há também aqui uma dica para algo que está além do ‘eu sou’.

      6. Este sentido de ‘ser’ está sempre lá, fresco como sempre, não o deixa, sempre está disponível

     Em qualquer estágio da sua vida, ele esteve preso a você inalterado. Circunstâncias, relacionamentos, pessoas, ideias e assim por diante, tudo foi mudando e é conclusivo, mas o ‘eu sou’ se manteve e tem  permanecido ao longo desta turbulência. E o que acontecerá quando o ‘eu sou’ se for? O que restará? A dica agora é mais enfática em algo além do eu sou, o Absoluto.

Nota minha: Tanto quanto dar importância à auto realização, o “eu falso”, ‘eu sou deve ser abandonado antes que o “eu real” possa ser encontrado. (P.89 do livro “Eu sou aquilo”). O eu falso aqui é o ‘eu sou.

7. Dê toda a sua atenção para o ‘eu sou’, que é a presença atemporal, o ‘eu sou’ se aplica a todos, volte para ele repetidamente.

Nota minha: Essa presença é atemporal na fase do estado de pureza do ‘eu sou.

      Use sua memória para voltar no tempo para o estágio em que você só veio a saber que ‘você é’ sem palavras. Você tem um senso de tempo, então? Você sabe quem você é ou quem são seus pais? Você sabia onde estava localizado geograficamente? Você sabia que nenhum deles era uma presença atemporal, fez algum curso para saber se o espaço veio com o ‘eu sou’, mas não o tempo, e essa presença atemporal se aplica a todos? Volte a esta fase atemporal e sem palavras eu sourepetidamente.

8. Segure com firmeza o ‘eu sou e vá além dele, sem o ‘eu sou’ você está em paz e feliz.

      Agora você sabe disto, do ‘eu sou’, segure-o com firmeza, é o único meio que você tem para ir além e não há mais nada. E o que tem este ‘eu sou’ lhe dado senão conflitos e miséria? Ele veio, se identificou com o corpo e você se tornou um indivíduo, agora volte, venha para o ‘eu sou’, transcenda os adicionais e fica em paz e feliz.

9. Agarre o ‘eu sou’ para a exclusão de tudo o mais, o eu sou=ego  condicionado, em movimento cria o mundo, o ‘eu sou’ puro em paz torna-se o Absoluto.

      Deixar tudo de lado e apenas agarrar o eu sou. Basta observar no poder do eu sou condicionado, suas agitações, e seus movimentos criaram o mundo, e com ele veio todo esse tumulto e miséria. Volte para o eu sou’ puro, deixe o ‘eu sou’ impuro e esteja no eu sou’ puro. Em seguida ele se torna imóvel e desaparece, e então há paz, pois só existe agora o Absoluto.

10. A imortalidade é a liberdade do sentimento ‘eu sou’, para ter essa liberdade permaneça no sentido eu sou’, é simples, é bruto, mas funciona!

      O sentimento de ‘eu sou’ estava como que dormente no ‘eu’ do nascimento até os três ou quatro anos de idade, quando ele desabrochou. É a essência dos cinco elementos que compõem o corpo ou o corpo de alimentos. O corpo é uma limitação, e enquanto o ‘eu sou’ se identifica com o corpo, não há chance de liberdade, e a morte é certa. Eternidade ou imortalidade só é possível quando você está livre do ‘eu sou’. Para esta liberdade florescer você tem que ir além do ‘eu sou’, compreendê-lo, permanecer refletindo nos seus aspectos e transcendê-lo. A julgar pela enorme quantidade de literatura espiritual disponível, a compreensão, permanência e transcendência do ‘eu sou’ parece ser muito simples e bruta para a prática espiritual, mas funciona!

11. O ‘eu sou’ apareceu espontaneamente em seu verdadeiro estado, é silencioso e pode ser usado para ir além.

      Este sentido de ser veio até você sem a sua vontade, ele veio por conta própria e quando chegou não havia noção de qualquer palavra que lá estava. Embora silencioso, contudo se você observar atentamente, esse sentimento eu sou pode ser agarrado e então ele pode servir como um meio para ir além em direção ao seu verdadeiro estado.

12. O ‘eu soudeixou que  o ‘condicionamento o levasse para fora, mas ele continua sendo  a porta, permaneça nela, pois ela está sempre aberta.

      O sentimento de ‘eu sou’ muito claramente qualifica-se como a porta de entrada ou entrada pela qual você entrou neste mundo e, portanto, também se qualifica como porta e o caminho para fora. E não há outra saída! Permaneça nele e você verá que a porta sempre está aberta, nunca foi fechada. A menos que você volte e fique no ‘eu sou’ por um tempo suficientemente longo, você não irá saber deste fato.

13. Você, o “eu” tem que estar lá antes que possa dizer ‘eu sou’, o ‘eu sou’ é a raiz de toda a aparência.

      Lá definitivamente no 'eu' era um substrato sobre o qual este conhecimento ‘eu sou’ surgiu, era um sentimento sem palavras. Foi só quando você aprendeu uma língua que você pode dizer ‘eu sou’. Junto com o eu sou também veio o espaço, o tempo e o mundo, de modo que o ‘eu sou’ está na raiz de tudo o que se percebe.

14. O ‘eu sou’ é a ligação permanente na sucessão de eventos chamados de vida, seja a ligação ‘eu sou’ apenas e vá além dele.

      Concepção, nascimento e infância, estes são o começo do seu ser humano, onde o eu sou está adormecido no eu. Depois, há o aparecimento espontâneo do sentimento não-verbal ‘eu sou e em torno de três ou quatro anos de idade é verbalizado. Sobre este fundamento do conhecimento eu soué construída uma grande estrutura de palavras, ideias e conceitos, e muito em breve surge o ‘isto’ o ‘aquilo’ e o eu sou e assim por diante.  O eu sou está contaminado e acumulado desde a infância à velhice, com toda sucessão de eventos. O eu souestá na base e sempre esteve lá. O eu soué uma ligação ininterrupta durante toda a sua vida, com as suas ações; por isso volte a ele, fique ali e tente transcendê-lo, pois lá reside o seu verdadeiro ser.

15. O ‘eu sou’ é a soma total de tudo que você percebe, é o tempo limite, em si, ele  é uma ilusão, você não é o ‘eu sou’ você é anterior a ele.

      Uma vez que o eu sou  é a ligação continua ao longo de todos os eventos em sua vida, obviamente constitui a soma de todas as suas percepções. É a própria base da sua percepção, sem o eu sou , sem percepção. Este eu soué uma ilusão, como um sonho que espontaneamente apareceu em você e um dia vai desaparecer. Tudo o que aparece e desaparece não pode ser verdadeiro e uma vez que você é uma testemunha disso, você se mantém afastado. Você não é o ‘eu sou’, mas é antes dele.

16. O ‘eu sou’ é o seu maior inimigo  e é ,também, o maior amigo.

      Quando o sentido ou sentimento ‘eu sou apareceu em você e o enganou fazendo acreditar que você é o corpo, e mais tarde que você é isto e aquilo. Sua ilusão foi fortalecida ainda mais, e enquanto o tempo passava assim começou todo o tumulto e sofrimento, neste sentido é seu inimigo. Mas agora o Mestre lhe diz que volte para o ‘eu sou’, entenda-o, fique lá, faça amizade com ele, ou melhor, torne-o seu guia, Deus ou Guru. Fazendo assim ele lhe ajudará a quebrar a ilusão e vai conduzi-lo à fonte. Quando o “isso” e “aquilo” forem removidos, então o ‘eu sou’ puro e amigo será desvendado.

17. O conhecimento inicial e o final são o ‘eu sou’, esteja atento para o ‘eu sou’, uma vez que você entender isto, você está além dele.

      Seja qual for o volume de conhecimento que você tenha, você tem que começar com o conhecimento primário ou o conceito ‘eu sou’. O ‘eu sou’ é o único, e depois com três ou quatro anos, e assim por diante, a estrutura do labirinto do conhecimento é construída. Você tem que voltar atrás, refazer os passos no labirinto e quando fizer isso corretamente, vai acabar no ‘eu sou e desfazer o condicionamento’ dele. Dê toda sua atenção a este ‘eu sou’, aos poucos virá a compreendê-lo e todas as suas implicações também. A sua clara compreensão do ‘eu sou’ é, e o mais distintamente além dele, você está.

18. Você deve meditar no ‘eu sou’ sem se agarrar no corpo-mente, o ‘eu sou’ é a primeira ignorância, persista nele e você vai para além dele.

      Traga toda a sua atenção para o ‘eu sou’, medite nele, tente fazer isto mantendo o corpo-mente totalmente de lado. No início o corpo-mente vai resistir a essa permanência e foco no ‘eu sou’, mas com a prática eles automaticamente não vão interferir. Lembre-se, o eu sou tem te enganado fazendo-o acreditar no irreal, assim você pode chamá-lo da primeira ignorância. Você tem que estar além desse ‘eu sou’ constantemente, só então você pode ir além dele, caso contrário ele vai continuar jogando com você.

19. O ‘eu sou’ trouxe a dualidade e toda atividade, fique ‘nele, você está antes do aparecimento  ‘dele’.

      Todo o processo de percepção e todas as atividades são baseados na dualidade: o sujeito e o objeto, o observador e o observado, o fazedor e o feito. É somente após o aparecimento do ‘eu sou’ que toda a dualidade e a atividade começaram, não antes disso; então a raiz está no ‘eu sou’ que desencadeou tudo. Localize o ‘eu sou’, refleta nele, e permaneça ‘nele, só então você pode perceber que você está antes do aparecimento  ‘dele’.

20. O conceito ‘eu sou’ é o último posto avançado da ilusão, se agarre a isto, e o entenda perfeitamente e permaneça ‘nele’, então você não será mais um indivíduo.

      Saindo de um país, na fronteira, há postos de controles e então é ‘terra de ninguém’ até outro país começar os seus postos de controle. Da mesma forma, para sair do país ou da ilusão do eu souesta é a última e única saída, não há outra. Fique neste posto, estabilize-se no ‘eu sou’, e quando você fizer isso você não é mais um indivíduo.

Nota minha: Assim como logo após o último posto você entra em uma terra neutra, sem identificação, sem dono particular, assim também após a compreensão do ‘eu sou’ e permanência nele, surgirá a sua transcendência, você perde a sua identidade como individuou. Você perde o  ‘eu sou’ o “Eu” e o “Meu” (o ego) e entra no estado de pureza.

21. Sem fazer qualquer coisa você tem o conhecimento ‘eu sou’, veio a você espontaneamente  sem a sua vontade, fique lá e ponha um machado na raiz  dele.

      Veja a beleza disto, este conhecimento ‘eu sou’ amanheceu em você, sem qualquer esforço de sua parte; ele veio por conta própria sem você desejar que fosse assim. Esse ‘eu sou’ também vai por conta próprio, sem pedir ou lhe falar, mas antes que isso aconteça, estabilize dentro ‘dele’ e liquide-o, então a morte não existirá para você.

22. Seu único capital é o ‘eu sou’, é a única ferramenta que você pode usar para resolver o enigma da vida. Já que ‘ele’ está em todos e movimentos inerente a esse enigma.

      Você pode ter ganhado um monte de dinheiro, você pode ter estabelecido um império, mas é tudo inútil comparado com o valor do ‘eu sou’. De fato, o conhecimento ‘eu sou’ é o único capital e a única ferramenta que você tem para romper esse quebra-cabeça que “ele”, mesmo apresenta através da vida, às vezes completamente desconcertantes e faz você infeliz. O conhecimento ‘eu sou’ está presente em todos e movimento inerente a esse enigma. O tipo de atividade ou expressão depende da combinação dos cinco elementos e três qualidades.

23. Seja apenas o ‘eu sou’, basta ser. O ‘eu sou’ já apareceu em seu estado homogêneo, quando você era livre  ‘dele e esse você de antes é liberado agora depois do ‘eu sou’.

      Você estava absolutamente livre, homogêneo e sem forma, nesse estado há o aparecimento do ‘eu sou’ e então ele o enganou fazendo acreditar que você é o corpo-mente. A fim de voltar para o seu verdadeiro estado, você tem que permanecer no ‘eu sou’, basta ser, isso é tudo, além disso, o ‘eu soujá faz parte de seu verdadeiro estado, apenas fique lá. Permaneça no ‘eu sou com o entendimento de que você não é o ‘eu sou’, mas você é anterior a ele.

24. Valorize e habite no ‘eu sou em você, é o ‘eu sou’ que nasceu, é o eu sou que vai morrer, você não é esse ‘eu sou’.

      Este princípio da habitação ‘eu sou’ que apareceu no seu verdadeiro ser é o que nasce e é o único que vai morrer. Você não é o ‘eu sou’, mas, a fim de entender isso e transcender o ‘eu sou’, você tem que valorizá-lo, ficar com ele constantemente, só então ele irá ficar satisfeito com você e libertá-lo das suas garras.

25. Manter o foco no ‘eu sou até esquecê-lo, em seguida, você se torna o eterno, o Absoluto e o  Parabrahman.

      Deixando de lado tudo, não permitindo que qualquer outra coisa entre na sua mente, na total seriedade permaneça com toda a força focalizada no ‘eu sou’. Persistir nesse enfoque ou meditação sobre o eu souaté afastá-lo para o esquecimento. Se o seu esforço é bastante sincero e sério o ‘eu sou’ está fadado a desaparecer, pois esse é o seu inimigo. Então o que resta é o seu verdadeiro Ser, que pode ser chamado de Eternidade, o Absoluto ou ‘Parabrahman’.

26. O conhecimento ‘eu sou’ é a consciência do princípio do nascimento, ao investigá-lo, você finalmente se estabilizará no Absoluto Parabrahman.

      O conhecimento ‘eu sou’ é o criador de tudo, gosta de afirmar-se nisso sempre, é o puro amor de sua própria existência. Era inerente a seus pais e aos pais deles e assim por diante. Foi o eu sou em seus pais, que foi atraído para si e que levou à sua procriação e o eu sou para eles.  O ‘eu sou’ é o princípio do nascimento abundante na natureza e perpetuando tudo. Investigar ou tentar descobrir como o ‘eu sou’ surgiu em você, não só vai leva-lo, mas também o estabilizará no Absoluto.

27. Todo o conhecimento, incluindo o ‘eu sou’ é sem forma, jogue fora  esse conhecimento condicionado e fica parado na quietude.

      A raiz de todo o conhecimento é o ‘eu sou’, é o ponto de partida e é sem forma, portanto, todo o conhecimento é sem forma. Desfaça o conhecimento condicionado nele e por esforços repetidos volte a este conhecimento ‘eu sou’, agarre-o e jogue-o fora. O eu sou é escorregadio e vai fugir de seus esforços, mas persista e se estabilize no silêncio e quietude que forçará a sua partida.

28. Antes do nascimento, onde estava o ‘eu sou’? Não o contamine com a ideia de corpo, Eu como o Absoluto não sou o ‘eu sou’.

      Onde você estava antes de nascer? Onde estava o ‘eu sou’? Você não era ‘Nada’ e não havia ‘eu sou’. Nesse Nada, ao nascer, depois de três ou quatro anos de idade, apareceu o ‘eu sou’ e ele tem o contaminado com a ideia de corpo. Agora, através da discriminação você precisa realizar um procedimento de descontaminação, livre o ‘eu sou da ideia de corpo, habite-o e transcenda o “eu sou”, porque você como o Absoluto não é o ‘eu sou’.

29. Na ausência do eu sou nada é exigido, o ‘eu sou’ vai com o corpo, o que resta é o Absoluto.

      Antes do ‘eu sou’ aparecer você tinha consciência de alguma necessidade ou demanda? Absolutamente de nenhuma, todas as demandas começaram com a chegada do 'eu sou. O que é este eu sou? Não é nada, mas a essência dos cinco elementos que compõem o corpo. O eu sou  depende do corpo, é tão transitória como ele e vai junto com ele, de modo que nenhum deles é verdadeiro. O que resta, então? É somente o  Absoluto.

30. Você não deve apenas ter a convicção do ‘eu sou’, mas também que você está livre  ‘dele’.

      É claro que você pode encarar duas etapas no processo da auto-descoberta, sendo a primeira a compreensão do conhecimento ‘eu sou’ e sua reflexão nele. Você deve desenvolver a forte convicção de que ‘você é’ e permanecer lá. O que vai acontecer então? Pouco a pouco você permanecendo no ‘eu sou’ o segundo passo será a realização que você está além do eu sou, você estará livre dele! Você não é o eu sou, mas sua testemunha. Assim a permanência no ‘eu sou’ e sua transcendência é a chave para prática espiritual inteira.

Nota minha: Resumindo “Assim a permanência no ‘eu sou’ e sua transcendência é a chave para prática espiritual inteira” Veja bem, a chave é a ferramenta imprescindível para abrir a porta, e essa é a chave! Primeiro conhecer bem  essa chave o ‘eu sou’, meditar ou refletir nela por tempo suficiente, e segundo, ter consciência de que você está além dele, do ‘eu sou’.

31. Lembre-se do conhecimento ‘eu sou’ apenas e deixe o resto, ficando no ‘eu sou’ você vai perceber  que ele é irreal.

      O que quer que tenha acrescentado para o conhecimento básico e fundamental eu souestá destruindo a sua pureza. Largue de lado tudo que adicionou e só se lembre do eu souem toda a sua pureza. Você tem que realmente adquirir o antes dele e para isso você tem que residir nele, habitar nele em todos os momentos. No processo, você vai perceber que o eu sou=ego  é dependente e destrutível e, portanto, irreal, mas o real é independente e indestrutível.

32. Entenda que o conhecimento ‘eu sou’ amanheceu em você e todos são suas manifestações, é nesta compreensão que você realiza que não é o ‘eu sou’.

      Este conhecimento eu sou veio de boa vontade para você? Foi o que você quis? Em retrospecto, não parece ser assim. Houve aquele momento que você soube que ‘você é’, e desde então a sensação de eu soupassou a ficar fortalecido. ‘Eu sou isto e aquilo’ foi incorporado em você e o restante das atividades de sua vida seguiu. A partir daí, não é conclusivo de que o ‘eu sou’ criou seu mundo e não o contrário? Este ‘eu sou’ amanheceu em você e você está fora dele apenas como uma testemunha, sem participação em quaisquer de suas atividades, em absoluto.

33. Quando este conceito ‘eu sou’ parte não haverá memória disponível que ‘eu era’ e ‘eu tinha’ essas experiências, e a própria memória será apagada.

      O conhecimento eu sou=ego  é a mesma semente de memória e toda informação funciona através dele, que constitui a base da mente. Ele está programado para se cansar e, consequentemente vir o sono, caso contrário morreria se você não dormisse. Mas o sono não é a partida completa do ‘eu sou’ é só a suspensão e, após o sono torna-se revigorado e inicia a sua atividade novamente mantendo a continuidade. Não é de admirar se o seu nome é chamado em voz alta quando dorme e você acorda e responde dizendo eu sou! A morte física e a iluminação é a partida total do eu soue nada é mantido. Todavia, para quem ‘se auto realizou’ que transcendeu o eu sou, a memória e o eu souestá disponível a ele, ele pode ou não usá-los, eles não são ‘hospedado’ mais nele. Apenas quem ‘se auto realizou’’ pode experenciar este estado. Daí a razão da iluminação dissolver o karma, pois na iluminação todo memória é apagada.

34. Com a chegada do conceito primário ‘eu sou’, o tempo começa, com a sua partida o tempo vai acabar, você o Absoluto não é o conceito primário eu sou’.

      O eu soué o motor de arranque, o iniciador, o início de tudo, incluindo o tempo. Na verdade toda medida começa com o eu soue toda medida incluindo o tempo, termina com a sua partida. É o conceito primário sobre o qual é construída a mansão inteira de outros conceitos. O conhecimento eu sou e o espaço surgiram simultanea e espontaneamente em você, o Absoluto, a quem está à parte. Surgiram em você, mas não pertencem a você.  

35. Quando você sabe tanto o ‘eu sou’ e o eu não sou, então você é o Absoluto que transcende tanto a sabedoria e não sabedoria.

      Conforme você permanecer no ‘eu sou’ por um longo tempo você deve também perceber o estado de ‘eu não sou’, ou haverá um estado de ‘saber’ e ‘não-saber’. Ambos os estados são estados de consciência em sua pureza, pois eles são os primórdios da dualidade. A mesma chegada do conceito de eu souimplica o ‘eu não sou’ escondido nele ou o ‘saber’ tem o ‘não-saber’ implícito nele, eles são opostos, são pares e sempre andam juntos e são impossíveis de separar. Mas você é o Absoluto que transcende a ambas; você é a testemunha de ambos estados, eles só apareceram em você, nunca pertenceram a você e são ilusórias.

36. Aparecimento e desaparecimento, nascimento e morte são qualidades do ‘eu sou’, eles não pertencem a você, o Absoluto.

      Vindo, aparecimento ou nascimento, e indo, desaparecimento ou morte, são qualidades do eu sou, a consciência ou o estado de ser que só aparentemente parecem ter surgido em sua verdadeira natureza. Você é o Absoluto e nenhumas dessas qualidades pertencem a você, de fato elas nunca realmente ocorreram, mas só parece ser assim.

37. Do nada, o ‘eu sou’ ou estado de ser veio, não há nenhum indivíduo, é o conhecimento ‘eu sou’ e não o indivíduo que tem que voltar para fonte.

      É muito difícil formular quaisquer descrições ou palavras para o estado antes do eu souou estado de Ser Puro. Algumas palavras que têm sido comumente utilizadas são: nada, vacuidade, plenitude, vazio, eternidade, totalidade Consciência Divina, Deus, o Todo, ou mesmo Absoluto ou ‘Parabrahman. Seja qual for a palavra, o eu sousurgiu sobre elas e às vezes é chamado erradamente de sua fonte. O indivíduo vem mais tarde no quadro e quando você volta nele é o puro eu souou estado de ser que resta, assim este conhecimento eu sou que tem que voltar para fonte. Não há dúvida de um indivíduo inexistente em qualquer lugar.

38. Ao meditar sobre o conhecimento ‘eu sou’ que gradualmente se estabelece em sua origem e desaparece, então você é o Absoluto.

      Sua permanência deve ser toda no ‘eu sou’. Focado constantemente, sem pausa, no “eu sou” se mantenha meditando nele. Quando um objeto permanece em foco por um período prolongado, há uma boa chance dele desaparecer, uma vez que é o seu oposto. De apenas ‘ser’ para ‘não-ser’ de eu soupara ‘eu não sou’, quando isso acontece, nada permanece mais, então aparece em você o Absoluto, em silêncio, calmo, sem qualquer movimento ou experiência.

39. Procure conhecer o ‘‘eu sou’ na fase de sem palavras, de pureza, você deve ser isso e não desviar dele nem por um momento, e então ele irá desaparecer.

      O conhecimento eu sou, a que você tem que voltar, é o primeiro que apareceu em você, quando você veio saber, que ‘você é’. No momento que você não sabia nada sobre as palavras ou a linguagem, a sensação de ser era não-verbal. Você vai ter que aplicar-se para agarrar este estado de novamente, você viveu neste estado, foi o período quando o eu sousurgiu, até o momento que foi ensinado a se comunicar verbalmente usando palavras. Volte a esse estado e não se desvie de lá nem por um momento, você tem que reviver esse estado, só então você vai entender isso e então ele irá desaparecer!

40. Com o transcender da experiência primária ‘eu sou’ todas as experiências vão desaparecer e apenas restará o Absoluto.

      O surgimento do sentido de ser ou o sentimento não-verbal ‘eu sou’ foi sua primeira ou primária experiência. Sem esta primária experiência nenhuma das outras experiências teria seguido, você tinha que ‘ser’ antes de qualquer coisa poder ser. Mas à medida que sua permanência no ‘eu sou’ torna-se firme por sua prática espiritual, uma etapa vai chegar quando o eu souvai cair com todas as experiências ou memória; vão desaparecer deixando-o em seu verdadeiro estado o Absoluto.

41. Em seu verdadeiro estado original surgiu este princípio sutil ‘eu sou’, que é a causa de todo o mal.

      Este princípio sutil eu sou, que é mais sutil do que a mente, apareceu no seu verdadeiro e original estado. Depois que ele apareceu, permaneceu em um estado puro por algum tempo e então começou o acúmulo de palavras, linguagem e conceitos. O eu sou agora se tornou verbal e identificou-se com o corpo, você tornou-se ‘isto e aquilo’ vivendo neste mundo como uma pessoa. Sua mente desenvolveu e tornou-se uma oficina de danos, mas a causa foi o eu sou. Agora você tem que voltar para eu sou, o principal semeador de danos, medite nele e identifique sua falsidade e ele desaparecerá. Você agora transcendeu o eu sou, então onde está a questão de qualquer dano?

42. Tudo o que você tenta se tornar não é você, antes mesmo que as palavras ‘eu sou’ foram dita, você já é.

      Basta olhar para esta perseguição louca que você foi entregando-se, ou foi se condicionado ao entrar na sociedade: eu sou isto e aquilo’, ‘eu devo ser isto’ ou ‘eu devo ser aquilo’ ambição, status, nome, fama e muito mais! É muito natural, você está tentando se tornar o que não é. Mesmo antes que você pudesse dizer ou sentir o eu sou, você é! Este sentimento eu souapareceu em seu verdadeiro e original estado, e é dependente, transitório e falso. A identificação do eu soucom o corpo o enganou completamente e agora você está preso. Entenda tudo isso e saia disto.

43. O hábito raiz é o ‘eu sou’ e que surgiu a partir do domínio dos cinco elementos e três qualidades que são irreais.

      O eu soué a essência dos cinco elementos e três qualidades que compõem o corpo e a mente e todos estes são irreais. Por que eles são irreais? Porque eles são interdependentes, mudando constantemente e o real não é dependente e nunca muda. Este conhecimento essencial eu soutornou-se um hábito raiz em você e o enganou fazendo acreditar que você é uma pessoa com um corpo, nasceu neste mundo e que vai morrer um dia. Este hábito tem raiz tão profundamente arraigada em você que é muito difícil de não acreditar nele.

Nota minha: As três qualidades são ‘Sattva’ (conhecimento), ‘Rajas’ (atividade) e ‘Tamas’ (inércia), de que o ‘eu sou’ é ‘Sattva’.

44. Permaneça no conhecimento ‘eu sou sem se identificar com o corpo.

      Como você funcionava antes da chegada do conhecimento eu sou? Para entender isso, você terá que voltar novamente, aplicar a sua mente e apenas tentar lembrar o momento antes de você saber que ‘você é’. Isso ocorreu por volta de três ou quatro anos de idade, mas antes disso você ainda estava funcionando sem qualquer problema desde a concepção até a chegada do eu sou. E sobre as coisas antes da concepção? Você alguma vez pensou qualquer coisa sobre isto? Você não tinha qualquer requisitos, mesmo após a chegada do ‘eu sou’ em seu estado não-verbal nascente, não havia problemas. Durante esse período livre da palavra ‘eu sou’ você não estava ciente de nada do corpo, é aí que você tem que voltar e residir, no eu sou.

45. O estado de ser, que é a mensagem ‘eu sou’, sem palavras, é comum a todos, a mudança começa apenas com o fluxo/mente.

      Nessa fase, quando a mensagem eu soutinha acabado de chegar e era livre de palavra é comum a todos. Todo mundo passa por esse período, o estado não-verbal, apenas de saber que ‘você é’ ou eu sou. Nesta fase, só existe o oposto ‘você não é’ ou ‘eu não sou’. No retorno, seus movimentos de eu sou para ‘eu não sou’ ou vice-versa ocorre espontaneamente sem nenhuma vontade. As mudanças começam assim, quando são ensinadas palavras ou linguagem e muito em breve os conceitos assumem, sua vida verbal ou o fluxo/mente começa. Junto com estes vêm os três estados de estar acordado, sonhando ou sono profundo e você acredita que é um indivíduo com um corpo e uma mente funcionando neste mundo. Agora, você encontra um novo conhecimento e ele lhe diz para redescobrir este sem palavras a muito tempo perdido, o nascente eu sou. Ele ainda está lá e você tem que reviver isto - isso é a prática espiritual.

46. A crença no ‘eu sou’ como um corpo, como um indivíduo é a causa de todo o medo, na ausência do ‘eu sou’, quem é que teme o que?

      Esta crença de que ‘eu sou isto e aquilo’ com a mente e o corpo, torna no indivíduo, que vive neste mundo e na sociedade, a causa de todo o medo. Os medos são muitos e diversos, é o medo da morte, medo da velhice, de perder a riqueza, perda de entes próximos e queridos e, depois, há o medo da falta de saúde, caindo em descrédito e muitos outros. Muitos pequenos medos que ocorrem e mudam de momento a momento. Mas, para quem já percebeu que o ‘eu sou’ é falso - e uma vez que todos os medos são baseados no ‘eu sou’ não há mais medo. Obviamente, se não há nenhum indivíduo, quem é que teme o que?

47. Tente focar sempre no primário e conceito ‘eu sou’, a fim de perder isso e estar livre de todos os outros conceitos. Em desacreditar a irrealidade do eu souvocê é totalmente livre.

      Você está em turbulência, está em desespero, está com medo, e está incomodado com toda essa bagunça que vê ao seu redor. Procura a liberdade de tudo isso. Você encontra um novo conhecimento, de alguma forma, seja de um Mestre ou suas palavras registradas em livros, e esse conhecimento deixa claro para você tudo sobre o eu soue suas implicações. Uma vez que ele fez isso, agora depende de você fazer o que ele diz. Venha para o conceito primário ‘eu sou’, permaneça nele e compreenda a sua irrealidade e seja totalmente livre. Tenha sempre em mente que o que o Mestre diz vem de sua própria experiência e não de boatos e teorias.

48. Sentado calmamente, seja um com o conhecimento eu sou’, você vai perder toda a preocupação com o mundo, então o ‘eu sou’ também se vai, deixando-o como o Absoluto.

      Você foi tão longe no principio ‘eu sou’ que acha que é quase impossível separar-se da selva conceitual na qual está preso. A maioria de nós é tão profundamente enredada neste mundo que não há tempo para pensar em tudo isso. Somente aqueles que são sensíveis e atentos ou já enfrentaram uma crise na vida que percebe a futilidade de tudo isso. Assim começa a busca de sua verdadeira identidade e do sentido da vida. O conselho do Mestre é muito simples: primeiro você tem que entender o ‘eu sou’ como o conceito primário e raiz de todos os problemas. Então você tem que sentar-se calmamente e tornar-se um com o conhecimento ‘eu sou’. Ao fazê-lo você vai perder toda a preocupação com o mundo. Então, espontaneamente, se você tem sido sincero em sua permanência, o ‘eu sou’ cairá deixando-o livre como o Absoluto.

49. Deixando de lado tudo, estabilize no ‘eu sou’. Enquanto você continua com esta prática, no processo você irá transcender o ‘eu sou’.

      Basta jogar de lado tudo aquilo que não seja o ‘eu sou’, obtinha a sua auto firmeza estabelecida aqui. Uma e outra vez, repetidamente e incansavelmente você tem que continuar com a prática de se estabilizar no eu sou. Então, em algum momento, quando o eu sou estiver satisfeito com você, ele lhe libertará do seu estrangulamento e você vai transcendê-lo e tornar-se o Absoluto.

50. A essência dessa consciência é a qualidade ‘eu sou’, não há nenhuma personalidade ou indivíduo lá, resida lá e transcenda.

      O sentimento de que ‘você é’ ou eu soué a essência dessa consciência e comum a todos. É lá na essência na sua pureza absoluta, sem apêndices ou complementos, e nesse estado não há  qualquer individualidade ou personalidade. Todos os seus esforços devem ser direcionados para chegar a esse estado puro do ‘eu sou’ e residi aí apenas. Se você fizer isso com grande sinceridade e seriedade será obrigado a transcender o eu souum dia. Assim, compreenda a importância da sinceridade no ‘ser’. O tempo que vai levar vai depender da sua dedicação e seriedade.

51. Valorize o conhecimento ‘eu sou’ como se fosse Deus, como se fosse o seu Guru, a mensagem de ‘eu sou’ está lá, o fluxo/mente está lá, permaneça no ‘eu sou e realize, descubra, que você não é ninguém.

      Você não deve apenas compreender o ‘eu sou’, mas também realizar a sua extrema importância. Tudo é criado pelo “eu sou” e a partir ‘dele’, valorize-o como se fosse Deus. É o único meio para seu caminho para fora, assim trate-o bem como seu guia ou Guru. Para começar com o que você tem, mas o conhecimento ‘eu sou’ - somente sem palavras. Depois vem o verbal ‘eu sou’, o seu encontro de conceitos e, assim, começa o fluxo/mente. Agora inverta este fluxo mente, venha para o verbal ‘eu sou’ e passe por ele e se estabilize no não-verbal  ‘eu sou’. Neste processo, você deve descobrir que você não é nenhum deles.

52. Atualmente você está sustentando a memória ‘eu sou’, você não é esse ‘eu sou’, você é o Absoluto antes  ‘dele’.

      Para a continuação de sua vida inteira como um indivíduo você tem que manter a memória eu soue é exatamente o que você está fazendo, embora pode não estar ciente disso. Agora que ele foi apontado a você pelo Mestre, veja o eu soue veja como ele tem o enganado fazendo o acreditar em algo que você não é! Você não é o eu sou, mas muito antes dele - o Absoluto! Algo que sempre foi e sempre será. Agarre este Ser Verdadeiro e esqueça todo o resto.

53. Você sente o ‘eu sou’, devido os cinco elementos e três qualidades, quando eles se forem, o ‘eu sou’ vai, mas você ainda está silenciosamente lá.

      Este sentimento de que ‘você é’ ou eu soué devido ao corpo-mente, que é um composto de cinco elementos e as três qualidades. O corpo, juntamente com os elementos e as qualidades, é perecível; assim você pode ver que isto tudo, o ‘eu sou, os elementos e as qualidades são interdependentes e destrutíveis. Julgando este critério como pode tudo isso ser real? A Verdade ou o real nunca é dependente nem é destrutível e isto é o que você é. O corpo, os elementos e as qualidades podem ir e vir, mas você está lá para sempre, porque você não é nenhum desses.

54. Mantenha-se focado no ‘eu sou’, até se tornar uma testemunha disso, então você permanece separado, você terá alcançado o ponto mais alto.

     Por um momento, ou por quanto tempo você acreditar que é o corpo-mente, você deve continuar com a meditação. Durante a meditação, apenas mantenha-se focado no eu sou sem palavras. Na medida em que a sua pratica espiritual amadurecer, você deve se tornar uma testemunha do eu sou. No momento que isso acontecer, você permanece separado do eu soue este é o maior estado que você pode alcançar.

55. Este conhecimento ‘eu sou’ saiu do estado antes dele e agora é a causa de todo o sofrimento. Antes do ‘eu sou’ surgir você estava feliz, assim volte a ser feliz.

      Se você é sensível e atento o suficiente, você pode muito bem discernir que este conhecimento eu sou tem surgido no estado anterior a ele. Este sentido de ‘ser’, saber que ‘você é’ ou eu sou apareceu espontaneamente e tornou-se a causa de todo o sofrimento. Você experimentou esse estado do período da concepção até o aparecimento do ‘eu sou, ou em sono profundo, onde o eu souestá adormecida ou suspenso. Durante qualquer um desses estados houve qualquer sofrimento ou preocupação? O Mestre tornou tudo isso claro para você e agora lhe diz para voltar e permanecer no ‘eu sou’ e transcende o  eu sou” para sempre e seja feliz.

56. Quando você permanecer no ‘eu sou perceberá que tudo, além disso, é inútil, e então você é Parabrahman, o Absoluto.

      Entenda o eu soue habite ‘nele,pois é a única prática espiritual que tem de ser feita. Na medida em que a sua pratica espiritual amadurecer, você deve se tornar uma testemunha do eu soue pode muito bem ver que ele é falso. No processo, também vê que tudo saiu do eu sou impuro e é, portanto, baseada na mentira, então ele automaticamente se torna inútil. Você é, ou o tempo todo sempre foi, o Parabrahman ou o Absoluto. Como pode qualquer coisa ser útil para o Ser sem forma?

57. Aquele que permanece naquele princípio pelo qual conhece o ‘eu sou’, conhece tudo e não precisa de nada.

      Aquele que transcendeu o eu soué o Absoluto, ele sabe que o conhecimento ‘eu sou’ só apareceu espontaneamente sobre ele, e é totalmente falso e vai desaparecer espontaneamente. Ele conhece a raiz ou a semente muito bem, portanto, ele conhece tudo. Aquele que permanece no seu Verdadeiro Eu não precisa de nada, ele está acima de necessidades e exigências.

Nota minha: O “Verdadeiro Eu” aqui tem a ver com a alma já iluminada, a alma é o “Ser Puro, o Eu Superior”. Não se refere ao “Eu” da concepção.

58. Basta sentar-se e saber que ‘você é’ o ‘eu sou’ sem palavras, nada mais tem que ser feito; logo você vai chegar ao seu estado natural Absoluto.

      Não há como escapar do ‘Sadhana’ (prática espiritual – meditação), você realmente tem que ir atrás desse conhecimento eu sou. Em certo sentido, não há nada fisicamente para ser feito. Você precisa de esforço para saber que ‘você é’? É evidente que não. A questão é apenas sentar-se calmamente e voltar para o ‘eu sou’ sem palavras. Se isto for  realizado sinceramente e feito corretamente - ou seja, através da plena compreensão do eu soue todas as suas implicações - não levará muito tempo para chegar ao seu estado natural Absoluto.

59. Erroneamente você entregou este conhecimento ‘eu sou’ para o corpo e, assim, reduziu o ilimitado ao limitado, por isso, você tem medo de morrer.

      Basta tentar lembrar o momento em que veio a saber, que ‘você é’ ou quando o conhecimento ‘eu sou’ apareceu. Inicialmente, naquela fase infantil você somente conhecia o eu sou’ sem palavra, puro, e, periodicamente, você passava para o estado de ‘eu não sou’. Isso durou por algum tempo e depois, os pais, as pessoas e o ambiente ao seu redor começaram a invadir a pureza do seu eu sou. Você foi feito para usar o uniforme ou traje de ‘fulano de tal’ e aqui começou todo o erro. O ilimitado foi reduzido ao limitado e que se tornou um indivíduo encaixado em um corpo. Lhe disseram que tinha nascido e você deduziu que iria morrer um dia. Você ama este eu sou este ‘estado de ser’, não quer perde-lo a qualquer custo e, portanto, o medo da morte prevalece.

60. Você tem que perceber que você não é o corpo ou o conhecimento ‘eu sou’. Você como o Absoluto não é nenhum deles, nem os requer.

      Quando o conhecimento eu sousurgiu, você não sabia o que era, ele era apenas um sentimento que ‘você é’ - absolutamente não-verbal. Você nem sabia se era real ou irreal, ele estava lá. Quando a verbalização foi empurrada em você, você cometeu o primeiro erro de acreditar que o ‘eu sou’ era o ser real. O segundo erro, que foi martelado em você, foi o de acreditar que você é uma pessoa que nasceu com um corpo e vive neste mundo. Deduziu que você morreria um dia por ver as pessoas ao seu redor morrerem e essas crenças ficaram mais fortes ao ver nascimentos e mortes que ocorrem ao seu redor quase todos os dias. O que o Mestre diz agora é, que desafia tudo isso, que você não é nem o corpo nem o conhecimento ‘eu sou’. Ele diz que você é o Absoluto sem forma e não precisa de qualquer um deles e que você nunca foi um deles. O Mestre pode dizer, pois isto é a sua realização e você tem que ter fé em suas palavras.

61. Investigue a validade do conceito fundamental de sua individualidade, o ‘eu sou’, e ele vai desaparecer, então você é Parabrahman, o Absoluto.

      Se o que você acredita ser, atualmente, é falso, qual é o meio a ser adotado, a fim de realizar a sua verdadeira identidade? A auto investigação é o meio que o Mestre sugere, você tem que investigar a questão: (‘Quem sou eu?’). Ao fazê-lo chega ao conceito fundamental do ‘estado de ser’ ou o eu sou, sobre a qual repousa tudo. É dito agora que medite sobre este eu sou, fique lá, permaneça nele por um período de tempo razoável. Quando a sua prática amadurecer, um dia virá em que o eu souvai desaparecer e então é revelado o Absoluto. Por meio da negação você afirma seu ser verdadeiro, tentar perceber a afirmação escondido na negação do eu sou. A permanência no “eu sou” tem o propósito de dissolvê-lo. A permanência no ‘eu soutem o propósito de continuar até que ele seja, também, dissolvido com a ILUMINAÇÃO.  

62. O essencial para ser convencido é que o conceito original ‘eu sou’ é falso, apenas aceite que é útil para este desenvolvimento.

      O conhecimento eu souentrou de repente em você, você nunca pediu e ele manteve-se como tal por algum tempo. O condicionamento mundano gradualmente se estabeleceu como um conceito firme e que você não está pronto agora para separar ou descrer. Mas a chave para toda a sua redenção está em perceber que este conceito original ‘eu sou’ é totalmente falso e é o culpado pelo seu engano. Acabe com isso e não aceite qualquer coisa que não vá ao encontro com o seu desenvolvimento e de que a convicção ‘eu sou’ é ilusório.

63. Antes ocorreu a si mesmo que o ‘eu sou’ fosse o ponto mais alto: Parabrahman. Agora, até a impureza de ‘eu sou o corpo’ desaparece, fique parado na quietude ‘eu sou’.

      Você vai ter que aplicar a sua mente e voltar para o momento em que veio primeiramente o conhecimento que ‘você é’ ou eu sou’, quando ele apareceu em você. Agora é só esperar ali ... antes disto o que você era? Volte mais ... antes da concepção o que era ou onde você estava. Você não era Nada! É isso! No mesmo tempo você era o mais alto, o Absoluto ou o Parabrahman. É só essa ausência total que não exige nada, não tem forma, livre e, acima de tudo. Neste estado sem pátria apareceu o ‘eu sou’ e agarrou-se ao corpo e acreditou ‘eu sou o corpo’. Esta ideia é uma impureza, acabe com ela e permanecer na quietude e no silêncio do puro ‘eu sou’ sem palavras, só então você tem uma chance de chegar a sua verdadeira identidade.

64. Sua queda começou com o aparecimento do ‘eu sou’, então você errou, abraçando o corpo como ‘eu sou’, tudo o que se reuniram depois disso é irreal.

      O aparecimento do eu sou foi a primeira decepção, mais decepção seguiu quando o eu sou abraçou o corpo. Este é o fundamento enganoso que o levou a cometer erros e construir sobre si mesmo essa mansão de sua individualidade. Seu básico, eu sou, é falso ou irreal, assim como pode qualquer coisa que se seguiu depois disso ser real? Basta ver como foi enganado fazendo-o acreditar em algo que é totalmente irreal.

65. Isso não é brincadeira, em você pode ser revelado o absoluto agora mesmo!

      Você já é o absoluto agora mesmo e sempre! Só precisa colocar sua atenção no ‘eu sou’. O conceito de ter nascido como um indivíduo com um corpo e mente tem sido tão fortemente martelado e você simplesmente se recusa aceitar qualquer coisa que desafie isto. Em tal estado de ser, a verdade de que você é o Absoluto ‘Parabrahman’, neste exato momento pode parecer exagero, ou como uma piada. Mas na verdade, em você pode até ser revelado agora mesmo o absoluto. Simplesmente focalizando sua atenção no ‘eu sou’. No momento em que permanecer além do eu sou como testemunha disto, podes fazer a pergunta: Agora, quem é essa testemunha? A testemunha é você!

66. Quem tem o conhecimento ‘eu sou’? Alguém em você sabe do conhecimento ‘eu sou’, ‘você é’. Quem é ele?

      Enquanto você mantem o foco no eu sou, a pergunta ‘Quem está assistindo o eu sou?’ irá ocorrer para você. Tem que haver alguma coisa em você que conhece o ‘eu souou que ‘você é’. Como é que ‘você não era’ e agora ‘você é’? Esta transição do ‘eu não sou’ para eu sou, como aconteceu? Houve alguma vontade nele ou aconteceu espontaneamente? Quem é que sabe desse aparecendo e desaparecendo de eu sou?

67. Quem pode saber o estado ilusório ‘eu sou’? Apenas um estado não-ilusória pode fazê-lo, é  a Consciência, o Parabrahman, ou o Absoluto.

      Tem que haver um fundo imutável que observa todas as mudanças. ‘Saber’ e ‘não-saber’, ‘ser’ e ‘não-ser’, eu soue ‘eu não sou’, estes são todos os estados de consciência que ocorrem em um substrato imutável. Somente um estado não-ilusória é capaz de saber o estado ilusório. Este estado real ou não ilusório tem sido chamado de Consciência Divina, Deus, o Absoluto ou o Parabrahman. Em seu estado original, é desprovido de qualquer conteúdo ou experiência, estes ocorrem apenas após o aparecimento do eu sou.

Nota: O “Ser Puro” antes da concepção é o verdadeiro você. É a centelha Divina ou alma. Depois do nascimento você continua no processo como “eu humano”, você aparece como “eu” e o verdadeiro “Ser” ou a alma continuam ocultos pelo “eu sou” durante sua passagem aqui na terra;       depois da morte, se você se iluminar, retorna ao estado de “Ser Puro”. Mesmo antes da morte ao ser iluminado você volta para o estado do “Ser Puro” ou da alma. O comando da sua vida, depois da iluminação, é da alma, a alma comanda o “eu humano”. A alma está sempre em plena sintonia e unidade com a Fonte Divina (Deus). Entre a inconsciência de ser e o eu sou isso ou aquilo, houve um tempo de consciência da existência sem os adjetivos, esse tempo é o da existência do “eu sou” puro. Consciência e sentimento apenas de “eu sou”, eu existo. 

68. O conceito primário ‘eu sou’ é desonesto, uma fraude. Ele tem o enganado fazendo-o acreditar que não é.

      Concentre-se acentuadamente no eu sou e ele vai desaparecer. Primeiro você deve abrir uma investigação sobre a natureza deste conhecimento ‘eu sou’, como ele apareceu em você e para onde te conduz. No processo desta investigação que pousa sobre a  conclusão de que este eu sou é falsa e tem o enganado fazendo-o acreditar em algo que não é verdade. Você pode, teoricamente, de acordo com esta conclusão, mas a fim de realmente entendê-la, manter um foco por um período prolongado no eu sou. Você tem que fazer isso várias vezes, na verdade, esta é a prática. Qual será o resultado de tudo isso? Um momento virá quando o ‘eu sou’ vai desaparecer e você vai acabar no seu verdadeiro estado natural.

69. Finalmente, você tem de transcender o ‘eu sou’ para entrar no estado livre de conceito, onde você nem sabe que você é!

      Em última análise, qual é o objetivo de toda a ‘Prática espiritual’, o que não pode ser evitado? Após a compreensão do conhecimento eu soucompletamente, você vai ter que meditar sobre ele, para poder conhece-lo bem. Você simplesmente não pode evitar este passo. A ideia é a de transcender o conceito primário eu sou, só então vai estar livre de todos os conceitos e entrar no seu verdadeiro estado natural Absoluto. Mas a sua permanência deve ser na base original, no “eu sou” puro. O estado Absoluto está sempre prevalecendo, agora, neste exato momento em você! Na verdade, você nunca esteve fora dele. Neste estado não há conceitos, portanto, é desprovido de conteúdo e não há qualquer experiência, assim você não vai nem saber que você é.

70. O Absoluto ou o Parabrahman é anterior ao eu sou, é o estado não-nascido, assim como pode ter o conhecimento ‘eu sou’?

      Seu verdadeiro estado natural, Absoluto ou Parabrahman é antes do aparecimento do conhecimento eu sou. É o estado que sempre prevalece e não conhece nascimento ou morte. Tudo o que é conhecido ou visto apenas parece ter ocorrido nele com o conhecimento eu sou como base para a propagação, que é tudo uma ilusão. Mas uma vez que a ilusão se foi como ele pode ter o conhecimento eu sou? Não precisa nem deste conhecimento, pois é o estado não-nascido. Você deve ter uma convicção firme e chegar à conclusão de que você é não-nascido. Esse é o estado antes do nascimento físico.

71. Precisas saber que o ‘eu sou’, é um produto dos cinco elementos, três qualidades ou o corpo de alimentos, mas você não é nenhum desses.

      O eu souemana dos cinco elementos e três qualidades que compõem o corpo-mente, que também pode ser chamado de o corpo de alimentos. É o alimento que sustenta o corpo usando a respiração vital. O eu sou é a própria essência do corpo de alimentos, que é um composto de elementos e qualidades. Considerando que isto é nada mais que um conjunto que vai se desintegrar, um dia, ele é dependente e transitório e, portanto, não se qualifica como o real ou a verdade. Mas para entender a irrealidade de tudo isso, especialmente o eu sou, você tem que meditar sobre isso, então vai saber que você não é nenhum desses. Na verdade você nunca foi qualquer um destes, era o jogo enganoso do eu souque o fez acreditar no que você não é.

Nota min ha: As três qualidades são ‘Sattva’ (conhecimento), ‘Rajas’ (atividade) e ‘Tamas’ (inércia), de que o ‘eu sou’  é ‘Sattva’.

72. Aquele que transcendeu ao conhecimento ‘eu sou’, isso significa que para ele, não há nascimento ou morte, nem a qualquer karma.

      Isso é algo muito importante para se entender - ou seja, a compreensão verbal do conhecimento eu soué completamente diferente de sua efetiva realização. Há muitos que vão verbalmente ou teoricamente entender o eu sou, mas o mais raro dos raros vai realizar isso. Por que isso? Porque realizar significa transcendê-lo, bem como, o que ‘se auto realizou’ não é mais um indivíduo. É por isso que o Mestre não é um indivíduo. O que ‘se auto realizou’ sabe que ‘eu sou o não nascido’, então não há consciência e nem crença de nascimento ou morte para ele. Como pode qualquer Karma, resíduo Karmico ou transmigração, como entendido na doutrina hindu, ser aplicável ao não nascido? É o fim de tudo! (Veja o v33)

73. A ilusão primária é apenas esta sabedoria ‘eu sou’, e que a liberação ocorre quando a sabedoria é transformado em não-sabedoria.

      O culpado-chefe é este sentido de ‘ser’ ou saber ‘eu sou’. Libertação significa acabar com o ‘eu sou’, ou o seu completo desaparecimento irreversível. O que isso significa? Um estado completamente desprovido de quaisquer conceitos ou qualquer ilusão como o conceito primário ou ilusão ‘eu sou’ transcendido. É um estado de não-sabedoria, sem conteúdo e sem experiência. É o retorno ao “Eu Original”, ao Eu puro, anterior ao “eu sou

74. Você já existia como “Eu original emanente” mesmo antes de poder dizer as palavras ‘eu sou. O testemunhar acontece ao estado anterior às suas palavras ‘eu sou’.

     A fonte, substrato ou o fundo tem que estar lá antes de qualquer coisa poder aparecer nele. Você diz eu sou, mas ‘você’ é antes disso, só por causa disso que pode dizer eu sou. O Testemunhar acontece a esse estado sem forma, que é anterior a sua existência através do eu sou’, que apareceu sobre ele. Esse estado não nascido está sempre presente, não é nem o eu sounem requer o eu sou, é além das necessidades ou qualquer tipo de dependência.

75. Quando o corpo morre o ‘eu sou’ entra em esquecimento e apenas o Absoluto permanece. Fica parado lá, nada acontece com você o Absoluto.

      O eu soué a essência dos cinco elementos e três qualidades que formam o corpo-mente. Quando o corpo cai, o eu soudesaparece e apenas o Absoluto permanece. Conforme você fica parado no ‘eu sou’, um tempo virá em que o ‘eu sou’ vai desaparecer e você permanece como o Absoluto. Você não é o corpo/mente, então saiba que não há morte, mas apenas o desaparecimento de eu sou. Em qualquer caso, o corpo vai cair e o eu souvai desaparecer sem aviso, então realize a ‘sua’ relevância (Iluminação), antes que você inesperadamente parta.

76. Do não-ser ao ser, como é assim? Pelo conhecimento ‘eu sou’. Fique lá no ‘eu sou’, então você vai voltar do ser ao não-ser.

      A maneira como sai é, a partir do imanifesto para o manifesto, a partir da ausência da presença, do não-ser para o ser. Como isto funciona? É o conhecimento ‘eu sou’, que, quando aparece espontaneamente, torna isso possível. Assim, o ‘eu sou’ é a ligação ou passagem para dentro, assim também deve ser o meio de desconexão ou a passagem para fora. Mas, para essa inversão ocorrer você tem que estar no ‘eu sou’, a sensação sem palavras antes do ‘eu sou’ deve engoli-lo completamente, só então vai estar livre de suas garras e entrar no não-ser. O não “ser” é o mesmo “Ser Puro”. É conhecido pelo “não ser”, por não ser mais tido como “eu sou”. E também por ser inominável.

77. Aqui e agora, você é o Absoluto o “Ser Puro”. Segure-se no processo do ‘eu sou’ com muita firmeza, sempre permaneça nele e ele vai se dissolver, então você será como você é.

      Neste exato momento você é o Absoluto, o único problema é que você se desviou para muito longe dele e no ‘eu sou’ se perdeu nos complementos. Aqui reside o ponto crucial de toda a prática espiritual, onde você tem que cortar todos os complementos ou apêndices e chegar ao eu souem sua pureza total - ou seja, no estado sem palavras. Feito isso, agora você tem que segurar o sem palavras ‘eu sou’ muito firme e habitar sempre nele, então ele irá desaparecer e você estará em seu verdadeiro estado natural. O Absoluto será desvendado como verdadeiro Ser.

Nota minha: Depois da iluminação o ‘eu humano só vai existir como meio de comunicação com o mundo, em relação a Consciência Divina, não existirá mais. E na morte ele será dissolvido.

78. No estado de não-existência, estado de ser como o ‘eu sou’ ocorreu, quem é, não é importante, o ‘eu sou’ é importante, fique lá. Pois no “eu sou” se percebe o “eu não sou”. O Estado de “eu não sou” e o Absoluto.

      Você nunca nasceu. Este conhecimento ‘eu sou’ ocorreu espontaneamente em seu estado por nascer, isto é antes de ter consciência de seu nascimento, sem qualquer motivo, apenas como um sonho que ocorre espontaneamente, sem razão e vontade. A pessoa chamada ou quem passou a ser não tem importância: é a sensação de ‘eu sou’, que em seu estado nascente sem palavras é importante, você tem que residir lá. É o estado do ‘eu souantes do “eu sou” isso ou aquilo, antes das palavras.

79. Primeiro veio o  eu sou’, então vem a identificação com o corpo, ego, agora volte para ‘eu sou, habitando lá realize ‘eu sou Deus’.

      A sensação de ‘eu sou’ foi a primeiro a aparecer e em seguida, identificado com o corpo se tornou ‘eu sou isto e aquilo’ ou eu sou + esta forma de corpo = o Ego. Agora, deixando de lado a forma ou corpo, reverta e estabilize no ‘eu sou’. Habitando lá realize que ‘Eu sou Deus.

80. Você não é nem o ‘eu sou’, nem as atividades realizadas pelo estado de ser - você como o Absoluto não é nenhum desses.

      Esta miragem ‘eu sou’ deve ser entendida juntamente com todo o emaranhado de atividades que ele está envolvido dentro de si mesmo. Este ilusório ‘eu sou’ ou ‘estado de ser’ é a raiz de tudo, cada atividade que você participar, cada ação que você executar tem o ‘eu sou’ como sua base. Você consegue lembrar-se de qualquer atividade antes do aparecimento do ‘eu sou’? Não. Então, o que isso sugere? Isso mostra claramente que você está além do ‘eu sou’ como o Absoluto. O ‘eu sou’ só apareceu em você e você não tem nada a ver com isso ou suas atividades.

81. Com a transcendência do conhecimento ‘eu sou’, o Absoluto prevalece. O estado é chamado Parabrahman, enquanto que o conhecimento o ‘eu sou’ é Brahman.

      É muito importante entender que o conhecimento ‘eu sou’ é Brahman. Quando você transcender o ‘eu sou’ você transcende o estado Brahma e prevalece como Parabrahman ou Absoluto. Brahman é ao mesmo tempo com qualidades (‘Saguna’ Brahman) e sem qualidades (‘Nirguna’ Brahman). Com qualidades ele é o mundo manifesto e sem qualidades é o mundo imanifesto. O ‘eu sou’ e ‘eu não sou’, o ‘saber’ e ‘não-saber’, o ‘ser’ e ‘não-ser’ são todos o mesmo. Eles têm sido simplesmente designado usando termos opostos. O Absoluto ou estado Parabrahman transcende tanto a não dualidade ou os opostos.

82. Como você era antes da mensagem ‘eu sou’? Na ausência da mensagem ‘eu sousó meu eterno estado Absoluto prevalece.

      A investigação tem que começar com a questão de saber o que você era antes de nascer. Ou o que e como você estava antes da vinda da mensagem ‘eu sou’. Na ausência da mensagem ‘eu sou’ ou, na ausência da sensação de que ‘você é’, você sabia alguma coisa? Você não podia, com o desaparecimento do último conceito de ‘eu sou’ você ficou totalmente desprovido de conteúdo. Não existe mais experiência, você está vazio! Este é o seu verdadeiro eterno estado Absoluto que sempre prevalece.

83. Quem teria testemunhado a mensagem ‘eu sou’, se o seu estado anterior de não-estado de ser não estivesse lá?

      No próprio responder a tal pergunta, se perguntado com uma intensidade profunda, você pode desembarcar no estado Absoluto instantaneamente. Prolongada meditação séria sobre o ‘eu sou’ tem o potencial para tal ocorrência. Mesmo se você não pudesse realmente sentir isso, através da compreensão verbal pura, você pode ver que tem de haver ‘alguém’ que testemunha ou conhece o ‘eu sou’, caso contrário o ‘eu sou’ nunca teria chegado a ser. Meditação sobre o eu sou, que é o ‘Sadhana’ (prática), é a chave para conhecer e tornar-se ‘quem você realmente é’.

84. Um verdadeiro devoto, permanecendo no conhecimento ‘eu sou’, transcende a experiência da morte e alcança a imortalidade.

      Quem é um verdadeiro devoto? Aquele que não somente entende o ‘eu sou’, mas também habita no ‘eu sou’ sem desviar dele nem por um momento durante um período prolongado de tempo. Ele e somente ele que fez essa ‘Sadhana’ (prática) com total devoção é um verdadeiro devoto. Um momento de amadurecimento é obrigado a vir e ele vai transcender o ‘eu sou’, então vai saber que não há morte e alcançará a imortalidade. Deve-se entender que é o ‘eu sou’ que nasce e morre. Você é o Absoluto, além do eu sou’.

85. Segure este conhecimento ‘eu sou’ no estado de sem palavras  e todos os segredos de sua existência serão revelado a você.

      Este sentimento de ‘ser’, ou ‘sabedoria’, que raiou em você, é a melhor notícia possível. A fim de compreender o seu verdadeiro significado, que você tem que chegar ao seu mais puro estado nascente quando ele estava lá, sem palavras. Uma vez que o sem palavras ‘eu sou’ for agarrado, não deixe-o ir, mas segure-o. Isso é tudo que é requerido para você fazer, nada mais. Aos poucos, como a sua permanência fortalece, todo o segredo de sua existência vai se revelar.

86. O que é isso em você que entende este conhecimento ‘eu sou’ sem nome, título ou palavra? Mergulhe no centro mais íntimo, no ‘eu sou e testemunhe o conhecimento ‘eu sou’.

      Este conhecimento ‘eu sou’ que apareceu em você não tem nome, sem palavras, sem tamanho ou forma. Ninguém é dono dele, e ele não pode ser entregue a qualquer um. Ele está lá por conta própria, sem adjuntos; mergulhe profundamente em seu ‘eu sou’, e apenas corte todos os complementos ‘dele’. Se isso for feito com destreza você vai perceber o ‘eu sou’ em sua gloriosa pureza. Agora, fique lá e se torne um com ele. O ‘eu sou’ deve envolve-lo completamente em todos os momentos. Então vai saber que existe alguém em você que entende este conhecimento ‘eu sou’, é uma testemunha disso e nunca teve nada a ver com isso também.

87. Aceite totalmente o conhecimento ‘eu sou’ como a si mesmo, e com plena convicção e fé, acredite firmemente no ditado ‘Eu sou aquele pelo qual eu sei que eu sou’.

      Depois de compreender plenamente o ‘eu sou’, em primeiro lugar, tem que aceitar que você é o conhecimento ‘eu sou’ em sua totalidade. Isso é, que tudo em você, suas ações, pensamentos, sentimentos e comportamento tem a ver com o conhecimento “eu sou”. Quando essa aceitação vem através de sua prática, o que vai acontecer? Você não vai mais ser um indivíduo, a personalidade terá ido. Agora você terá atingido o ponto mais alto possível a você. Em segundo lugar, permanecendo neste estado mais elevado possível de conhecer o ‘eu sou’, vai perceber que há alguém que conhece o ‘eu sou’. Até que essa realização venha, você deve pelo menos acreditar firmemente no ditado ‘Eu sou aquele pelo qual eu sei que eu sou’.

88. A realidade prevalece antes do conhecimento ‘eu sou’, você deve permanecer parado na origem de sua criação, no início do conhecimento ‘eu sou.

      A realidade sempre prevalece, mas não conhece o indo e vindo, nascimento e morte, criação e destruição - estes são atributos do ‘eu sou’, e não atributos da realidade ou o Absoluto. O ‘eu sou’ apareceu e um dia desaparecerá. Atualmente você se desviou do ‘eu sou’, volte a ele novamente e novamente e tente ficar ali por algum tempo. O ‘eu sou’ é o começo, a origem de tudo, e em seu estado sem palavras está na posição mais próxima da Realidade, o Absoluto. Pelo residir no ‘eu sou’ você tem uma melhor chance de chegar ao seu estado natural do que de qualquer outro lugar.

89. Quando alguém está estabelecido no final, livre estado absoluto, o conhecimento ‘eu sou’ se torna ‘não-conhecimento’.

      O estado absoluto é o estado final, ou você pode dizer que é o estado desnacionalizado. Após o desaparecimento do ‘eu sou’, que foi o principal conceito raiz, não há nenhum conteúdo mais. O ‘eu sou’ tendo partido, não há mais dualidade, o conhecimento ‘eu sou’ torna-se ‘não-conhecimento’, pois não é mais necessário. A dissolução do ‘eu sou’ é o fim de toda a experiência, assim, quem vai experimentar o que? O conhecimento ‘eu sou’ é o iniciador de tudo, na sua ausência, não sobra nada.

90. O primeiro testemunho é o de ‘eu sou’, o pré-requisito básico para todos ainda é o testemunhar, mas quem está testemunhando o primeiro testemunho ocorrendo do ‘eu sou’?

      A primeira coisa que lhe veio a saber foi que ‘você é ‘ou’ eu sou ‘. É a primeira coisa, que você é uma testemunha, o pré-requisito básico e obrigatório para todos que presenciam o que está para ocorrer. Uma vez que este ‘eu sou’ toma conta de você cresce em proporções gigantescas, esta expansão é tão grande que você perde a consciência do ‘eu sou,’ de si próprio no processo e se deixa levar sobre suas várias atividades. É o ‘eu sou’ que está testemunhando o mundo, mas quem está testemunhando o ‘eu sou’? Essa é a pergunta para a qual você tem que encontrar uma resposta e é para isso que serve todo o ‘Sadhana’ (prática).

91. A fronteira entre ‘eu sou’ (estado de ser) e ‘eu não sou’ (estado de não ser) é o local exato onde desaparece o intelecto. É o estado ‘Maha-yoga’. Fique lá!

      Sua chegada ao ‘eu sou’ sem palavras e em seu estado puro, é a primeira coisa para conseguir. Agora, depois de ter chegado aqui você tem que morar ou ficar aqui, isso só será possível após repetidas tentativas. Cuidado! Este é um lugar muito escorregadio! A atração da mente ou intelecto é muito forte, não pode suportar o ‘eu sou’ muito tempo. Mas uma vez que você se estabilize lá, o intelecto, sem desaparecer, faz isso também. É somente após a estabilização no ‘eu sou’ por um período prolongado que um momento virá quando, muito espontaneamente, você também vai saber ‘eu não sou’. Esta é a zona de fronteira e o local exato onde ocorre o desaparecimento do intelecto e você fica em um estado de ‘não-saber’. Este é chamado ‘Maha-yoga’ ou o ‘Grande-yoga’, a união do ‘ser’ e ‘não-ser’ que é difícil de encontrar, portanto, ‘grande’. Sem intelecto, você fica sem raciocínio e sem o racional, isto é além da mente; só assim o processo poder ser assimilado.

92. Reconhecer o Atman através da compreensão do conhecimento ‘eu sou’, o Atma-jnana, que é onipresente, ilimitado e infinito.

      Uma declaração muito importante foi feita anteriormente, onde o conhecimento ‘eu sou’ foi dito ser ‘Brahman’ e ‘Parabrahman’ estando além dele. Outra declaração importante é feito aqui, onde o ‘Atman’ ou o “Ser” é para “ser” entendido através da compreensão do ‘eu sou’. O ‘eu sou’ é o ‘Atman’. O ‘Atman’, com qualidades ou identificando-se com o corpo é o ‘Jivatman’ (Jiva = ser vivo). O ‘Atman’ sem qualidades é o ‘Nirmalatman’ (Nirmal = Ser puro). O ‘Atman’, que transcende ambos é o ‘Paramatman’ (O Ser transcendente final). Conforme você permanece no ‘eu sou você vai conhecer o ‘Atman’ ou o Ser em todos os seus aspectos, e isto é Atma-jnana ou auto-conhecimento. É o conhecimento de seu Ser verdadeiro como o Absoluto, que é onipresente, ilimitado e infinito.

Nota minha: Nas Cartas, Cristo menciona a centelha divina = (nossa alma, nosso ser puro), a Consciência Divina, Pai Mãe, Vida (=Atma-jnana, o ser verdadeiro com Absoluto), e Consciência Universal (‘Paramatman’, O Ser transcendente final).

93. O conhecimento ‘eu sou’ é a verdadeira religião de cada um. Dê a honra maior devido a isso. Se o fizer, você não vai passar por sofrimento ou morte.

      A religião convencional vem depois do ‘eu sou’, antes de pertencer a qualquer religião você tem que ‘ser’ e é só depois que ‘você é’ que você é outra coisa. Assim, a verdadeira religião é que você esteja dotado com o conhecimento ‘eu sou’ e isso é comum a todos. Assim permanecer no ‘eu sou’ é a sua verdadeira religião e, ao fazer isso você está dando a ele a honra maior devido a isso. Os benefícios que você vai ter por esta permanência no ‘eu sou’ são enormes - você não vai passar por sofrimento ou morte. O que mais você quer?

94. Quem diz: ‘eu não era’ e ‘eu não vou ser’ como o presente ‘eu sou’? É o único que foi, é, e para sempre será.

      Quando você refletir sobre a questão ‘O que eu era antes de nascer?’, Você percebe que ‘eu não era’, ou que ‘eu não era como eu sou no momento’. Então, como você acredita que ‘você é’ no momento, você também percebe, vendo pessoas morrendo todos os dias que ‘eu não seria como sou no momento’. Portanto, há três coisas: ‘eu não era, ‘eu sou’ e ‘eu não vou ser’. Quem sabe isso? É o Absoluto imutável, o Parabrahman, ou o verdadeiro Eu, que era, é, e para sempre será. Mas a sua identificação nunca será como “Eu”, e sim como o Ser Puro”.

95. Quando você diz ‘Eu não estava antes da concepção’, você na verdade não quer dizer que o presente ‘Eu sou’, mas o que distingue a ausência do presente ‘eu sou’ estava lá.

      Mais uma vez, quando você refletir sobre a questão ‘Onde eu estava antes da concepção?’, Você imediatamente percebe que ‘você não estava lá’. O que você quer dizer é que você não estava lá como atualmente está - isto é, que você não tinha formato, forma ou nome. Há ‘alguém’ que vê a ausência do presente ‘eu sou’ e que ‘alguém’ sempre existiu e continuará a estar lá, como que ‘alguém’ seja indestrutível: ele é o Absoluto.

96. Agarrar o conhecimento ‘eu sou’ em meditação a realização ocorrerá que ‘Eu', o Absoluto, não é ‘guna’ (qualidade) ‘eu sou’.

     Voê precisa jogar de lado tudo o que não acompanha ‘eu sou’, e reduzir o seu foco para o sem palavras ‘eu sou. Para isso, você terá que aplicar a sua mente, voltar e tentar lembrar-se do primeiro momento em que você veio a saber que ‘você é’. Esse primeiro, nascente, não-verbal ‘eu sou’ é o que tem que ser agarrado durante a meditação. Morar lá e não deixá-lo escapar de suas mãos. No processo, vai perceber que você como o Absoluto não é a qualidade ‘eu sou’, que na verdade pertence ao corpo, com os seus cinco elementos, juntamente com as três qualidades. As três qualidades que são ‘Sattva’ (conhecimento), ‘Rajas’ (atividade) e ‘Tamas’ (inércia), de que o ‘eu sou’ é ‘Sattva’.

97. Não faça nada, mas fique com o conhecimento ‘eu sou’, o ‘moolmaya’ -, ou ilusão primária, e então ele irá liberar seu domínio sobre você e se perder.

      Uma vez que você tenha entendido o conhecimento ‘eu sou’ não precisa fazer mais nada, mas apenas permanecer nele. O ‘eu sou’ é a ilusão primária ou conceito e é também conhecido como o ‘moolmaya’ (a raiz de Maya). No momento você está no aperto firme de Maya (ilusão), venha para a raiz desta Maya, que é o ‘eu sou’. Permanecendo no ‘eu sou’, na verdade você estará, agora, segurando Maya pela raiz ou seu pescoço! E o que vai acontecer agora? Maya percebe que sua própria existência está em perigo e, portanto, libera seu domínio sobre você, foge e desaparece.

98. Em meditação profunda, infundido apenas com o conhecimento ‘eu sou’, ele será intuitivamente revelado a você a respeito de como este ‘eu sou’ veio a ser.

      Aqui mas uma vez é destacado a importância da meditação para o ‘Sadhak’ (aspirante), e isso, também, não é algo a ser feito casualmente, mas de uma maneira muito profunda. O que se quer dizer com profunda? Meios profundos que você não sabe nada, exceto o sentido ‘eu sou’, assim meditar por um período prolongado, sem interrupção de tempo o sucesso pode ou não vir cedo, mas ele vai vir. Se você está completamente infundida com o conhecimento ‘eu sou’ com enorme sinceridade e seriedade. E o que será revelado para você? O ‘eu sou’ em si vai contar sua história e você virá a saber como ele veio a ser. Ou, paradoxalmente falando, como o ‘eu sou’ nunca chegou a ser ou nunca foi em primeiro lugar! É sempre o Absoluto que foi, é, e será para sempre, o ‘eu sou’ é apenas uma ilusão que apareceu nele.

99. O conhecimento ‘eu sou’ significa consciência, "Deus", Guru, mas o Absoluto não é nada disso.

      O conhecimento ‘eu sou’ é apenas um dos muitos nomes que têm sido atribuído a Ele, como a consciência, Deus ou Ishwara e Guru. Por que tantos nomes? Porque o ‘eu sou’ é sem nome e todos estes nomes vêm pelo fato dele (o conhecimento ‘eu sou’), intuitivamente ter revelado para diferentes candidatos que haviam meditado profundamente sobre o eu sou’ de formas diferentes. Alguns viram isso como Deus, alguns o viram como Brahman, alguns o viram como Guru e assim por diante. A revelação final é, naturalmente, que você está além de tudo isso e é o Absoluto, o sem forma, o eterno e totalmente livre de todos os atributos.

100. Você tem que entender que o ‘eu sou’ está antes mesmo do surgimento de quaisquer palavras, pensamentos ou sentimentos.

      A importância do conhecimento ‘eu sou’ como o primeiro ou primordial princípio nunca deve ser esquecido. Para esta convicção crescer mais forte, a reversão para aquele momento em que você veio pela primeira vez a saber que ‘você é’ ou ‘eu sou’, é essencial. Quando você faz isso, a pureza do ‘eu sou’ torna-se muito claro para você. Você também pode ver muito claramente que do jeito que aconteceu o ‘eu sou’ é a primeira e a última coisa que você trouxe para este mundo e agora pode levá-lo para fora dele. Antes de mais nada - palavras, pensamentos ou sentimentos - podem existir, devido ao ‘eu sou’ já estar lá.

101. O princípio interior ‘eu sou’ é comum a todos e não tem atributos, e é o princípio de todo funcionamento.

      O conhecimento ‘eu sou’ que alvoreceu em você é de fato o princípio interior, através do qual você funciona. O seu ‘ser’ é de grande importância para qualquer outra coisa que seja ou venha ser. Antes da chegada desse conhecimento ‘eu sou’ você sabia alguma coisa? Ou durante o sono profundo, quando o ‘eu sou’ está mantido suspenso, você sabe alguma coisa? Este princípio interior ‘eu sou’ não pertence a qualquer indivíduo em particular, mas é comum a todos e não tem atributos.

102. Identifique-se com o mais elevado princípio em você que é o conhecimento ‘eu sou’. Isso vai elevar você ao status de ‘Brihaspati’ - o guru dos deuses.

      Torne-se completamente um com o conhecimento interior ‘eu sou’, ele é o princípio mais elevado possível em você. Primeiro você deve ser capaz de ver muito claramente que existe algo chamado de conhecimento ‘eu sou’ em você - ou seja, não é só para identificá-lo, mas compreendê-lo em sua totalidade. Em seguida, vem a prática, onde você começa permanecer no ‘eu sou’, e isso, em sua fase aguda, resulta em se tornar um com o ‘eu sou’, apenas o ‘eu sou’ não restando mais nada. Isso vai elevar você para o status mais elevado possível, o que se chama de ‘Brihaspati’, ou seja, o maior guru, o guru dos deuses.

103. Este saber ‘eu sou’, que veio espontaneamente e que você sentiu de forma gradual, é o princípio do filho da ignorância, o Estado ‘Balkrishna’.

      O ‘eu sou’, que apareceu espontaneamente em você, é chamado de o princípio do filho da ignorância (isto é, não saber, do não conhecimento) ou estado ‘Balkrishna’. Isso acrescenta mais a sua compreensão do ‘eu sou’. De fato, quando o conhecimento ‘eu sou’ ocorreu-lhe era um estado de completa ignorância. Você não sabia o que esse sentimento de ‘ser’ era e o que fazer com ele. Você sabia que apenas dois estados, os do eu sou e ‘eu não sou’, que se alternavam por conta própria.

104. Este ‘eu sou’ ou estado Balkrishna tem um grande potencial. Aqui ‘Bal’ significa os meios que o corpo da criança se alimenta e ‘Krishna’ os meios do ‘não-conhecer’.

      Podemos ir mais longe, explicando este princípio da criança ignorante ou o estado Balkrishna, que é nada mais do que o ‘eu sou’, como tendo um grande potencial. Por que isso? Porque é o conceito primário ou ilusão em que se constrói tudo o mais sobre você e sua vida. E, não só você, mas esse ‘eu sou’ criou o universo ou cosmos inteiro. Na sua ausência nenhum deles existe. ‘Bal’ os meios que o corpo da criança se alimenta, o que implica também a força ou poder e ‘Krishna’ os meios do ‘não conhecer’, o que implica não conhecer sua própria força. Este Balkrishna é muito poderoso e seu potencial de criação é enorme, assim como a pequena semente que é bastante inconscientes de seu potencial para a criação de uma grande árvore de figueira. Isto quer dizer na fase da ignorância, do não saber foi criado todo o universo, isto é, do saber humano.

105. Para acabar com o sentido corpo-mente ou identidade, observe ou habite no ‘eu sou’. Mais tarde, o ‘eu sou’ irá fundir-se à natureza última.

      Quando o ‘eu sou’ alvoreceu em você, em seus estágios iniciais, não se identificou com o corpo. Você vai ter que aplicar a sua mente, volte e tente lembrar-se daquela fase em que apenas o puro ‘eu sou’ existia sem adjuntos. E mais tarde e muito gradualmente que o ‘eu sou’ começou a identificar-se inicialmente com o corpo, e a mente também, juntamente com o tempo. Tudo isto ocorreu com você, mesmo não sabendo disso, seus pais, professores, amigos, parentes e arredores contribuíram para o processo e fortalecer o verbal ‘eu sou’ - resultando em um bem desenvolvido, chamado personalidade. Agora está sendo apontado a falácia dessa identidade equivocada. Agora está sendo explicado esse conhecimento ‘eu sou’ a você e você deve permanecer nele, para acabar com a sensação de corpo/mente ou a sua identidade presente. Chegará um momento quando o ‘eu sou’ irá se fundir à sua verdadeira natureza final.

106. O tipo mais elevado de repouso é quando eu sou e ‘eu não sou’ são ambos esquecidos. Esse estado é chamado de ‘Param Vishranti’, que também significa repouso total, relaxamento completo ou quietude absoluta no estado mais elevado.

      A palavra ‘repouso’ deve ser entendida no seu sentido mais elevado, onde você não tem repouso em um determinado período de tempo, mas está eternamente em repouso. Este estado tem sido chamado como ‘Param Vishranti’, ou o grande repouso final. Neste estado ambos o eu sou e ‘eu não sou são esquecidos. Eles são, de fato, os aspectos da consciência e você não é nenhum deles. O significado da expressão ‘Param Vishranti’ foi dado como o mais elevado tipo de repouso. (Em *Marathi, ‘param’ = mais elevado, ‘Vishranti’ = repouso. Para esclarecer ainda mais, a palavra ‘Vishranti’ talvez dividindo em ‘vishra’ = esquecer ‘anti’= no final).

*Nota minha: O Marathi ou marata é uma língua da Índia, falada principalmente em Maharashtra, por aproximadamente 90 milhões de pessoas. Pertence ao grupo de línguas indo-arianas, subgrupo das línguas indo-iranianas. Wikipédia

107. Tendo adquirido e compreendido o conhecimento ‘eu sou’, permaneça lá em isolamento e não vagueie ao redor de aqui e ali.

      Ficando estabilizado no conhecimento ‘eu sou’, mesmo depois de ter entendido isso, é extremamente difícil. Sua identificação com o corpo é uma coisa que fica no caminho e a outra é a mente, que, embora tenha entendido o ensinamento, não é subconscientemente preparada para aceitá-lo. A mente continua pedindo-lhe ‘Isto não pode ser ele, é muito simples’, ‘Tente isto’, ‘Tente fazer isso’, ‘Deve ser muito complexo, procure mais’ e assim por diante. Assim, o errante continua sem parar e você permanece onde está. O Guru percebe esta dificuldade e, portanto, aconselha-o a ficar em reclusão - não da sociedade, mas dos pensamentos, apenas no sentido de ‘ser’ ou ‘eu sou’ e nunca vagando longe dele. Lembre-se que não refere o vagar através do isolamento físico, talvez seja útil, mas é bastante secundária, mas se refere o não vagando de pensamentos, quando você isolar o ‘eu sou’ do resto.

108. Depois de você estabilizar-se no ‘eu sou’, vai perceber que não é o estado eterno, mas ‘você’ é eterno e antigo.

      Você deve ter observado que embora todos os dias você vê as pessoas em torno de você morrerem, se sente que irá continuar como está. No fundo, no subconscientemente, você acredita que as coisas vão ficar como estão, nada vai mudar. Estranhamente, porém, em retrospecto, você acha que as coisas mudaram drasticamente do que eram há vários anos atrás, especialmente seus conceitos, ideias e maior parte de todas as prioridades. É esse impulso subconsciente para a eternidade ou a imortalidade que arrasta-o para a espiritualidade. De uma maneira que você não estava errado, exceto que você acreditou equivocadamente que você, como um corpo, uma pessoa ou como o ‘eu sou isso e aquilo’ vão continuar. Seguindo esses ensinamentos, quando você estabilizar-se no sem palavras ‘eu sou, vai perceber que não é eterno. Você se destaca do ‘eu sou’ como o verdadeiro Absoluto sem forma, que é a testemunha do ‘eu sou’ que apareceu nele. Este é seu verdadeiro ser, é eterno e antigo.

109. A sequência é ‘eu sou’ a testemunha de toda a manifestação, que ocorre simultaneamente. O ‘eu sou’ removido, o que resta? Você é ‘isso’.

      No momento que você acorda, você tem a sensação de ‘eu sou uma testemunha do mundo’, ocorre tão rapidamente que você não dá qualquer atenção à pergunta ‘a quem ocorre o testemunho?’ Não foi a algo anterior ao ‘eu sou’? Na verdade, o ‘eu sou’ e espaço caminham juntos e você instantaneamente vê o mundo, ou esta manifestação. Depois disso, sua personalidade ligada ao seu dia-a-dia assume e instantaneamente o ‘eu sou’ também está perdido e esquecido. À medida que você voltar para o sem palavras ‘eu sou’ e permanecer nele por um período de tempo razoável, um dia ele desaparecerá, então o que restar, você é ‘isso’.

110. O que é mencionado aqui é simples, quando o ‘eu sou’ surge, tudo aparece, quando ‘eu sou’ desaparece tudo desaparece.

      As palavras do verdadeiro Mestre são sempre simples, pois ele não é mais um indivíduo. Ele não espera nada de você, exceto o desenvolvimento de uma firme convicção no ensinamento simples que ele transmite. Na verdade, é através de sua graça, que ele entregou algo tão profundo para você de uma maneira tão simples. Tudo foi centrado em torno do ‘eu sou’: o ‘eu sou’ aparecendo, tudo parece, o ‘eu sou’ cedendo, tudo desaparece. Basta compreender o ‘eu sou’, permanecer nele e ser livre dele e seu trabalho está feito.

111. Um questionamento - Você quer me dizer algo sobre a manifestação pós-‘eu sou’, enquanto eu estou dirigindo-o para o pré-‘eu sou’ o Absoluto.

      Basta ver como são claras as intenções do Mestre, sua única preocupação é a de levá-lo para o Absoluto, que ele diz que é anterior ao ‘eu sou’. O que ele pode dizer sobre a manifestação do pós- ‘eu sou’? Desde que você não entenda o estado antes de seu ‘ser’, ou melhor, você nunca ter conhecido ou pensado sobre ele, você pede para falar-lhe algo que já sabe. Você sabe muito sobre a manifestação do pós- ‘eu sou’, está confortável com isso, portanto, você gostaria de ouvir alguma coisa nesse domínio e não apenas fora dela. Agora deixe de lado tudo o que é manifestação pós-‘eu sou’e tente se concentrar no que o Guru está dizendo, que é sobre o pré-‘eu sou’ ou o Absoluto.

112. Eu não estou dizendo que é o real, porque as palavras negam isso. Tudo o que eu estou dizendo que não é a verdade, porque ela veio do ‘eu sou’.

      O maior honestidade do Mestre deve ser apreciada quando ele diz que o que está dizendo não é a verdade. Na verdade, torna a sua compreensão mais clara, e enfatiza a falta da total confiabilidade das palavras para perceber a verdade. Mas já que não temos outros meios de receber instruções do Guru, ele usa palavras e deixa claro que o real está além das palavras. No momento em que proferir uma palavra que vem do ‘eu sou’ é falsa, pois o  ‘eu sou é falso.

113. Eu te levo à fonte do ‘eu sou’ uma e outra vez, ao chegar e estabilizar-se lá você percebe que não há ‘eu sou’!

      A Mestre é incansável em seus esforços e muito generoso, de fato. Todos aqueles que vêm a sua porta recebem o mesmo tratamento ou seja, eles são levados para a fonte do ‘eu sou’ uma e outra vez. Ele não fala sobre qualquer outra coisa, ele quer aproveitar ao máximo o tempo que lhe resta neste corpo físico e difundir os seus ensinamentos a todos aqueles que venham. Ele está esperançoso de que dos muitos que vêm, pelo menos alguns, ou talvez apenas um, possa entender o que ele está dizendo, se estabilize no ‘eu sou’, realize sua irrealidade e seja livre dele.

114. Não há nenhuma explicação como essa semente, essa consciência ou o conhecimento ‘eu sou’ surgiu. Mas uma vez que ele veio, ele mantém sussurrando através das ‘gunas’.

      O surgimento do conhecimento ‘eu sou’ ocorre espontaneamente e não há explicação de como essa consciência semente veio a ser. Assim como não há nenhuma explicação porque uma criança gosta de brincar. Mas uma vez que o conhecimento ‘eu sou’ surge, ele gosta de manter sussurrando através das ‘gunas’, as três qualidades que, junto com os cinco elementos, compõem o corpo. A palavra ‘sussurrando’ tem sido usada porque em Marathi ‘gun-gun’ significa sussurrando.

Nota: As três qualidades que são ‘Sattva’ (conhecimento), ‘Rajas’ (atividade) e ‘Tamas’ (inércia), de que o ‘eu sou’ é ‘Sattva’. Estas são os três gunas: Sattva, Rajas e Tamas – são considerados como as qualidades fundamentais da natureza, ou Prakriti.

115. Você deve saber como este ‘eu sou’ surgiu, pois é a única coisa pela qual você pode desvendar todo o mistério.

      A chave para todo este mistério da vida encontra-se em uma e apenas uma coisa e que é o conhecimento ‘eu sou’. O ‘eu sou’ deve ser entendido de forma muito clara, sem sombra de dúvida em sua mente. Se necessário, percorre esse ensinamento novamente e novamente. Uma vez tendo compreendido ele, você vai ter que morar ou residir nele, em sua maior pureza e, em seguida, sua relevância vai ficar exposta e você vai saber sobre sua chegada e partida.

116. Em seu estado Absoluto, que é sem forma ou formato veio este conhecimento ‘eu sou’, que também está sem forma e formato.

      Basta pensar sobre o que você era antes da concepção. Você não estava lá simplesmente! Não era Nada! Então, onde está a questão da forma ou formato no espaço infinito apenas? Você estava vivendo alegremente, não havia preocupação, e então este conhecimento ‘eu sou’ chegou. Este conhecimento ‘eu sou’ herda as propriedades de seu estado absoluto  pelo fato de não ter nenhuma forma e formato, assim, todo o conhecimento é sem forma, porque na sua origem está o eu sou.

117. Este conhecimento ‘eu sou’ veio espontaneamente, ‘apareceu’ no seu estado absoluto, portanto, é uma ilusão.

      Você era ‘não existente’ e espontaneamente ‘você é’, o ‘eu sou’ ‘apareceu’ no seu estado absoluto. Havia alguma vontade de sua parte nele? Por isso, é como o sonho que só ‘aparece’ não-volicional (sem vontade) quando você cai no sono. O sonho ‘aparece’ para ser verdade em quanto dura como o sonho, o ‘eu sou’, também é uma ilusão, só é verdade enquanto ele durar. Com o desaparecimento do ‘eu sou’ você estará em seu estado absoluto.

118. Esse conhecimento ‘eu sou’, o ‘sattva’, não pode tolerar a si mesmo, por isso precisa dos ‘rajas’ (ação) e ‘tamas’ (alegando ser o fazedor) para o apoio.

      Compreender o ‘eu sou’ é uma coisa e permanecer ‘nele’ é uma tarefa bastante desafiadora. Parece simples, mas o ‘Sadhana’ (prática), exige determinação considerável e seriedade por parte do buscador. Fica claro aqui que o ‘eu sou’ em sua pureza é a qualidade ‘sattva’ (conhecimento), que não pode tolerar a si mesmo (não admira você escorregar!). O ‘sattva’ exige constantemente a companhia das qualidades ‘rajas’ (ação) e ‘tamas’ (inércia) - alegando ser o fazedor. Mas esta é uma batalha contra a corrente, lembre-se que você está indo para trás, assim segure o ‘eu sou’ e persista.

Nota minha: O Sattiva = ‘eu sou’ ou conhecimento. “rajas” = Ação e Tamas = inércia.

119. A única ‘Sadhana’ (prática) é pensar: Eu não sou o corpo, eu sou o sem forma, o conhecimento sem nome ‘eu sou’ que habita neste corpo.

      Afirma-se muito claramente que há apenas uma ‘Sadhana’ (prática) para realizar e que é para permanecer no conhecimento ‘eu sou’ que habita neste corpo. Isso tem que ser feito tendo em mente três coisas: em primeiro lugar que eu não sou o corpo, em segundo lugar, que esse conhecimento é sem forma e em terceiro lugar que é sem nome ou sem palavras. Isso pode ser feito se você voltar para o momento em que este sentimento ‘eu sou’ apareceu pela primeira vez em você. Durante o período inicial que se seguiu após o seu aparecimento o ‘eu sou’ estava em seu estado mais puro e estes três critérios aplica-se a ele. Feito isso, você não precisa fazer mais nada.

120. Quando você permanecer por um tempo suficientemente longo no ‘eu sou’, o conhecimento ‘eu sou’ em si vai tornar tudo claro para você. Nenhum conhecimento externo será necessário.

      Para começar, o ‘eu sou’ deve ser completamente entendido e repercorrido de volta ao seu estado puro quando você não estava ciente do corpo. Naquela época, o ‘eu sou’ sem palavras era sem forma e puramente uma sensação de que ‘você é’. Tendo agarrado o ‘eu sou’ que você tem agora, e habitando nele por um tempo suficientemente longo, essa reversão e permanência terá de ser feito repetidamente. No processo, o conhecimento ‘eu sou’ vai ajudar você e revelar o seu segredo, e então nenhum conhecimento externo será necessária.

121. Convicção é a única técnica e a única iniciação do Mestre é: “você não é o corpo, mas apenas o ‘eu sou’ sem palavras”.

      Há muitas pessoas que leram muito e foram de Guru para Guru para descobri que ‘iniciação’ e ‘técnica’ são comumente transmitida de Guru aos seus discípulos. Esperando algo bastante semelhante, eles são surpreendidos quando se deparam com um verdadeiro Guru, que diz que a convicção é a única técnica. E o que é essa convicção? É que eu não sou o corpo, mas apenas o conhecimento ‘eu sou’ sem palavras, que ele diz ser a única iniciação. Isso é algo muito básico, simples e direta e a beleza dele é que ele não se conforma com qualquer religião convencional.

122. Quando você vê claramente que é o ‘eu sou’ que nasce, você está fora dele como o não nascido.

      A crença de que você nasceu e vai morrer um dia está fortemente incorporado em você neste momento e, portanto, o medo sempre prevalece. Seguindo esses ensinamentos você volta e chega ao conhecimento ‘eu sou’ e permanece lá por um período de tempo suficiente. É durante este período de permanência no ‘eu sou’ vai chegar um momento em que você vê muito claramente que é o ‘eu sou’ que nasce. Quando você vê isso, aparece à parte como o não nascido, algo que ocorre quase que imediatamente.

123. Uma vez que o ‘eu sou’ vai, o que permanece é o original que é incondicionado, sem atributos ou identidade. Isso é chamado de ‘Parabrahman’, ou o Absoluto.

      A partida do ‘eu sou’, marca o fim de todos os conceitos ou ‘a ilusão’. Você não é mais um indivíduo condicionado, mas permanece como original – e o Original não tem atributos ou identidade. Como poderia o sem forma, sem nome, infinito ter quaisquer atributos ou identidade? É a própria base. Tudo o que vemos com atributos ou identidade apareceram apenas sobre ele, que por sua vez são baseados no conceito primordial fundamental ou ilusão ‘eu sou’. Uma vez que os únicos meios de comunicação que temos são de palavras ou a linguagem, este infinito tem sido chamado de ‘Parabrahman’ ou o Absoluto.

124. A ausência de ‘eu sou’ não é experimentado por ‘alguém’, ele tem de ser entendido de tal maneira que o experimentador e a experiência são um.

      Você está tão profundamente enraizado na dualidade que sempre sente que deve haver ‘alguém’ que vai experimentar o nada, o vazio, o espaço ou a ausência de ‘eu sou’. É impossível para a mente conceber um estado de não-dualidade, porque só pode funcionar em modo dual ou sujeito-objeto. Assim, obviamente, a mente tem que parar ou você tem que transcender a mente, e para que isso aconteça você tem que ir para o ‘eu sou’, que é o ponto de onde a mente começa. Quando você permanecer no ‘eu sou’, chega um momento em que ele desaparece e, em seguida, o experimentador e a experiência se fundem e o que resta é o seu verdadeiro estado natural, além das palavras ou descrição.

125. O conhecimento ‘eu sou’, que apareceu na infância, é uma fraude, uma vez que te fez acreditar que a ilusão é verdadeira.

      Veja como esse conhecimento ‘eu sou’ é um amigo e inimigo também. Como um amigo pode lhe mostrar o caminho, mas, como um inimigo, ele te enganou fazendo-o acreditar que você é um corpo. Ele enganou fazendo imaginar que você é uma pessoa que nasceu neste mundo, e que um dia vai morrer. Esta natureza Janus(1) - como do ‘eu sou’ deve ser entendido, é o senhor dos portões com duas faces opostas.

Nota minha: (1) Janus era segundo os romanos o deus dos portões e portas. Ele era representado por uma figura com duas faces olhando em direções opostas (saída e a entrada/Passado e Futuro etc).

126. Este conhecimento ‘eu sou’ alvoreceu em você, depois o testemunhar começou. Esse ‘Um’ que testemunha é separado do que é testemunhado.

      Este conhecimento ‘eu sou’ chegou sem ser chamado, ele apareceu ou ocorreu sem você pedir por ele. Ele veio muito espontaneamente e rapidamente, e antes mesmo que você pudesse fazer qualquer coisa, o testemunho do espaço começou. O ‘eu sou’ e o espaço vieram juntos, você ‘viu’ e sentiu o corpo e começou a identificar o ‘eu sou’ com ele. No processo de voltar você pondera sobre a questão ‘quem está testemunhando?’ Ou “Por que é que este ‘eu sou’ apareceu? Então você percebe que o ‘Um’ que testemunha tem que estar à parte do que é testemunhado, e que este ‘Um’ sempre esteve lá.

127. A meditação é esse conhecimento ‘eu sou’, essa consciência meditando sobre si mesmo e se desdobrando seu próprio significado.

       Quando falamos de meditar sobre o conhecimento ‘eu sou’, o que está sendo feito? É o conhecimento ‘eu sou’ que está meditando sobre si mesmo. Você não deve meditar sobre o ‘eu sou’ como ‘eu sou isso e aquilo’, ou pessoa, e tal. Deve dissociar o ‘eu sou’ de tudo o mais, descer ao seu nível mais puro e deixar que o sem palavras ‘eu sou’ medite sobre si mesmo. Quando isso é feito por um tempo suficientemente longo, ele vai desdobrar seu próprio significado.

128. Quando você medita sobre o conhecimento ‘eu sou’, que é o princípio do conhecimento, como pode haver alguma dúvida?

      Você tem ou algumas vezes tem alguma pergunta, ou alguma dúvida no fundo de sua mente quando entra em qualquer atividade? Exatamente o mesmo acontece quando você entra no campo da espiritualidade e começa a meditação. A grande questão que geralmente permanece no fundo é ‘Isso tudo vai dar certo ou eu estou desperdiçando meu tempo?’ Mas o que acontece quando você medita sobre o conhecimento ‘eu sou’ como prescrito? Como pode haver qualquer pergunta agora? Se você tiver entendido corretamente o ‘eu sou’, vai ver que é o início do conhecimento, o ‘eu sou’ em sua maior pureza. Como parte da prática que você tem que permanecer no ‘eu sou’ e não se mover dele. Se surge uma pergunta, você pode ter certeza que vacilou ou já não está permanecendo no ‘eu sou’. Na verdade, este é um meio muito útil para avaliar o seu progresso na prática: o objetivo é chegar a uma fase em que as questões não surja mais.

129. Use o nome, forma e imagem apenas para atividades mundanas, caso contrário, apenas agarre o conhecimento ‘eu sou’ sem consciência corporal - além do nome, forma ou imagem.

      Embora você talvez permaneça no ‘eu sou’, fisicamente você ainda está alojada no corpo, algo que você não pode fazer com distância. Você tem um nome, forma e imagem que lhe foi atribuído pelo mundo. Bem, já que o próprio mundo deu-lhe tudo isso, assim você pode usá-los para todas as atividades mundanas. Tenha em mente sempre, em todos os momentos e sem hesitação que você não é nenhum deles, pois eles só estão disponíveis para você. As atividades podem continuar, mas você deve manter segurando o conhecimento ‘eu sou’ sem a consciência corporal.

130. Não existem técnicas, exceto a técnica que ‘eu sou’ - ou seja, a firme convicção de que ‘eu sou’ significa apenas ‘eu sou’.

      Mais uma vez, enfatizamos a técnica e ensino, ou iniciação, como mencionado anteriormente. A única técnica prescrito é permanecer no ‘eu sou’ e desenvolver a firme convicção de que ‘eu sou’. O que essa convicção quer dizer? Isso significa que quando você permanecer no ‘eu sou’, é apenas o ‘eu sou’ e nada mais - o ‘eu sou’ em sua pureza. Você deve estar completamente infundido com o conhecimento ‘eu sou’, em todos os lugares e em todos os momentos. Então, e somente então você terá uma chance de transcender isso.

131. Esta convicção pode ser reforçada através da meditação e meditação significa que quando o conhecimento ‘eu sou’ permanece neste conhecimento.

      Como a convicção de que ‘eu sou o corpo’ ou ‘eu sou isto e aquilo’ veio? Foi porque você foi lembrado delas repetidas vezes pelas pessoas ao seu redor. Esta é a convenção, a tradição, parte do condicionamento, e você acredita que ‘Eu nasci como um corpo neste mundo’. O que o Mestre está dizendo é bastante contraditório com a convicção que você tem desenvolvido através de seu condicionamento. Quando o condicionamento começou você estava cru e essas crenças enraizaram profundamente em você, por isso, a fim de afastá-las é necessária a meditação. E o que é a meditação? É permanecer no conhecimento ‘eu sou’ quando ele for compreendido, permaneça em si mesmo e não se mova de lá.

132. O maior milagre é que você recebeu a notícia ‘eu sou’. É auto evidente. Antes de saber que ‘você é’ qual conhecimento você tinha?

      Lembre-se do momento em que você veio pela primeira vez a saber que ‘você é’ ou ‘eu sou’. Quase instantaneamente o espaço também veio junto com ele e rapidamente você teve a sensação de ‘eu sou neste mundo’. Basta observar o poder desta notícia ‘eu sou’ que você tem, não é um milagre que ele criou o mundo, o que você acha que está vivendo? Antes da chegada do ‘eu sou’ você sabia alguma coisa? Ou melhor, antes que a notícia ‘eu sou’ viesse, você precisou saber alguma coisa? O conhecimento não era necessário porque você era, e mesmo agora, você é o conhecimento em si!

133. Meditação significa ter um objetivo ou agarra-se a algo. Você é alguma coisa. Basta ser o ‘eu sou’.

      Meditação significa ponderar ou ter sua atenção voltada para algum objeto, imagem ou ‘mantra’. Você pode fazer isso até que você tenha realizado seu desaparecimento na meditação, ou você pode dizer que o ‘sujeito’ e o ‘objeto’ se fundem em uma unidade. Quando você ‘apenas ser’ ou só está no conhecimento ‘eu sou’, você é tanto o sujeito e o objeto da meditação. É o “estar meditando sobre o ‘ser’” e, como resultado ambos são anulados e o que permanece em última análise, é o Absoluto.

134. Não é com a identificação do corpo que você deve sentar-se para a meditação. É o conhecimento ‘eu sou’ que está meditando sobre si mesmo.

      A verdadeira meditação só começa quando inicialmente, usando a sua discriminação, você corta tudo o que não seja o ‘eu sou’ - que inclui a identificação do corpo-mente, que é o maior obstáculo. Você não deve ter a sensação de ‘eu sou isso e aquilo meditando’ ou ‘eu estou sentado neste lugar particular, nesta postura, meditando ...’ todas essas externalidades deve ir. Deve ser apenas o conhecimento ‘eu sou’ que deve estar meditando sobre si mesmo. É apenas quando a pureza do ‘eu sou’ é mantida em meditação que há uma chance de que ele vá desaparecer.

135. Quando este ‘eu sou’ ou presença consciente funde em si mesmo e desaparece, o estado de ‘Samadhi’ acontece.

      Você deve estar completamente engolido pelo ‘eu sou’ ou a sua presença consciente. Em todos os sentidos, em todas as direções, em todos os momentos o conhecimento ‘eu sou’ deve ser infundido em você. Quando fizer isso com sinceridade e uma tremenda intensidade, o ‘eu sou’ se funde em si mesmo e desaparece, quando isso acontece, então o estado de ‘Samadhi’ surgi.

Nota minha: samādhi; samyag, "correto" + ādhi, "contemplação") pode ser traduzido por "meditação completa". No ioga é a última etapa do sistema, quando se atingem a suspensão e compreensão da existência e a comunhão com o universo. No budismo é usado como sinônimo de "concentração" ou "quietude da mente".

136. No ventre o conhecimento ‘eu sou’ está dormente. É o princípio de nascimento que contém tudo.

      O conhecimento ‘eu sou’ é um fenômeno assertivo que é muito forte e predominante em toda a natureza. O ‘eu’ está lá no óvulo liberado do óvulo feminino e também em todos os espermatozoides do macho que corre rapidamente em direção ao óvulo no útero. Quando os espermatozoides pairam em torno do óvulo eles estão desesperados para penetrá-lo e completar o processo de concepção de um outro ‘ser’. Finalmente um deles consegue entrar, a fertilização ocorre e um novo ‘ser’ é concebido. Daí em diante, é um processo de multiplicação e diferenciação formando o embrião seguindo-se o feto no útero. Cada célula do feto carrega o ‘ser’ que está adormecido no útero - e é o ‘Eu’ que nasce. O ‘Eu’ contém tudo e afirma-se fortemente ao longo da vida do corpo que nasce. Após a autoconsciência segue, como “eu sou” o percurso acreditando-se equivocadamente ser o corpo! Todavia a semente do eu sou’ está adormecida no “Eu”.

Nota: O que Cristo, em suas Cartas, chamou de “eu”? O “eu” é o que compõem a nossa individualidade. Ele é criado para que o ser humano, enquanto aqui estiver, possa se comunicar entre si e com o mundo físico. O seu papel é estritamente terreno. O “eu” carrega desde a concepção a semente adormecida do eu sou. O eu sou, quando somos iluminados, desaparece e fica somente o “eu” que  é unificado com a Consciência Divina. Na iluminação o “eu” fica inteiramente no controle da alma. Na morte o “eu’ desaparece. Cristo menciona, também, que no momento da fecundação, no momento do orgasmo, é injetado no “eu” a centelha divina emanada da Consciência Divina. Essa centelha divina é o mesmo “Ser” puro mencionado aqui, ou a alma. Nessa interpretação a conclusão fica assim: antes da primeira encarnação todos nós éramos Seres Puros, na encarnação esse Ser puro foi incorporado simultaneamente no “eu”. Nesse caso, o “Ser” puro não foi transformado no “eu”, mas na alma, que está unificada no “eu”. O “eu” não é eterno e sim a alma. A Alma é chamada também de “Eu Sou”. O nosso Verdadeiro Ser, é a alma. No período da concepção aos três ou quatro anos de idade não está consciente do que é. Só a partir do ‘eu sou’.

137. O princípio de nascimento é ‘Turiya’ (o quarto estado), que significa ‘onde a consciência é’.

      A observação cuidadosa de todo o processo de reprodução, seja sexual ou outros tipos prevalentes na natureza, tem mostrado que é um auto fenômeno fortemente assertivo. Todas as espécies que vivem quer propagar e perpetuar, e o auto assertivo ‘eu sou’ é o princípio de nascimento que é parte integrante de todo o processo. Desde o princípio do parto foi difícil de definir ou classificar, era simplesmente chamado ‘Turiya’ pelos pensadores antigos. A palavra ‘Turiya’ significa ‘quarto’, ou seja, o quarto estado de consciência que se encontra na própria base dos outros três, que são: vigília, sonho e sono profundo. Significa, também, ‘onde a consciência é’.

138. A experiência que ‘eu sou’ ou você existe é ‘Turiya’. Aquele que sabe ‘Turiya’ é ‘Turiyatita’ (além do quarto estado), que é o meu estado.

      O ‘Turiya’ é absolutamente fundamental para o seu ser e normalmente você não está ciente deste estado, devido ao seu movimento rotacional através dos outros três estados que você está bem ciente. O ‘Turiya’ é o ‘eu sou’ em sua forma pura e sem palavras, aquele que o compreende e o transcende é chamado de ‘Turiyatita’ (aquele além do quarto estado), que é o estado do Guru.

139. ‘Turiya’ ou ‘eu sou’ está dentro da consciência, que é o produto de cinco elementos.

      Seja além do ‘Turiya’, o Guru sabe muito bem e diz que o ‘Turiya’ ou o ‘eu sou’ é o princípio de nascimento e está dentro da consciência. E, o que é essa consciência ou o ‘eu sou’? É um produto dos cinco elementos que compõem o corpo. É a própria essência dos cinco elementos e as três qualidades e mantém ‘cantarolando’ em toda a sua vida.

140. A fim de se estabilizar no ‘eu sou’ ou ‘Turiya’ você deve compreender este princípio do nascimento.

      O Guru, mais uma vez destaca a importância de se compreender o ‘Turiya’ ou o ‘‘eu sou’’, a fim de se estabilizar na mesma. Para isso, você terá que ir várias vezes de volta para aquele momento em que o ‘eu sou’ apareceu pela primeira vez em você. O ‘Turiya’, que permaneceu dormente desde o dia de sua concepção, de repente ou espontaneamente apareceu e você veio a saber que ‘você é’. Este estado sem palavras de ‘Turiya’ prevaleceu durante algum tempo no qual você só sabia que ‘eu sou’ e ‘eu não sou’. Aos poucos, com o processo de seu condicionamento, o ‘eu sou’ logo identificou-se com o corpo e você se tornou um indivíduo (Sr. ou Sra. ‘fulano de tal’) que vive no mundoOs três estados de: vigília, sonho e sono profundo, tomaram conta e se esqueceram de que no fundo estava  ‘Turiya’.

141. ‘Turiya’ ou ‘eu sou’ é sempre descrito como o estado de testemunhar que vê através da vigília, sonho e sono profundo. E ‘Turiyatita’ é ainda mais além.

      Comentando ainda mais sobre o ‘Turiya’, Este ensinamento descreve-o como a ‘testemunha’ ou o estado de testemunhar que está por trás da vigília, sonho e sono profundo, que faz todo o testemunho através destes três estados. Meditação profunda e seriedade, conforme prescrito pelo Guru é necessária a fim de se estabilizar no ‘Turiya’ ou o ‘eu sou’, e só então você tem uma chance de transcender o ‘eu sou’ e tornar-se um ‘Turiyatita’, aquele além do ‘Turiya’ ou o ‘eu sou’.

Nota minha: Turiya é uma palavra que significa o quarto, referindo-se ao conceito indiano de um quarto estado de consciência, diferente dos três comuns: o estado desperto, o de sonhos e o de sono profundo sem sonhos. Wikipédia

142. Na ausência do conceito básico ‘eu sou’, não há pensamento, consciência, e consciência de sua existência.

      Compreender a importância do conceito básico ‘eu sou’ e ficar constantemente pensando nele. Quanto mais você insistir nisso, mais você percebe que ‘sim, é isso’. Neste ‘eu sou’ repousa tudo: todos os pensamentos que prevalecem, todas as ações que você executa, a própria consciência do seu ser, a sua existência. O ‘eu sou’ indo, tudo isso vai, como no estado de sono profundo ou esse período antes do ‘eu sou’ surgir.

143. Junto com o corpo e o princípio interno ‘eu sou’ está tudo. Antes disso, o que estava lá?

      O princípio interior ‘eu sou’ é absolutamente essencial para tudo vir à tona. O corpo pode estar lá, mas a menos que o princípio ‘eu sou’ surja nada pode ser conhecido. Uma vez que você tenha entendido a importância do conhecimento ‘eu sou’, todos os seus esforços devem ser direcionados para investigá-lo. A primeira pergunta que você deve fazer é: como é que este ‘eu sou’ veio a ser? Antes disso, o que estava lá?

144. Agarre o ‘eu sou’, que é o seu único capital, medite sobre ele, e deixe que se desdobre todo o conhecimento que tem de vir.

      Você perambulou muito e aqui pela primeira vez foi dito algo tão simples. O Mestre está tentando fazer você entender o ‘eu sou’ em todos os sentidos que ele pode. Ele chama este conhecimento ‘eu sou’ o única capital que você tem. E lembre-se, quando ele diz, ele está certo, você realmente não tem que fazer mais nada depois de todo o perambular que tem feito sem resultado. Faça o que ele diz e agora medite sobre este conhecimento ‘eu sou’, o Mestre diz por experiência própria que este conhecimento em si vai se desdobrar no que você quer saber.

145. Você deve identificar-se apenas com este conhecimento interior ‘eu sou’. Isso é tudo.

      Corte suas ligações com tudo o que é acrescentando sobre o ‘eu sou’ e que destruiu a sua pureza. Depois de fazer isso com uma precisão cirúrgica, só fique lá e se identifique com este conhecimento interior do puro ‘eu sou’. Este conhecimento é o único legado pra você ter  compreensão e permanência, é tudo o que você tem que fazer. Se fizer isso com sinceridade, um momento virá quando você irá além do ‘eu sou’ em seu estado natural.

146. Sente-se em meditação através da identificação com o ‘eu sou’, permaneça apenas no ‘eu sou’, não apenas nas palavras eu sou’.

      Tendo compreendido o conhecimento ‘eu sou’, somente habite ou permaneça no ‘eu sou’, sem palavras.  A fim de fazer isso, você terá que voltar para aquele período que se seguiu após o surgimento do ‘eu sou’, ou quando você só veio a saber que ‘você é ‘. Naquela época, você não tinha conhecimento de palavras ou linguagem e vivia em um estado não-verbal; esse estado tem de ser agarrado e permanecer nele. Esse período era desprovida de quaisquer conceitos, que vieram mais tarde, como parte do seu condicionamento.

147. Esqueça tudo sobre disciplinas físicas neste contexto, e apenas seja um com esse conhecimento ‘eu sou’.

      Um grande número de disciplinas físicas tem sido receitados por muitos e, no final, você tem que selecionar o que achar adequado. Mas aqui o Mestre diz-nos para esquecer todas as disciplinas físicas, ele está dizendo algo que é completamente diferente. O Mestre quer nos fazer entender o nosso sentido de ‘ser’ em sua maior pureza e, em seguida, apenas seja um com ele. Compreender o conhecimento ‘eu sou’ é importante e por isso tem que permanecer nele, juntos eles formam o ‘Sadhana’ (prática).

148. Você não precisa fazer nenhum esforço especial para saber que ‘você é’? O ‘eu sou’ sem palavras em si é como se fosse Deus.

      Se você entendeu o conhecimento ‘eu sou’, onde está a questão de fazer qualquer coisa? Não admira que o Mestre exclui todas as disciplinas físicas. Veja a beleza da coisa, para saber que ‘você é’ ou ‘eu sou’ você precisa fazer um esforço especial? É algo tão entranhado em você e que você nem nota. O Mestre agora diz-lhe para chamar a sua atenção ou concentrar-se neste sentido ou sentimento de ‘ser’ ou ‘eu sou’ e depois ver o que acontece. Este conhecimento interior ‘eu sou’, sem palavras, é o Deus em você.

Nota minha: Por que esse sentimento “eu sou” é como se fosse Deus ou é Deus em você? É porque antes do condicionamento esse sentimento era puro e era um com ele. Era o mesmo sentimento. Ele ainda está em nós, mas está camuflado até a iluminação.

149. Você deve cumprir o voto que eu não sou o corpo, mas somente o princípio interior ‘eu sou’.

      A fim de entender o verdadeiro significado de tudo o que foi dito até agora, você deve ter a certeza de que "eu não sou o corpo", mas somente o conhecimento ‘eu sou’. Para ter essa certeza, você tem que meditar sobre o conhecimento ‘eu sou’ por um período razoável de tempo. Acabar com a consciência do corpo e ficar completamente engolida pelo conhecimento ‘eu sou’, é a primeira e a última coisa a ser feita, a única promessa a ser cumprida. Você pode dizer que é a prática de estar no ‘Turiya’ ou o quarto estado em todos os momentos.

150. Depois de se tornar o ‘eu sou’ ele vai revelar todo o conhecimento e você não precisará ir a qualquer um para guiá-lo.

      Toda a abordagem do Mestre para qualquer um que vem a ele é: em primeiro lugar, para fazê-lo entender o que é o ‘eu sou’, e em segundo lugar, dizer-lhe para permanecer no ‘eu sou’, até que ele se torne o ‘Absoluto. Isso é tudo o que ele faz. O trabalho do Mestre é feito, o resto é com o candidato, o seu total sucesso, dependendo de como ele tenha entendido corretamente o ‘eu sou’ e se ele está fazendo qualquer tipo de ‘Sadhana’ (prática) ou não. O Guru, é claro, não deixa pedra sobre pedra em transmitir o ensinamento, desde que ele encontre um candidato honesto e sincero diante dele.

Nota minha: Ficar no “eu sou” até se tornar  o 'Absoluto'

151. O conceito primário ‘eu sou’ aparece de forma espontânea e é a fonte de todos os conceitos, então tudo é entretenimento mental.

      A primeira vez que você veio a saber que ‘você é’ ou ‘eu sou’, como isso aconteceu? Você desempenhou qualquer papel em trazer esse sentimento? Não, ele veio espontaneamente, por conta própria. Em sua fase inicial o ‘eu sou’ era puro sem nada ligado a ele, era não-verbal. Gradualmente, à medida que você cresceu, o puro não-verbal ‘eu sou’ vestiu o disfarce de um verbal ‘eu sou’ com o ‘fulano de tal’ ligado a ele e muitos, muitos mais anexos seguido. Assim você pode ver que o conceito principal era o ‘eu sou’, todos os outros conceitos seguiram deste primário. Agora, depois de entender e seguir os ensinamentos do Guru você percebeu que o ‘eu sou’ é falso! A raiz é cortada! Daí em diante, tudo o que se seguiu a ele não pode ser outra coisa senão entretenimento mental.

152. Esta memória ‘eu sou’ não é nem verdadeiro nem falso, é sem esses dois atributos. Que a memória do ‘estado de ser’ apenas parece existir.

      O que é isso em que a continuidade é mantida em sua vida? Pela memória ‘eu sou’ ou ‘estado de ser’, juntamente com ‘eu sou fulano de tal vivendo neste mundo’ e ‘sendo isto e aquilo tenho essas funções a desempenhar. Basta ver o truque que tem sido desempenhado pelo ‘eu sou’ e não é nem verdadeiro nem falso, mas sem esses atributos. Isto pode ser dito sobre o ‘eu sou’ assim como ser dito sobre um sonho: o fato de sua ocorrência não poder ser negado, mas seu conteúdo é falso! O ‘eu sou’ é uma aparição em seu verdadeiro Ser e sempre somente aparentará existir, ele nunca pode entrar no reino da realidade.

153. O ‘eu sou’ em si é o mundo, deve-se ir à fonte e descobrir como ele apareceu e quando.

      Conforme a sua compreensão do conhecimento ‘eu sou’ torna-se clara, você percebe que tudo repousa sobre o ‘eu sou’. Ele é a própria base do mundo que você vê ao seu redor. Antes da chegada do conhecimento ‘eu sou’ ou durante o sono profundo você nunca soube ou sabe sobre a existência de qualquer mundo. O ‘eu sou’ está no começo, então você tem que voltar a ele e não apenas voltar, mas gastar uma quantidade considerável de tempo lá, só então você virá a saber como ele veio a ser.

154. A convicção de que o ‘eu sou’ e o mundo nunca existiram só pode acontecer no ‘Parabrahman’ (O Absoluto).

      Conforme você permanece no ‘eu sou’ depois que compreendê-lo totalmente ou sinceramente fazendo a ‘Sadhana’, conforme prescrito pelo Guru, chega um momento em que você transcende o ‘eu sou’. Neste acontecendo ambos os ‘eu sou’ e o mundo desaparecem e você entrar no Absoluto ou estado ‘Parabrahman’. Só nesse estado, você terá a convicção de que o ‘eu sou’ e o mundo nunca existiram. O Guru está nesse estado, ele foi além do ‘eu sou’ e este mundo, ele está apenas usando o ‘eu sou’ ou seu ‘Ser’ para se comunicar com qualquer um que vem até ele.

155. Estabilizar-se no ‘eu sou’, o que não tem nome e forma, é a própria libertação.

      Conforme você volta para o ‘eu sou’ em sua forma mais pura, ou seja, como era no seu estado nascente, e se estabilizar lá, você fica sem nome e forma. A nascente ‘eu sou’ é comum a todos, não pertence a ninguém e não tem nome ou forma. Você esteve neste estado nos primeiros estágios de sua vida quando você permanecia somente no ‘eu sou’ e não sabia mais nada. Aplique sua mente e tente lembrá-lo e, em seguida, tente vivê-lo.

156. O conhecimento ‘eu sou’ que é anterior ao pensamento - é coberto por um corpo humano, que é um corpo de comida com o sopro vital e conhecimento do Ser (Prana e Jnana).

      O precoce ‘eu sou’ era desprovida de nome e forma, livre de palavras, não-verbal. Aos poucos, começa os processos de condicionamento, o não-verbal ‘eu sou’ se torna o verbal ‘eu sou’. Você aprende palavras e linguagem que se acumulam no puro não-verbal ‘eu sou’. Através de seus sentidos você percebe o corpo, que requer alimentos e respiração vital para seu sustento. O ‘eu sou’ se identifica com o corpo e você diz ‘eu sou isto e aquilo’. Apesar de todas essas coberturas, o conhecimento da morada do ‘Ser’ ou o puro ‘eu sou’ está sempre lá. É apenas uma questão de colocar de lado tudo, descobrindo-o e ficando estabilizado nele - que é a ‘Sadhana’ que está sendo prescrita.

Nota minha: Prana, Prāna é, segundo os Upanishad, antigas escrituras indianas, a energia vital universal que permeia o cosmo, absorvida pelos seres vivos através do ar que respiram. Wikipédia

Jnana, Jnana um termo para "conhecimento" na religião e filosofia hindu e na filosofia budista. A ideia de jnana centra em um evento cognitivo que é reconhecido quando experimentado. É do conhecimento inseparável da experiência total da realidade, especialmente uma realidade total ou divina. Wikipédia

157. Depois de alcançar o estado de ‘eu sou’ e tendo consciência de que só você vai transcender todas as tendências (‘Vasanas’).

      Vasanas’, tendências ou desejos exerce uma atração muito forte e atua como obstáculos muito potentes na ‘Sadhana’. Os desejos óbvios são fáceis de identificar, mas os sutis entram pela porta de trás ou estão sempre teimosamente lá no fundo. O desejo ‘ser’ é a própria raiz e muitas vezes perdida, que desenvolveu-se gradualmente ao longo dos anos com o verbal ‘eu sou’ com o ‘eu sou isto e aquilo’. Mas, se você lembrar e estiver atento o suficiente, ficará claro que, quando o puro não-verbal ‘eu sou’ ou sensação de ‘presença’ chegou, não havia vestígios de desejo nele, apesar de ter sido dormente. Este puro ‘eu sou’ quando o desejo não era expresso é atualmente o seu objetivo. Conforme você permanecer nele com plena compreensão um estágio virá quando você estará apenas ciente do ‘eu sou’. É somente quando chegar a esta fase que você terá transcendido todos os desejos e eles não vão incomodá-lo mais.

Nota minha: Vasaná, vasana ou desejo, é uma tendência comportamental ou impressão cármica que influencia o comportamento atual de uma pessoa. É um termo técnico na filosofia indiana, particularmente no ioga, bem como na filosofia budista e no Advaita Vedanta. Wikipédia.

158. Seja um com o Ser, o ‘eu sou’. Se necessário descartar as palavras ‘eu sou’, mesmo sem elas você sabe que ‘você é’.

      Você tem que identificar-se totalmente com o conhecimento interior ‘eu sou’ em você. Esse conhecimento ‘eu sou’, ou sensação de ‘presença’ raiou espontaneamente em você, que veio sem a sua solicitação ou desejo de que fosse assim. Quando ele veio era sem palavras, apenas um sentimento de ‘ser’, e enquanto isso prevaleceu, palavras não eram necessárias e a vida continuava. Foi só quando o seu condicionamento começou que as palavras e linguagem se intrometeram e logo assumiram. Esta aquisição foi tão completa que não se pode conceber a vida sem palavras, que agora existem como conceitos. Assim, a fim de fazer a sua meditação eficaz, você está convidado a descartar as palavras ‘eu sou’, porque mesmo sem elas ‘você é’.

159. O ‘eu sou’ é a consciência antes do pensamentos, ele não pode ser colocado em palavras, você tem que ‘ser apenas’.

      Quando o conhecimento ‘eu sou’ raiou em você, não conhecia palavras ou linguagem. Era uma consciência sem ou antes do pensamentos. Quando estamos usando palavras de comunicação, deve ser evidente que elas não podem ser utilizados para descrever o estado sem palavras! Ela pode ser insinuado ou podem ser apontadas, mas a sua verdadeira compreensão só virá por ser ele, então acaba com palavras e ‘seja apenas’, e depois veja o que acontece.

160. O ‘Eu’, em você veio do ‘Eu’ em seus pais, só então poderiam ser chamados de pais!

      O fato de que o ‘Eu’ veio do Euem seus pais ou que seus pais criaram você é o habitual, o entendimento convencional. Mas só de pensar o contrário, seus pais poderiam ser chamados ‘pais’ somente após a sua chegada do conhecimento do ‘eu sou’, não antes disso! Antes eles eram apenas um casal, os futuros pais, mas não os pais, até a sua chegada. Olhando para ele dessa maneira, de certa forma, criou os ‘pais’. Então, quem criou quem? No entanto, falamos de tudo isto ser a realidade! É isso?

161. O Absoluto não sabe que ‘É’. Somente quando o conhecimento ‘eu sou’ apareceu espontaneamente que ele sabe que ‘É’.

      Não há dúvida de que haja qualquer experiência no Absoluto ou ‘Parabrahman’. Todas as experiências demandam a necessidade da dualidade na forma de o experimentador (sujeito) e o experimentado (objeto). O Absoluto é um estado não-dual, de modo que vai experimentar o quê? Além disso, o Absoluto, não requer qualquer experiência ou a necessidade de saber que ‘é’. Pelo aparecimento espontâneo do conhecimento ‘eu sou’ ele veio a saber que ‘é’, mas ele não requer o ‘eu sou’ em nada, pois é completo em si mesmo, desprovido de quaisquer necessidades.

162. Torne-se iniciado na compreensão do que estou expondo a você, estou falando sobre a semente de ‘Brahman’ ou ‘eu sou’ que está plantando em você.

      Quando o Guru é enfrentado por um buscador sincero, ele fica muito interessada em transmitir seu conhecimento a ele, e isso por si só é a iniciação. Seu ensinamento é muito simples. Ele desperta você para o há muito tempo perdido ‘eu sou’ ou ‘Brahman’, ele chama de o plantio da ‘semente Brahman’ em você. É como ver ou descobrir algo desejável - você quer dele desesperadamente e as sementes de sua aquisição são semeadas. Porque uma vez que a ‘semente Brahman’ semeia-se em você, condições adequadas prevalecem, você irá fazer qualquer coisa para trazê-la à fruição.

163. Isso, ‘Brahman’ ou ‘eu sou’ é o estado que sozinho abraça tudo e é toda manifestação. Você tem que esquecer tudo e fundir-se com ‘Brahman’.

      Tudo o que você vê ou sente tem o ‘eu sou’ como sua base, o ‘eu sou’ e ‘Brahman’ são os mesmos. Tudo é a criação do ‘eu sou’ ou estado ‘Brahman’, isto também pode ser dito a partir de sua própria experiência. Antes da chegada do ‘eu sou’, ou no estado de sono profundo, você sabia de sua existência ou do mundo e do resto? Foi apenas com o nascer do ‘eu sou’ que o espaço, que engole tudo, veio. Como parte da ‘Sadhana’ (prática) você tem que esquecer tudo - ou seja, todas as externalidades e tornar-se um com o ‘Brahman’.

164. Tudo o que é criado é criado pelo conhecimento ‘eu sou’, não há outro caminho, somente esta convicção. Isto é ele! O nome e corpo surgem do ‘eu sou’.

      Primeiro você tem que desenvolver a compreensão de que o conhecimento ‘eu sou’ é o criador de tudo. Isto inclui o seu nome e forma, ambos são produtos do ‘eu sou’. Você deve desenvolver a compreensão profunda de que, sim, isto é ele - o ‘eu sou’ é o princípio e o fim de tudo. Então, quando você tiver o entendimento, tem que permanecer no ‘eu sou’ ou constantemente meditar nele. Esta permanência é feita para tornar a sua compreensão uma certeza ou convicção que é inatacável. Esta é a única maneira de sair, não há outro caminho.

165. Permanecendo no ‘eu sou’ você não vai querer deixá-lo, e então ele não vai deixar você!

O conhecimento que habita ‘eu sou’ é Deus, ou a divindade em você. Primeiro você deve tentar compreendê-lo de forma muito clara, sem qualquer sombra de dúvida. E se você compreender corretamente, não vai querer sair nem por um momento. Se você sentir uma sensação de reverência e amor por este ‘eu sou’ é um sinal certo de que tenha entendido isso. Então esta divindade, ou Deus vai segurar você e não vai deixá-lo ir!

Nota minha: O “eu sou” só pode ser considerado o “estado de Deus”, no estado de pureza, como antes das palavras.

166. O ‘eu sou’ está lá, mesmo sem você dizer isso. Depois de entender o ‘eu sou’, não há nada mais para entender.

      O conhecimento ‘eu sou’ está sempre lá, residente em todos em todos os momentos. Não existe uma única coisa que é desprovida do ‘eu sou’. Ele se expressa através dos cinco elementos e três qualidades. Com a combinação dos elementos e qualidades é, por isso, a expressão de ‘eu sou’. Esta expressão pode ser boa ou ruim, dependendo da combinação, mas o ‘eu sou’ em si está em sua pureza. Compreender o ‘eu sou’ é a própria base do ensino, isso feito, não resta mais nada a ser compreendido. O que se segue adiante é a ‘Sadhana’ (prática), que é a meditação sobre o ‘eu sou’. Sua seriedade, sinceridade e intensidade da prática vai determinar o seus progressos.

167. Quando você está estabelecido no ‘eu sou’ não há pensamentos ou palavras, você é tudo e tudo é você, mais tarde, até mesmo você vai.

      À medida que sua ‘Sadhana’ (prática) amadurece, sua convicção se torna mais forte e você se estabelece firmemente no ‘eu sou’. Ou seja, você está permanentemente estabelecido no ‘Turiya’ ou o quarto estado. Neste estado não há pensamentos ou palavras, em todos os lugares há apenas o ‘eu sou’, você é tudo e tudo é você. Quando você permanecer assim, o palco está montado para o seu transcendimento do ‘eu sou’. Em última análise, isso também vai, deixando-o como o Absoluto ou ‘Parabrahman.

168. O ‘eu sou’ puro é sem ego, você pode se tornar o seu observador só por se estabelecer nele.

      Quando você está estabelecido no ‘Turiya’ ou o quarto estado, não há mais nada, exceto o ‘eu sou’. É o ‘eu sou’ em sua máxima pureza, sem adição de qualquer complemento, como resultado, não há ego também. O Ego vem com o verbal ‘eu sou’, quando você diz ‘eu sou isto e aquilo vivendo neste mundo’. Como tudo isso se foi não há nada além do ‘eu sou’, sem palavras, o ego desaparece. Ao se estabelecer no ‘Turiya’ ou o quarto estado que você se torna o seu observador e fica separado dele.

169. O observar acontece para o Absoluto, com o aparecimento do ‘eu sou’, então ele sabe que ‘é’.

      O Absoluto ou ‘Parabrahman’ é como ele é, sem forma e eterno. Não requer qualquer coisa e não é dependente de qualquer coisa. O observar apenas acontece para o Absoluto, com o surgimento espontânea do ‘eu sou’. Assim como você começa a assistir um sonho que aparece de forma espontânea, você não está realmente envolvido em qualquer um dos eventos que são sonhados. Com o aparecimento do ‘eu sou’ o Absoluto sabe que ‘é’, embora este conhecimento não tem qualquer utilidade para o Absoluto e nem depende disso.

170. Vigília, sonho e sono profundo, dizem respeito apenas ao ‘eu sou’, você está acima deles.

      Os três estados de: vigília, sonho e sono profundo que todos nós comumente experimentamos são na verdade baseada no ‘eu sou’ ou o ‘Turiya’, o quarto estado. Diferentes formas de classificação quádrupla semelhantes são encontradas em abundância na literatura antiga, que são: os quatro corpos (bruto, sutil, causal e supra-causais) ou as quatro formas de ‘Vani’ ou Discurso (‘Vaikhari’ = palavra falada, ‘Madhyama’ = palavra tangível no pensamento, ‘Pashyanti’ = palavra intangível na formação e ‘Para’ = palavra fonte). Independentemente da forma como podemos descrever estes estados, o seu verdadeiro e natural é o Absoluto ou ‘Parabrahman’ estado que está acima de tudo isso. O ‘eu sou’ ou ‘Turiya’ só aparece no Absoluto e leva aos outros três estados e experiência o mundo.

Nota minha: O “eu sou” ou Turiya (o quarto estado) está fundido no Absoluto, mas devido o corpo, seus elementos e as três qualidades (conhecimento, ação e inércia),  a sua expressão é no mundo.

171. Quando você vai lá no fundo, nada é tudo que existe. Não existe o ‘eu sou’. O ‘eu sou’ se funde no Absoluto.

      Após a compreensão do ‘eu sou’, profunda, intensa, a meditação contínua nele é necessária. Ela deve ser de tal forma que o conhecimento ‘eu sou’ medita sobre si mesmo desprovido de toda a identificação do corpo. Quando isso é feito, chega um momento em que o eu soudesaparece ou não existe mais. Neste momento, o ‘eu sou’ se funde no Absoluto, bastante semelhante ao final ou desaparecimento do sonho e você sendo como é no estado de vigília.

172. Compreenda este conhecimento ‘eu sou’ e fique fora dele, transcenda-o. E apenas seja.

      O Guru é realmente muito generoso: ver como ele teimosamente persiste com você. Ele conhece o seu potencial e também sabe que, pelo menos teoricamente, você entende o seu ensinamento. Martelando repetidamente e quando afastado do ensino ele quer que você se estabilize no ‘eu sou’, para só então você ter uma chance de transcender isso. Ele está constantemente pedindo-lhe ou tentando empurrá-lo para o ‘Turiya’ ou quarto estado. Isso ele faz incansável e implacavelmente com quem vem a ele e em quem ele sente ser um candidato genuíno. Então, depois de expor tudo, ele diz ‘agora que você tenha entendido tudo, apenas seja’.

173. A história de todos nós começa com o ‘eu sou’, é o ponto inicial do sofrimento como da felicidade.

      Não existe ser neste mundo que seja desprovido do ‘eu sou’. Contudo, pode acontecer a história de que tudo começa com a chegada do conhecimento ‘eu sou’. Circunstancialmente você talvez esteja condicionado de maneiras diferentes, o que, juntamente com a combinação de elementos e as qualidades, é expresso em conformidade. Esta expressão pode ser boa ou ruim, isso poderia levar a felicidade ou miséria, de qualquer forma ou qualquer que seja o resultado, o ponto de partida é sempre o ‘eu sou’.

174. Estabilize no ‘Bindu’ (Ponto) ‘eu sou’ e transcenda-o. ‘Bindu’ significa sem dualidade (Bin = sem, Du = dois).

      É o ‘eu sou’ novamente e foi dado um novo nome para um melhor entendimento: o ‘Bindu’ (ponto), que quando dividida em duas palavras ‘Bin’ e ‘Du’ que significa sem dualidade. Como isso é assim? Com o foco de sua meditação sobre o ‘eu sou’ (ou quando o conhecimento ‘eu sou’) medita sobre si mesmo por um período prolongado, uma etapa chega quando é apenas o ‘eu sou’ em todos os lugares. Quando isso acontece, não há mais nada, senão o ‘eu sou’, é um estado não-dual. Este ‘Bindu’ (ponto) está localizado em nenhum lugar e ainda está em toda parte, está em seu interior, encontre-o e se estabilize nele.

Nota minha: O “eu sou” no estado de pureza não tem dualidade; a dualidade só começa aparecer no condicionamento, ou o ego.

175. É o ‘eu sou’ que investiga o ‘eu sou’. Percebendo sua falsidade ele desaparece e se funde na Eternidade.

      Neste exato momento, enquanto você está lendo estas linhas ou como reflete sobre elas, quem é que está fazendo isso? É o conhecimento ‘eu sou’ investigando o ‘eu sou’. Tudo isso que você está fazendo tem o ‘eu sou’ em segundo plano. O ‘eu sou’ é a força motriz por trás deste empreendimento inteiro, que quer desesperadamente saber o que ele é. À medida que a compreensão cresce e entende sua falsidade, ele desaparece. Isto feito, não há mais nada para fazer, então você está na Eternidade.

176. Se quiser, tome o ‘eu sou’ como seu destino, tornar-se um com ele, então você pode transcendê-lo.

      Seu destino o preocupa; vou ser bem sucedido na vida? Vou tornar-se isso ou aquilo? Vou ter uma doença grave? E o medo da morte, e como ela virá, está sempre à espreita lá no fundo. Mas veja o que o Guru diz! É algo que não só surpreendente, mas gratifica, bem como, que libera você de todo este conjunto de preocupações e apreensão. Por que não tomar o conhecimento ‘eu sou’ para ser o seu destino? Vou me tornar o ‘eu sou’ só e nada mais, isto é o meu destino. Permanecerei no ‘eu sou’ só, meditarei sobre ‘eu sou’ somente, dia a dia, é o ‘eu sou’ somente em todos os lugares e em todos os momentos. O que vai acontecer na aceitação do ‘eu sou’ como o seu destino? Você vai superar isso e ser livre das garras do nascimento e da morte, que é a maior recompensa que você pode imaginar.

177. Junto com o conhecimento ‘eu sou’ aparece o espaço e o mundo. Quando o conhecimento ‘eu sou’ parte o mundo está liquidado.

      Pense bem, aplique a sua mente e tente lembrar o momento em que o conhecimento ‘eu sou’ apareceu pela primeira vez de forma espontânea e que veio saber que ‘você é’. Se for difícil, em seguida, tente observar o que acontece na próxima vez em que você acorda de um sono profundo. O ‘eu sou’, o espaço e o mundo aparecem quase em simultâneo, de uma só vez, e depois todo o resto assume o fato de que os três ‘apareceram’ em você e são eliminados. O que é que está segurando essas suas percepções? Não é o ‘eu sou’? Enquanto o ‘eu sou’ está lá que você vai perceber o espaço e o mundo. Se o ‘eu sou’ se afasta ambos desaparecem.

178. Martele em si mesmo que o ‘eu sou’ ou ‘estado de ser’ é o pai de toda a manifestação, então o ‘eu sou’ em si vai ajudá-lo a estabiliza-se nele.

      Um processo de reversão deve ser realizado a fim de entender e acreditar que o ‘eu sou’ ou ‘estado de ser’ é a raiz de toda a manifestação. Reversão significa voltar para aquele momento em que você veio pela primeira vez a saber que ‘você é’, antes disto você sabia alguma coisa sobre o mundo manifestado que você vê? Ele era inexistente para você. Completamente da mesma forma, em sono profundo, quando o ‘eu sou’ está suspenso o mundo não existe para você. Quando o ‘eu sou’ vem, assim que faz toda esta manifestação, quando o ‘eu sou’ vai, está tudo acabado! À medida que você entende e se familiariza com tudo isso, o ‘eu sou’ faz amizade com você então ele ajuda você a se estabilizar em si mesmo.

179. O ‘eu sou’ é observado pelo Absoluto, não tem sentidos ou olhos, o testemunhar simplesmente acontece.

      Quando você se estabiliza no ‘eu sou’ um momento vem quando você está separado dele. O ‘eu sou’ é observado ou testemunhado pelo Absoluto e isso ocorre sem os sentidos ou os olhos. Este testemunho simplesmente acontece, o ‘eu sou’ aparece espontaneamente no Absoluto. Quando o ‘eu sou’ sai, o Absoluto permanece.

180. Estou introduzindo você para o seu ‘eu sou’.

 A primeira fase é compreender, e depois meditar sobre o ‘eu sou’ e estabilizar-se nele Isto é o que o Guru vem fazendo o tempo todo: ele tem tentado fazer você entender o conhecimento ‘eu sou’ de todas as maneiras possíveis. Ele foi até mesmo ao ponto de dizer que, se você não entender, então apenas valorize-o como o Deus em você. Após o Guru lhe apresentar para o seu ‘eu sou’, ele lhe pede para meditar sobre isso, o que ajuda você a se estabilizar no ‘eu sou’. Em seguida, o palco está montado para transcendê-lo.

181. Leve a convicção em si mesmo que o conhecimento ‘eu sou’ dentro de você é Deus.

      Muitos, muitos candidatos chegam a porta do Guru. Ele dá uma olhada e sabe quem é o que, por isso, dependendo das capacidades do candidato, ele expõe o ensinamento para o interessado. Há aqueles que estiveram ao redor por algum tempo e compreenderam um pouco. Agora, como eles irão partir, eles pedem algumas últimas palavras de despedida que podem suportá-los em bom lugar quando vão. Ele diz a eles para levar a convicção de que o conhecimento ‘eu sou’ dentro é Deus e viver por ela, isso é tudo.

Nota minha: O conhecimento “eu sou” no interior é o nosso guru, guia, mestre ou Deus interno, que pode nos guiar e substituir o guru externo.

182. Para Aquele que medita sobre o conhecimento ‘eu sou’, tudo no reino da consciência se torna claro.

      Após a compreensão do conhecimento ‘eu sou’, sem palavras, a meditação sobre ele ou a ‘Sadhana’ (prática), é uma obrigação, não há como escapar dela. Para aquele que segue os ensinamentos de seu Guru e sinceramente medita sobre o sem palavraseu sou, tudo no reino da Consciência será revelado. Ele saberá como esta consciência veio a ser e como é a consciência de que é a criadora de tudo. A revelação final é que ele não é a Consciência, mas se destaca separado dela como o Absoluto ou ‘Parabrahman’.

183. Vá a qualquer lugar, mas nunca se esqueça que o conhecimento ‘eu sou’ é Deus. Dia a dia, através da meditação constante essa convicção vai crescer.

      Você passou algum tempo com o Guru, você tentou absorver o ensinamento, mas você não pode ficar com ele por tempo indeterminado. Quando você sair, vai pedir algo para viver e ele lhe diz, onde quer que vá, nunca se esqueça de que o conhecimento interior ‘eu sou’ em você é Deus. A prática é essencial, gradualmente à medida que a sua prática cresce em intensidade e duração, um dia virá em que você terá a firme convicção de que o conhecimento ‘eu sou’ é Deus de fato. Fique imerso no ‘eu sou’ e você terá uma boa chance de transcendê-lo.

Nota minha: Veja que o guru está se referindo que o conhecimento “eu sou” puro é Deus no sentindo da habitação de Deus em nós. Pode ser entendido, também, como o conhecimento de Deus. Percebo que nesse estudo há um diferenciação entre Deus e Deus. Não que haja mais de um Deus e sim níveis de consciência Divina. Por exemplo: ‘Ishwara’ = Deus e ‘Parameshwar’ = o Deus supremo ou o Absoluto. (Veja v210). Nesse caso o conhecimento “eu sou” que é Deus, se refere não ao nível de consciência do Deus absoluto, e sim ao um nível menos elevado. Cristo, em suas Cartas, explica a Consciência Universal, como o Ser Supremo e da Consciência Divina com o desdobramento da Universal.

184. Não se preocupe com nada, apenas continue permanecendo no ‘eu sou’, um momento virá quando ele vai ficar satisfeito e revelará todos os segredos.

      Haverá períodos de frustração, haverá períodos de dúvida. Seus envolvimentos mundanos irão dificultar sua ‘prática’ e uma atmosfera de derrota iria prevalecer. Mas, aconteça o que acontecer, simplesmente jogue tudo de lado, não se preocupe com nada e continue a permanecer no ‘eu sou’, com toda a seriedade. O ‘eu sou’ irá testar sua resistência, mas um momento virá quando ele estará satisfeito com você, tornando-se seu amigo e libertará o seu domínio sobre você.

185. A armadilha de nascimento e morte é por causa do ‘eu sou’, habite nele, realize-o e transcenda-o.

      Basta observar a natureza Janus como do ‘eu sou’. Ele age como um inimigo, quando o colocou nessa armadilha de nascimento e morte em que você caiu. Uma vez que você está preso, ele exige um esforço extraordinário para te libertar. Se você tiver sorte o suficiente para se deparar com o Guru certo ou seus ensinamentos, só então você terá uma chance de sair dessa armadilha. As palavras do Guru são muito simples e direta: entender o ‘eu sou’, permanecer nele, realizá-lo e transcendê-lo. Quando você permanecer no ‘eu sou’, torna-se seu amigo e lhe ajudará a sair.

Nota minha: As duas faces do “eu sou” são: no estado de pureza e no estado de condicionamento. No estado de pureza ele é amigo e no estado de condicionamento, ego, ele é inimigo.

186. Sua verdadeira identidade - O Absoluto é anterior ao ‘eu sou’. Como você pode fornecer um uniforme para ele?

      O uniforme ou traje que nós fornecemos para a nossa verdadeira identidade é a do corpo com todos os seus sentidos e da mente na forma de conceitos. O conceito principal é o ‘eu sou’ que não tem nome ou forma e acaba de aparecer espontaneamente em seu verdadeiro Ser. Sua verdadeira identidade, o Absoluto ou ‘Parabrahman’ é anterior ao ‘eu sou’, então como pode qualquer uniforme ou vestimenta ser fornecido para ele.

Nota minha: *Isto é, o absoluto é antes do conhecimento “eu suo”.

187. Meu Guru me ensinou o que ‘eu sou’, eu ponderei somente nisso. Meu estado original é estar nesse estado, onde não há ‘eu sou’.

      O Guru nos diz como ele realizou a sua verdadeira natureza e de sua própria experiência, ele dá o mesmo ensinamento para nós. Podemos ver como é importante a compreensão do ‘eu sou’, pensando sobre ele e depois se estabilizando nele. Este é o primeiro passo para a realização do seu estado original, que é anterior ao ‘eu sou’. Apenas na obtenção firmemente estabilizada no ‘eu sou’ que você será capaz de transcendê-lo. Então você vai estar no seu original estado absoluto, que é desprovido do ‘eu sou’.

188. O ‘eu sou’ aconteceu e o mundo foi inventado. Antes disso, você não tem a mensagem ‘eu sou’, você existia, mas você não sabia.

      O ‘eu sou’ é o princípio e o fim de tudo, foi com o surgimento do ‘eu sou’ que toda esta manifestação surgiu. São apenas duas pequenas palavras, mas veja o estrago de terem inventado na forma deste mundo. E a forma como o ‘eu sou’ fez tudo isso é de fato surpreendente: nem por um momento você acredita que é tudo falso e, na verdade, nunca chegou a existir! Você, o Absoluto está sempre lá, ‘eu sou’ ou não ‘eu sou’, pelo aparecimento do ‘eu sou’ você só sabe que ‘você é’.

189. No estado infinito, o estado de ‘eu sou’ é temporário, não desista do seu verdadeiro ponto de vista, caso contrário você vai ser enganado.

      O Absoluto, estado infinito sempre prevalece. A aparência nele do estado ‘eu sou’ é temporário e irá desaparecer um dia, mas o infinito está sempre lá, como tem sido. Na aparência do ‘eu sou’ em seu estado nascente, é muito livre, sem nome ou forma. Logo, o processo de condicionamento assume e você se ilude acreditando que o ‘eu sou’ é o corpo-mente, e perde seu ponto de vista. Você tem que ir para trás e chegar a esse estado sem palavras do ‘eu sou’ e permanecer nele, a fim de realizar a sua natureza temporária e falsa. Depois de ter recuperado o seu ponto de vista como o Absoluto infinito, que está como é e será para sempre.

190. Agarre-se no ‘eu sou’ e todos os obstáculos vão evaporar, você estará além do reino do corpo-mente.

      O Guru fala de sua própria experiência, ele tem feito grandes esforços para fazer você entender o ‘eu sou’. A primeira coisa que o Guru faz para todos que o busca e o acompanha, é fazê-lo entender o ‘eu sou’. Na clareza desse entendimento é baseado todo o fundamento da prática e do progresso. A menos que você compreenda a verdadeira importância do ‘eu sou’ você não vai prestar atenção nele ou fazer tentativas de agarrar-se a ele. O ‘eu sou’ é impessoal, sem nome e forma, no momento em que agarrá-lo e tornar-se um com ele, você também alcança o mesmo status. Ao tornar-se um com o ‘eu sou’ você vai além do reino do corpo-mente.

191. Todas as perguntas existem, porque o ‘eu sou’ está lá. Após o ‘eu sou’ desaparecer, nenhuma pergunta surge.

      O ‘eu sou’ é o conceito primário, a raiz, o início de onde todas as perguntas começam. Quando você habitar no ‘eu sou’, estará bem no começo, então onde está a causa de todas as perguntas aqui existentes. Se acontecer que enquanto você estiver permanecendo no ‘eu sou’ você afastar dele, podem surgir dúvidas, mas não até então. Uma vez que você está firmemente estabelecido no ‘eu sou’ um tempo virá quando ele desaparece, então não há nenhuma possibilidade de qualquer questão surgir - a raiz foi cortada!

192. Compreenda o ‘eu sou’, transcenda-o e conclua que o ‘estado de ser ‘, o mundo e Brahman são irreais.

      O Guru pede novamente para o buscador compreender o ‘eu sou’. Em primeiro lugar pois, você  tem que compreender que ele é meramente duas palavras. Quando você considerá-los como apenas duas palavras, você ainda está no nível verbal e pode até entender mal e acreditar que o Guru está lhe pedindo para reafirmar o seu ego. O ‘eu sou’ que o Guru está falando é o de um sem palavras, o muito primordial que surgiu quando você só veio a saber que ‘você é’. Este ‘eu sou’ é impessoal e sem quaisquer atributos, que é onde você tem que voltar e residir. Apenas transcendendo o ‘eu sou’, que você vai perceber que este ‘estado de ser’, o mundo e Brahman são irreais.

193. O ‘So Hum’ japa (recitação) está incessantemente acontecendo em seu pulso indicando ‘eu sou’; entre em sintonia com ele pela recitação.

      A respiração, a qual resulta do pulso, é observável como dois sons sutis durante a inspiração e expiração, que ouvimos como ‘So Hum’. Este som ‘So Hum’ é considerado como um ‘mantra’ para ‘Japa’ (recitação) e significa ‘Eu sou Aquilo’. O som ‘So Hum’ que é naturalmente disponível para você é na realidade sem palavras e indica o primordial ‘eu sou. Alguns candidatos podem achar este método propício para a sua prática, de modo que o Guru recomenda recitação do ‘So Hum’ e entrando em sintonia com ele.

194. A recitação do ‘So Hum’, indicando ‘eu sou’, deve estar por muito tempo, é antes das palavras.

Qualquer ‘Sadhana’ tem de ser realizada por um tempo muito longo, depende muito de sua seriedade e intensidade. Raramente houve buscadores que perceberam a sua verdadeira identidade, após um curto período. O ‘So Hum’ é antes das palavras e naturalmente disponível a você, sua evolução tem ocorrido no processo de auto-investigação como: ‘Deham Naham’ (Eu não sou o corpo),’Ko Hum?’ (Então, quem sou eu?), a resposta sem palavras que veio foi ‘So Hum’ (Eu sou Aquilo).

195. O ‘eu sou’ é o único “deus” para agradar e se agradou, ele irá levá-lo para a fonte.

      Convencionalmente e externamente há muitos deuses disponíveis, você pode ir de deus para deus e ficar perdido e confuso. Mas o ‘eu sou’ é interno e universalmente presente em todos, além disso, é desprovido de qualquer nome ou forma. Você tem que adorá-lo a todo custo, adore o ‘eu sou’, ele é o único Deus para agradar. Se você se tornar amigo do ‘eu sou’ e ele torna-se satisfeito, irá levá-lo para a fonte pela liberação de suas garras (do ‘eu sou’ condicionado).

196. O ‘Jnani’ é aquele que chegou a uma conclusão sobre a matéria-prima ‘eu sou’ e está separado dele.

      Quem é um ‘Jnani’ (um homem de sabedoria)? O ‘Jnani’ é aquele que não só compreendeu e desenvolveu uma firme convicção sobre o conhecimento ‘eu sou’, mas também o transcendeu. Ele (o ‘Jnani’) conseguiu alcançar isso através do ‘Sadhana’ de meditar sobre o ‘eu sou’ por um período de tempo razoável e no processo foi além e ficou separado dele. Tendo feito isso, ele está fora dos ciclos de nascimento e morte.

197. Esse som sem som, o zumbido ‘eu sou é um lembrete de que você é Deus. Para compreender e realizá-lo, medite sobre ele.

      O som ‘So Hum’, observado ao inalar e exalar durante o processo de respiração é extremamente sutil. O zumbido do eu sou é ainda mais sutil do que isso e tem sido chamado de ‘som sem som’. É um lembrete constante de que você é Deus. Meditação sobre o sem som ou sem palavras ‘eu sou’ é recomendado como um meio de entender e realizar isso. Conhecimento teórico ou verbal do ‘eu sou’ não é suficiente, você tem que realmente realizá-lo e tornar-se um com ele, e por isso, que a meditação é essencial.

198. Você está no ‘eu sou’ sem qualquer esforço para estar lá. Não tente interpretar o ‘eu sou’.

      Meditação, compreensão e realização são todos os processos complementares e trabalho de uma forma geral. Você está sempre no ‘eu sou’, você necessita de qualquer esforço para saber que ‘você está’? Então, ser apenas nele. As palavras não pode ser usado para descrever o sem palavras, elas podem em todo o caso ser os ponteiros. Qualquer tentativa de sua parte para interpretar o ‘eu sou’ está destruindo o próprio propósito de compreender e perceber. Na verdade, é o contrário, quando todas as interpretações chegam ao fim, só então você está no ‘eu sou’ sem palavras. Em última análise, mesmo este material de estudo terá de ser mantido de lado e esquecido, é só então que o seu ‘Sadhana’ começará.

199. O ‘eu sou’ na forma do corpo pode atingir o estado mais elevado somente se você entender, aceitar e habitar ali. Então você escapa do nascimento e morte.

      No momento você está neste organismo dotado com o conhecimento interior ‘eu sou’. Compreender o conhecimento ‘eu sou’ e usá-lo para meditar sobre si mesmo. Quando o conhecimento ‘eu sou’ medita sobre si mesmo por um período de tempo razoável, finalmente somente resta o ‘eu sou’ e nada mais. Este é o maior estado do conhecimento ‘eu sou’ em forma de corpo (também chamado de ‘Turiya’ ou o quarto estado). Entendendo, aceitando e permanecendo no ‘eu sou’ não há dúvida de renascimento.

200. O ‘eu sou’ é uma propaganda do Absoluto, uma ilusão, temporária. Aquele que sabe disso conhece o princípio eterno.

      O ‘eu sou’, em sua forma mais pura e sem palavras, é uma acumulação ou anúncio do Absoluto ou o ‘Parabrahman’. Tem um momento de aparência e um momento de desaparecimento, é sempre temporária e como um sonho, é uma ilusão. Para entender esta natureza do ‘eu sou’ a pessoa tem que voltar para o momento em que apareceu pela primeira vez de forma espontânea. Se estiver difícil, tente observar o ‘eu sou’ como aparece no momento em que você acorda depois de um sono profundo.

201. No ventre o ‘eu sou’ é latente: Quando estamos com três ou quatro anos de idade ele surge espontaneamente. No clímax na meia idade, diminui na velhice e finalmente desaparece.

      Entre o aparecimento e desaparecimento do ‘eu sou’ um tempo de vida inteiro é coberto. Tanto a chegada e saída não estão em suas mãos e ocorrem espontaneamente. As mudanças que ocorrem na sua assinatura conforme avança a vida são um bom indicador dessa ascensão e queda do ‘eu sou’. Nos estágios mais avançados da sua vida é incapaz de assinar do jeito que fez na sua meia-idade ou juventude. Mesmo se você conseguir fazer isso, ele exige um grande esforço e um pouco de instabilidade é visível ao fundo.

202. Lembre-se disso, se você desejar lembrar-se de mim ou me visitar aqui, lembre-se do conhecimento ‘eu sou’.

      Durante todo o momento que você esteve com o Guru, ele teve apenas um objetivo, que é fazer com todos os esforços possíveis para empurrá-lo para o ‘eu sou’ ou o ‘Turiya’. Como você está se preparando para sair ou até mesmo como você está realmente o deixando, ele diz que se em tudo o que você desejar, lembrar-se dele ou está visita, lembre-se do conhecimento ‘eu sou’. Quando ele percebe um candidato genuíno, ele planta a semente ‘Brahman’ nele com a esperança de que algum dia ela vá brotar, prosperar e libertá-lo. Se isso vier a acontecer, que seria candidato, por sua vez de semear a semente ‘Brahman’ em outros.

204. A identidade do corpo não pode obter este conhecimento, o conhecimento ‘eu sou’ deve ser obtido deste conhecimento, quando o conhecimento habita em conhecimento há transcendência do conhecimento.

      Quando você mora no ‘eu sou’ sem palavras e se você recordá-lo corretamente, vai sentir a liberdade e a alegria que sentiu durante essa fase nascente do ‘eu sou’. Naquela época você não sabia nada, mas o ‘eu sou’ e você dançavam de alegria, completamente despreocupado e indiferente de tudo. Depois veio o condicionamento e o desenvolvimento do verbal ‘eu sou’ e suas calamidades tinham começado. Seu destino real é o ‘eu sou’ além do corpo, quando você morar nele, ele próprio irá revelar a sua história.

205. Este ‘eu sou’ desfrutado além do corpo é o seu destino. Permaneça nele e ele próprio irá dizer-lhe a sua própria história.

      Se você sentar em meditação pensando ‘eu sou isto e aquilo meditando’, não há nenhuma chance de que possa se tornar um com o ‘eu sou’. Todos os links externos têm de ser totalmente cortada e somente o ‘eu soudeve permanecer, desprovido da ideia de corpo. Deve ser o ‘eu souem sua máxima pureza, em sua maior pureza, quando se levantou, que é a razão da necessidade de voltar e recuperar o nascente ‘eu sou’. Faça isso várias vezes até que se estabilize no ‘eu souque é sem palavras, você já passou por essa fase, por isso é apenas uma questão de aplicação e resistência. Quando o conhecimento ‘eu sousem palavras permanece em si, há uma chance de transcender isso.

206. Quando você mora no destino como ‘eu sou’, você realiza que ele não é a sua morte, mas o desaparecimento do ‘eu sou’.

      O Guru está revelando um segredo que é de tremenda importância que apenas um candidato avançado, que passou um tempo considerável pensando sobre seus ensinamentos, pode compreender o seu verdadeiro valor. Ele está dizendo: o seu destino não é a morte, mas o desaparecimento do ‘eu sou’! Esta realização só pode vir de alguém que transcendeu o ‘eu sou’ e percebeu a sua verdadeira identidade como o Absoluto ou o ‘Parabrahman’. O ‘eu sou’ que tinha aparecido nele (que erroneamente acreditam ser o nascimento) agora desapareceu (que erroneamente acreditam ser a morte), isso é tudo. Ele não tem nada a ver com isso, como ele nunca foi o ‘eu sou’. Ele chega à conclusão de que ele é não nascido, ele era não nascido e permanecerá não nascido!

207. Você está além do desejo, que por si mesmo depende do ‘eu sou’. Não suprima os desejos, só não se identifique com eles e eles vão desaparecer.

      Quase um em cada três candidatos pergunta o que pode ser feito sobre o desejo. É um obstáculo que todo mundo tem que superar, e é tão grande que parece quase impossível de superar. Para eles, o Guru diz que você é além do desejo, o desejo é do ‘eu sou’ e dependente dele. Então, em vez de suprimir um desejo, que seria mais útil não se identificar com ele, então ele irá desaparecer. Entendendo e meditando sobre o ‘eu sou’ sem palavras é tudo que é mais propício para o processo.

208. Por que dizer que eu faço alguma coisa? Tudo o que é feito é feito pelo ‘eu sou’ e você está além dele.

      Por que todos dizem que ‘eu tenho feito isso’ ou ‘eu tenho feito aquilo’? À medida que você permanece no ‘eu sou’ sem palavras você vai logo perceber que é ele o ‘eu sou’ que é o fazedor. Repetidamente não se identifique como o ‘fazedor’ é outra técnica sugerida para se estabilizar no puro ‘eu sou’ e ir além dele. Na verdade, esse é o estado real das coisas, mas é o seu condicionamento que fez você acreditar que você é o fazedor.

209. Tenha cuidado com o ‘eu sou’ crescente sobre a sua verdadeira natureza e dando-lhe a falsa sensação de ser o executor.

      O caminho é realmente escorregadio, mesmo para o candidato mais avançado. Depois da compreensão e estando estabilizado no ‘eu sou’, sem palavras, você pode começar a receber vislumbres de sua verdadeira natureza - aqui o Guru avisa a continuar muito atento. Por que isso? Porque o ‘eu sou’ é realmente difícil de ficar a distância. Ele pode crescer muito rapidamente e em silêncio outra vez sobre a sua verdadeira natureza e prendê-lo, e em breve você vai começar a acreditar que você é fazedor. Isso o levará de volta à estaca zero e desfazer todo o progresso que você havia conseguido.

210. Quando o ‘eu sou’ torna-se puro - isto é, sem ‘eu sou isso’ ou ‘eu sou aquilo’ - você se torna ‘Ishwara’ (Deus).

      Você tem que voltar para o ‘eu sou’, quando apareceu pela primeira vez em você e no breve período que se seguiu depois, quando o ‘eu sou’ era incontaminado. Durante esse período, o ‘eu sou’ não tinha complementos, como ‘isto’ ou ‘aquilo’, foi uma fase em que era puro. Você passou por esse período em sua vida e não há nenhuma razão para que você não possa revivê-la. É tudo uma questão de compreensão do ‘eu sou’, aplicando-se a si mesmo e habitando nele. Se você fizer isso você se torna ‘Ishwara’ (Deus) e tem uma chance de transcendê-lo e tornar-se ‘Parameshwar’ (o Deus supremo ou o Absoluto).

Nota minha: Percebo que nesse estudo há um diferenciação entre Deus e Deus. Não que haja mais de um Deus e sim níveis de consciência Divina. Por exemplo: ‘Ishwara’ = Deus e ‘Parameshwar’ = o Deus supremo ou o Absoluto. Cristo, em suas Cartas, explica a Consciência Universal, como o Ser Supremo e da Consciência Divina com o desdobramento da Universal.

211. O sentimento ‘eu sou’ vem a você só porque há algo mais antigo ou mais cedo em você para que este ‘eu sou’ aparecesse.

      Pondere sobre uma questão como: A quem o sentimento ‘eu sou’ vem? Ou, o que eu era antes da chegada do conhecimento ‘eu sou’? Quando você fizer isso, você vai perceber que tem que haver algo mais antigo ou algo antes de que este ‘eu sou’ aparecesse. Quanto mais tempo você gasta no ‘eu sou’ sem palavras, mais forte a convicção irá crescer sobre esse ‘algo’ que é anterior ao ‘eu sou’. Finalmente, esse ‘algo’ se torna o seu objetivo, e algo para se concentrar, pois essa é sua verdadeira natureza Absoluta.

212. O intervalo entre o início do ‘eu sou’ (nascimento ou acordar) e quando você perde ele novamente (morte ou sono profundo) é chamado ‘tempo’.

      Todo este conceito de tempo é baseado no aparecimento e desaparecimento do ‘eu sou’. A chegada e a partida do ‘eu sou’, desde o nascimento até a morte é chamado de vida, enquanto que a partir de acordar para adormecer é um dia. Assim, você diz ‘a sua vida chegou ao fim’ ou ‘É o fim do dia’. O ‘eu sou’ ligado com a memória mantém uma continuidade em toda a sua vida.

213. O sentimento ‘eu sou’ é por si só uma ilusão, pois tudo o que é visto através desta ilusão não pode ser real.

      A essência dos cinco elementos e três qualidades que compõem o corpo-mente é o conhecimento ‘eu sou’. O corpo-mente, como se sabe, é impermanente e destrutível, o ‘eu sou’ depende dele para se expressar. Assim, o ‘eu sou’, já que é destrutível e dependente não pode ser a realidade que é indestrutível e independente. O sentimento ‘eu sou’ é, portanto, irreal e uma ilusão, tudo o que se ver ou sabe é através do ‘eu sou’, portanto, é tudo uma ilusão e irreal. Aqui está se tratando do ‘eu sou’ no condicionamento, e “ego”.  

214. Quando Krishna diz: ‘Lembro-me de todas as minhas vidas passadas’, ele quer dizer o ‘eu sou’, o sentimento fundamental por trás de todos os nascimentos. Não há ‘eu sou fulano de tal’.

      Krishna é o Absoluto ou o ‘Parabrahman’, sua verdadeira identidade. No Bhagavad Gita, Krishna faz uma declaração em que ele diz que se lembra de todas as suas vidas passadas. A implicação é que ele se lembra do ‘eu sou’, princípio do nascimento, em cada nascimento e não que ele foi ‘fulano de tal’. O ‘eu sou’ apareceu e desapareceu sobre ele, como o princípio fundamental de todos os nascimentos. Embora as personalidades ficavam mudando de acordo com os elementos, qualidades e as circunstâncias, o ‘eu sou’ permaneceu o mesmo.

Nota minha: Quando uma pessoa morrer sem se iluminar, o “eu sou” somente desaparece com a morte, mas depois reaparece na mesma idade de três ou quatro anos na outra vida.

Krishna é a oitava existência terrena de Vishnu, a divindade responsável pela manutenção do Cosmos. Ele é a reencarnação sagrada mais amada dos indianos, para quem foram edificados inúmeros santuários e a quem se dedica um número incalculável de seguidores. É a maior divindade não ariana nas crenças indianas. Wikipédia

215. Você não está sempre em contato com o ‘eu sou’ ou ele não é permanente. Quando você não está ciente do ‘eu sou’, ‘Quem’ não tem conhecimento?

      Como o Absoluto ou o ‘Parabrahman’ você não está sempre em contato com o ‘eu sou’: ele aparece e desaparece durante a sua vida e não é permanente. O ‘eu sou’ é inicialmente adormecido desde o nascimento até a sua aparição, e durante o sono está suspenso - mas ele está sempre lá no fundo. Além disso, você geralmente não é consciente do ‘eu sou’, simplesmente porque você está preso ou absorto com o ‘eu sou’ adicionado ‘isto’ e ‘aquilo’. Os complementos para o ‘eu sou’ torna você totalmente alheio à sua pureza, e de uma forma de sonho você dirige sua vida. Agora está sendo dito para você a ir para o ‘eu sou’ em sua forma pura nascente sem palavras e permanecer nele. No processo desta permanência, o ‘eu sou’ desaparece ou você não está ciente dele. Então, quem não estava ciente dele? Deve haver um princípio permanente no fundo que o engoliu.

216. O ‘eu sou’ tem grande potência: toda a manifestação chegou a partir dele. Vá para o estado  de pureza do ‘eu sou’, permaneça lá, se funde a ele e vá além.

      Apenas observe o enorme potencial do ‘eu sou’ que tem mantido o mundo inteiro em execução, toda a manifestação chegou a partir dele, a sua teimosia perpétua é surpreendente. Para ser livre dele, você tem que entende-lo em sua maior pureza e, em seguida, meditar sobre isso por um período de tempo razoável. A intensidade de sua meditação deve ser tal que você se torne totalmente um com o ‘eu sou’. Em seguida, um momento virá quando se funde em si mesmo e você vai além, a seu verdadeiro Ser, que é o Absoluto ou o ‘Parabrahman’.

217. O ‘eu sou’ é o Guru em um corpo que é testemunhado pelo Ser ou ‘Satguru’ em você, que é não-manifesto.

      O ‘eu sou’ está lá em tudo, em cada corpo. É a própria base ou princípio fundamental de tudo o que você percebe. Você deve considerá-lo como o Guru, o Deus, o Guia que vai levá-lo para o Ser ou o ‘Satguru’ (o grande Guru). É o ‘Satguru’ ou o Ser que testemunha o ‘eu sou’ ou o Guru no corpo. O ‘Satguru’ é o Absoluto ou o ‘Parabrahman’, que está sempre lá e nunca se manifesta.

218. O ‘eu sou’ em sua pureza é ‘Turiya’ (o quarto estado), mas eu sou ‘turiyatita’ (além turiya) e vivendo em (como) Realidade.

      Ao descrever seu próprio estado ou ponto de vista o Guru faz com que todo o ensinamento seja tão simples e claro, não poderia ser colocado de uma forma mais simples. O ‘eu sou’ deve ser entendido em sua pureza, tal como ele surge e é sem palavras. Isso pode ser feito por qualquer um recordando o momento em que surgiu em torno dos quatro anos de idade ou tentando pegá-lo quando você acabou de acordar de um sono profundo. Neste estado puro é o ‘Turiya’ ou o quarto estado que está sempre lá no fundo e em que repousam os outros três: ou seja, de vigília, sonho e sono profundo. Ao entrar e permanecer no ‘Turiya’ ou quarto estado, você pode ir além dele para o ‘turiyatita’ ou além do quarto e viver como o Absoluto ou ‘Parabrahman’, que é a realidade.

219. Repetição de um ‘mantra’ o leva para o puro ‘eu sou’, onde todo o conhecimento é entregue, você se funde com o Absoluto além de todo nome e forma.

      ‘Japa’ ou a repetição de um mantra como *‘So Hum (Eu sou Aquilo) ou ‘Aham Brahmasmi’ (Eu sou Brahman) por um longo tempo leva você para o estado do puro ‘eu sou’. Residindo no ‘eu sou’, chega um momento em que a primeira e a última parte do conhecimento ‘eu sou’ também se rende. Uma vez que o ‘eu sou’ desaparece, você se funde ou entra no seu original estado natural, que é o Absoluto, além de todo o nome e forma.

Nota minha: *O que significa: “So hum?”   O mantra “So Hum” não é apenas uma reflexão do som respiratório mas traz também um significado contemplativo: “Eu sou isto” (so= Eu sou e hum=isto). Neste sentido, “isto” refere-se a toda a criação, o sopro unificado. ikipédia)                                                                   

Nesse caso, o aquilo do mantra “So hum” não pode ser confundido com um adjetivo do sentimento “eu sou”, como já foi estudado aqui.

220. Se você vier a morar no ‘eu sou’ e firmemente permanecer nele, todas as coisas externas vão perder o controle sobre você.

      Todos externalidade tem uma forte influência sobre nós, na extensão da multidão, a poucos iria ocorrer que aquilo tudo poderia ser falso. É apenas naqueles em quem esse desejo sem nome para os desperta eterno e infinito, que a busca e questionamento começa. Se esse candidato tem a sorte, ele vai se deparar com um verdadeiro Guru que vai colocar um fim à sua busca. Para cortar todas as coisas externas, o Guru lhe faz compreender a importância do conhecimento ‘eu sousem palavras ou no estado de pureza. Então ele lhe diz para permanecer firmemente no ‘eu sou’, que é o ‘Sadhana’. Se o candidato entender corretamente o ensinamento e seguir o conselho do Guru, ele é obrigado a ter sucesso.

221. Não há mais ninguém, mas apenas eu’ ou ‘eu sou, esta devoção não-dual é o mais alto, para desaparecer e ser perdido no vasto desconhecido.

      Você tem que meditar sobre o conhecimento ‘eu sou’ até que você desenvolva uma forte convicção de que não há mais ninguém, mas somente ‘eu’ e nada mais. Para ficar completamente infundido com o conhecimento ‘eu sou’, deve entrar no ‘Turiya’ ou o quarto estado e isso é a não-dual devoção em seu pico mais elevado. Você deve estar totalmente imerso na comteplação do ‘eu sou’ na extensão em que você se torna o ‘eu sou’. E, o que vai acontecer quando você praticar esta intensa devoção não-dual? Você vai desaparecer e ser perdido no vasto desconhecido e se tornar o Absoluto.

222. Investigue minuciosamente o aparecimento e desaparecimento do ‘eu sou’ - você o desejou ou apenas aconteceu?

      Após o Guru fazer você entender a importância do conhecimento ‘eu sou’ sem palavras, você tem que investigá-lo completamente por conta própria. Para isso, você tem que refletir sobre o que ele tem dito constantemente. Conforme crescem juntos o entendimento, meditação e convicção, a questão importante sobre o aparecimento e desaparecimento do ‘eu sou’ surge. A pergunta é: Será que isso ocorre por meio de sua vontade ou desejo? Foi um processo voluntária? Se você entendeu corretamente o ‘eu sou’ a sua resposta seria a de que ele veio e vai espontaneamente, por conta própria. Isso vai dar um golpe na crença de que você  o ‘executor’ - e pode até acabar com ela.

223. O ‘eu sou’ é o único capital que você tem. Se debruçar sobre isso, nada mais é necessário.

      A marca do ensinamento do Guru é a sua simplicidade. Ele afirma muito claramente que o conhecimento ‘eu sou’ é tudo o que você tem, é o único capital de que você tem. Este legado do ‘eu sou’ veio espontaneamente, por conta própria, sem qualquer esforço de sua parte. Tente entender a sua importância e use-o da melhor maneira possível. Apenas habite no ‘eu sou’, nada mais é necessário. Por que isso? É porque o resto virá por si só. Habitando com firmeza no ‘eu sou’, chega um momento em que ele fica satisfeito com você e libera o  domínio do condicionamento.

224. O ‘eu sou’ está bem próximo do verdadeiro estado, por isso é irreal, tudo que está longe do estado Verdadeiro ou Realidade é irreal.

      O ‘eu sou’ pode ser visto como o último acampamento para você dimensionar a altura da Realidade. Uma vez que você está estabilizado no ‘eu sou’ ou o Estado ‘Turiya’, seu trabalho está feito. Este estado, embora muito próximo da realidade ou o Absoluto, ainda tem que ser classificado como irreal. O ‘eu sou’ não pode permanecer como está, tem que desaparecer ou dissolver-se e se fundi ao Absoluto ou o ‘Parabrahman’, só então ela vai qualificar-se como a Realidade.

225. Todas as práticas vêm através da consciência do ‘eu sou’, que é em si uma ilusão. Todos os acontecimentos desta ilusão são relativos e limitados no tempo.

      Compreender o conhecimento ‘eu sou’ como a fonte de tudo, é de importância primordial. Qualquer atividade que você possa fazer, se é trabalho do dia-a-dia, qualquer prática, todos vêm através do ‘eu sou’. Este ‘eu sou’ que apareceu em você é uma ilusão, é o início do tempo e vai acabar um dia. Todas as atividades são baseadas na dualidade e duração, portanto, eles são relativos e portanto nunca chegou perto da realidade e está limitado ao tempo. O conhecimento ‘eu sou’ é o mais próximo à realidade, de modo a entender e permanecer nele.

226. O primeiro passo é ir e habitar no ‘eu sou’. De lá você vai além da consciência e sem consciência para o Absoluto infinito, que é o estado permanente.

      Após a compreensão do ‘eu sou’, o primeiro passo consiste em habitar nele. Você tem que habitar no ‘eu sou’, colocando a ideia de corpo completamente de lado. Veja o ‘eu sou’ em sua pureza sem palavras e permaneça ali por um tempo suficientemente longo. Quando você fizer isso, um momento virá quando você vai além da consciência ou ‘eu sou’ e sem consciência ou ‘eu não sou’. Quando isso acontece, você vai se fundir em sua verdadeira natureza, o Absoluto, que é um estado permanente.

Nota minha: Aqui se refere a consciência humana, o saber e razão humanos; e não a Consciência Divina. 

227. Você é a realidade além do ‘eu sou’, você é o ‘Parabrahma’. Medite sobre isso e lembre-se disso, finalmente essa ideia do 'eu sou', também, deve deixá-lo.

      O Guru tentou de todas as maneiras fazê-lo entender o conhecimento ‘eu sou’. Então, depois que você entendeu, ele aconselha a permanecer nele e transcendê-lo, para ir além do ‘eu sou’ para a realidade que você é. O Guru agora apontando diretamente para você, dizendo: ‘Ei! Olhe aqui!’ ‘Você’ é o ‘Parabrahman’.’ Isto é como um chamado final para o despertamento. Ele agitando você, chamando: ‘Venha oh homem! Eu não posso dizer de forma mais simples do que isso. Ouça o que estou dizendo! Medite sobre isso, até mesmo essa ideia se dissolve e você se torna o que você é e o que eu quero que você seja’.

228. Compreender o ‘eu sou’, transcendê-lo e realizar o Absoluto; de forma simplificada como ninguém expôs este ensinamento profundo.

      Você vê o nascer do sol e o pôr do sol todos os dias no horizonte, mas isso realmente ocorre? Há sempre qualquer horizonte? Você pode tentar se aproximar do horizonte, mas você nunca vai alcançá-lo. O aparecimento e desaparecimento do ‘eu sou’ é como o nascer e o pôr do sol, ele só parece ter ocorrido no horizonte, mas na verdade não existe tal coisa. Do ponto de vista do sol, que se destaca, ele nunca sabe do nascer ou do pôr. O sol está sempre lá, brilhando longe em sua glória magnânima. Esta foi apenas uma analogia para que possamos compreender o ‘eu sou’, a compreensão do que tem sido repetidamente sublinhado pelo Guru. A compreensão é, então, usada como base para o ‘Sadhana’, que tem de seguir, que é permanência no ‘eu sou’ ou o conhecimento ‘eu sou’ meditando sobre si mesmo. Isso é tudo o que tem que ser feito, se feito corretamente e sinceramente, ele irá levá-lo para o seu destino final, o Absoluto ou ‘Parabrahman’. Muito certamente, este ensinamento profundo não poderia ter sido exposto de forma mais simples do que isso.

229. Mesmo dizer que você não é o corpo não é totalmente verdadeiro.

      De certo modo, você é todos os corpos, corações e mentes, e muito mais. Aprofunde-se no sentido de ‘eu sou’ e você descobrirá. Como você encontra uma coisa que você perdeu ou esqueceu? Você a mantém em mente até que a lembre. O sentido de ser, de ‘eu sou’, é o primeiro a emergir. Pergunte-se de onde ele vem ou simplesmente observe-o tranquilamente. Quando a mente permanece no ‘eu sou’, sem mover-se, você entra num estado que não pode ser verbalizado, mas pode ser experienciado. Tudo o que necessita fazer é tentar e tentar novamente. Afinal de contas, o sentido de ‘eu sou’ está sempre com você, apenas você acrescentou a ele todo tipo de coisas - corpo, sentimentos, pensamentos, ideias, posses, etc. Todas estas auto identificações são enganosas. Devido a elas, você aceita ser o que não é. (P.8 do livro “Eu sou aquilo”)

230. Tudo o que existe sou eu, tudo o que existe é meu.

      Antes de todos os começos, depois de todos os finais - Eu sou. Tudo tem sua existência em mim, no ‘eu sou’ que resplandece em todo ser vivo. Inclusive a não existência é impensável sem mim. O que quer que aconteça, eu tenho que estar presente para testemunhá-lo. (P.19 do livro “Eu sou aquilo”)

231. Recuse todos os pensamentos exceto um: o pensamento ‘eu sou’.

      A mente se rebelará a princípio, mas, com paciência e perseverança, cederá e permanecerá quieta. Uma vez que você esteja quieto, as coisas começarão a acontecer espontaneamente e de forma muito natural, sem qualquer interferência de sua parte.  ("P.21 do livro“Eu sou aquilo”)

232. Você pode dizer verdadeiramente que não existia antes de nascer, e poderá dizer depois da morte: ‘Agora não existo mais?’

      Você não pode dizer, pela sua própria experiência, que não existe. Só pode dizer: ‘eu sou’. Os demais tampouco podem dizer-lhe que ‘você não existe’. ("P.23 do livro “Eu sou aquilo”)

233. Aqui não há ‘como’

  Implesmente conserve na mente o sentimento ‘eu sou’, fundindo-se nele até que sua mente e seu sentimento se tornem um. Por tentativas repetidas, você topará com o equilíbrio adequado de atenção e afeto, e sua mente estará firmemente estabelecida no pensamento-sentimento ‘eu sou’. Não importa o que você pense, diga ou faça, este sentido de ser imutável e afetuoso permanecerá como o sempre presente fundamento da mente. (P.44 do livro “Eu sou aquilo”)

234. Para conhecer o que você é, você deve em primeiro lugar, investigar e conhecer o que não é.

      E, para conhecer o que você não é, você deve observar-se cuidadosamente, rejeitando tudo o que não tenha relação necessária com o fato básico: Eu sou. As ideias - eu nasci em um dado lugar, em tal data, de meus pais, e agora sou assim e assado, vivendo em, casado com, pai de, empregado por, e assim por diante - não são inerentes ao sentido ‘eu sou’ no estado de pureza. Nossa atitude comum é ‘Eu sou isto’. Separe, consistente e perseverantemente, o ‘eu sou’ do ‘isto’ ou do ‘aquilo’ e tente sentir o que significa ser, simplesmente ser, sem ser ‘isto’ ou ‘aquilo’. Todos os nossos hábitos resistem a isto e a tarefa de combatê-los é longa e, às vezes, difícil, mas um entendimento claro ajuda muito. Quanto mais claramente entender que no nível da mente você só pode ser descrito em termos negativos, mais rapidamente chegará ao fim da busca e à compreensão de seu ser ilimitado. (P.52 do livro “Eu sou aquilo”)

235. Quando você vê o mundo, vê Deus.

      Não se pode ver Deus separado do mundo. Além do mundo, ver Deus é ser Deus. A luz pela qual você vê o mundo, o qual é Deus, é a minúscula faísca ‘eu sou’, aparentemente tão pequena e, ainda assim, a primeira e a última em todo ato de amor e conhecimento. A janela pode estar aberta ou fechada, o sol brilha todo o tempo. Ela faz toda a diferença para a habitação, não para o sol. Ainda assim, tudo isto é secundário para a pequena coisa que é o ‘eu sou’. Sem o ‘eu sou’, não há nada. Todo o conhecimento se refere ao ‘eu sou’. As ideias falsas sobre este ‘eu sou’ conduzem à servidão; a compreensão correta conduz à liberdade e à felicidade. O ‘eu sou’ se refere ao interior; e abrange ao externo. Ambos têm como base o sentimento de ser. (P.54 do livro “Eu sou aquilo”)

236. Além da mente não existe tal coisa como a experiência. A experiência é um estado dual.

      Você não pode falar da realidade como de uma experiência. Uma vez que isto seja entendido, você não mais verá o ser e o *devir como separados e opostos. Na realidade são  inseparáveis, como raízes e ramos da mesma árvore. Ambos só podem existir à luz da consciência que, de novo, surge no despertar do sentido de ‘eu sou’. Este é o fato primário. Se você o perde, perde tudo. (P.84 do livro “Eu sou aquilo”)... Tanto quanto dar importância à auto realização, o  eu falso deve ser abandonado antes que o eu real possa ser encontrado. (P.89 do livro “Eu souaquilo”)

*Nota minha: Devir é um conceito filosófico que indica as mudanças pelas quais passam as coisas. O conceito de "tornar-se" apresentou-se primeiramente no leste da Grécia antiga pelo filósofo Heráclito de Éfeso que no século VI a.C. com a famosa citação "Nenhum homem jamais pisa no mesmo rio duas vezes"; é também dito por ele que nada neste mundo é permanente, exceto a mudança e a transformação... Wikipédia

237. O que mais necessita ser feito? Já é o bastante recordar o Guru e suas palavras.

      Meu conselho para você é ainda menos difícil que isto — simplesmente lembre de você mesmo. ‘eu sou’ é suficiente para curar sua mente e levá-lo além. Só tenha um pouco de confiança. Eu não o enganarei. Por que o faria? Quero algo de você? Desejo-lhe o melhor, tal é minha natureza. Por que teria que enganá-lo? (P.102 do livro “Eu sou aquilo”)... É correto dizer ‘eu sou’, mas dizer ‘Eu sou isto’ ou ‘Eu sou aquilo' é um sintoma de falta de investigação, de falta de exame, de fraqueza mental ou letargia.  (P.106 do livro “Eu sou aquilo”)

238. Não posso dizer o que sou porque as palavras  descrevem apenas o que não sou.

      Eu sou, e porque eu sou, tudo é. Mas eu estou além da consciência e, portanto, na consciência, não posso dizer o que eu sou. Ainda assim, eu sou. A pergunta ‘Quem sou eu?’ não tem resposta. Nenhuma experiência pode respondê-la, pois o “Eu” (nesse caso, o “Eu superior” ou Alma) está além de toda experiência.  (P.107 do livro“Eu sou aquilo”)

239. Quando digo ‘eu sou’, não quero dizer uma entidade separada com um corpo como seu núcleo.

      Quero dizer a totalidade do ser, o oceano da consciência, o universo inteiro de tudo que é e conhecido. Não tenho nada a desejar, pois estou sempre completo. As palavras revelam seu próprio vazio. O real não pode ser descrito, deve ser experienciado. Não posso encontrar melhores palavras para o que conheço. O que digo pode parecer ridículo, mas o que as palavras tentam transmitir é a mais elevada verdade. Tudo é um, por mais que nos queixemos. E tudo está feito para dar satisfação à única meta e fonte de todo o desejo, a quem todos conhecemos como o ‘eu sou’. Deixe tudo isto e esteja pronto para que o real se afirme. Esta autoafirmação é expressa melhor através das palavras: ‘eu sou’. Nada mais tem existência. Disto você está absolutamente certo. (P.124 do livro “Eu sou aquilo”)

240. A recordação de si mesmo, a Consciência do ‘eu sou’ amadurece  poderosa e rapidamente.

      Abandone toda ideia sobre si mesmo e simplesmente seja. Deus é apenas uma ideia – um conceito - em sua mente. O fato é você. A única coisa que você sabe com certeza é: ‘Aqui e agora Eu sou’. Elimine o ‘aqui e agora’, e o ‘eu sou’ permanecerá inexpugnável. O mundo existe na memória, a memória entra na consciência; a consciência existe na Consciência, e esta é o reflexo da luz nas águas da existência... Certamente. Tudo o que posso dizer verdadeiramente é: ‘eu sou’. Tudo o mais é inferência. Mas a inferência foi transformada em um hábito. Destrua todos os hábitos do pensar e do ver. O sentimento de ‘eu sou’ é a manifestação de uma causa mais profunda que você pode chamar “Eu Superior”, Deus, Realidade ou qualquer outro nome. O ‘eu sou’ está no mundo, mas ele é a chave que pode abrir a porta para sair do mundo. A lua que dança na água é vista na água, mas é causada pela lua no céu, não pela água. (P.151 do livro “Eu sou aquilo”)

241. Não há dúvida, esse mundo é pintado por você na tela da consciência e é inteiramente seu próprio mundo privado.

      Apenas o seu sentido de ‘eu sou’, apesar de estar no mundo, não é do mundo. Por nenhum esforço da imaginação ou da lógica você pode mudar o ‘eu sou’ pelo ‘Eu não sou’. ... Mesmo o sentido ‘eu sou’ é composto de pura luz e do sentimento de ser. O ‘Eu’ (nesse caso: “Eu Superior ou Alma) existe mesmo sem o ‘sou’. Assim, a pura luz está ali, diga você "eu" ou não. Torne-se ciente desta pura luz, e nunca a perderá. A existência no Ser, a Consciência na consciência, o interesse em cada experiência - isso não é descritível, ainda que perfeitamente acessível, pois nada mais existe. (P.152 do livro “Eu sou aquilo”) ...Você está no nível da mente. Quando o ‘Eu sou eu mesmo’ parte, o ‘Eu sou tudo’ vem. Quando o ‘Eu sou tudo' parte, ‘eu sou’ vem. (P.172 do livro “Eu sou aquilo”)

242. Não se identifique com uma ideia. Se você entende por Deus o Desconhecido, então você meramente diz: ‘Eu não sei o que sou’.

Se você conhece Deus como conhece seu ser, você não necessita falar. O melhor é o simples sentido ‘eu sou’. More nele pacientemente. Aqui, a paciência é sabedoria: não pense no fracasso. Não pode haver fracasso nesta tarefa.  Lembre-se de recordar: ‘o que quer que aconteça - acontece porque eu sou. (P.179 do livro “Eu sou aquilo”)

243. Meu Guru me disse: Esta criança, a qual é você mesmo agora, é seu ser real (Verdadeira natureza ). Volte ao estado de puro ser, onde o 'Eu sou' ainda está em sua pureza, antes de ser contaminado pelo 'eu sou isso' ou 'eu sou aquilo'.

      Seu fardo são as falsas identificações - abandone todos elas. Meu Guru me disse - ‘Confie em mim. Eu lhe digo: você é divino. Tome isto como a verdade absoluta. Sua alegria é divina, seu sofrimento é divino também. Tudo vem de Deus. Lembre-se sempre disto. Você é Deus. Só sua vontade é feita’. Eu acreditei nele e logo compreendi quão maravilhosamente eram verdadeiras e precisas as suas palavras. Não condicionei minha mente pensando: ‘Sou Deus, sou maravilhoso, estou além'. Segui simplesmente suas instruções que eram para focar a mente no puro ser ‘eu sou' e permanecer nele. Estava acostumado a sentar por horas com nada exceto o ‘eu sou’ em minha mente e logo a paz, a alegria e um profundo amor universal tornaram-se meu estado normal. Nele tudo desapareceu - eu mesmo, meu Guru, a vida que eu vivi, o mundo em torno de mim. Apenas a paz permaneceu, e um silêncio insondável. Todos estão contentes em ser. Mas poucos conhecem a plenitude disto. Você chega a conhecer por fixar a atenção de sua mente no ‘eu sou’, ‘Eu conheço’, ‘Eu amo’ - com a vontade de alcançar o significado mais profundo destas palavras. (P.180 do livro “Eu sou aquilo”)

244. A Consciência toma o lugar da consciência; na consciência há o ‘eu’, o qual é consciente, enquanto a Consciência é unificada; a Consciência é ciente de si mesma.

       O ‘eu sou' é um pensamento, enquanto a Consciência não o é; não há nenhum 'Eu sou consciente' na Consciência.  (P.196 do livro “Eu sou aquilo”)

245.  O próprio fato da observação altera o observador e o observado.

      Afinal de contas, o que impede a percepção dentro da própria natureza verdadeira é a fraqueza e a obtusidade da mente, e sua tendência a omitir o sutil e focar apenas o grosseiro. Quando você segue meu conselho e tenta manter sua mente na noção do ‘eu sou’ apenas, você se torna plenamente consciente de sua mente e de seus caprichos. A Consciência, sendo harmonia lúcida (sattva) em ação, dissolve o embotamento e aquieta a agitação da mente e, gentilmente, mas de forma firme, muda sua própria substância. Esta mudança não necessita ser espetacular; pode até ser imperceptível e, ainda assim, ela é uma mudança profunda e fundamental da escuridão para a luz, da inadvertência para a Consciência. (P.202 do livro “Eu sou aquilo”)

246. Pergunta:  Tem que ser a fórmula ‘eu sou’? Qualquer outra sentença não funcionará? Se eu me concentrar sobre ‘há uma mesa’, não servirá ao mesmo propósito?

Como um exercício de concentração - sim. Mas não o levará além da ideia de uma mesa. Você não está interessado em mesas, quer conhecer a si mesmo. Por esta razão, mantenha firmemente no foco da consciência a única pista que você tem: sua certeza de ser. Esteja com ela, jogue com ela, pondere sobre ela, mergulhe profundamente dentro dela, até que a casca da ignorância quebre e você venha a emergir no domínio da realidade(P.202 do livro “Eu sou aquilo”)

247. Pergunta: Há qualquer ligação causal entre meu enfoque do ‘eu sou’ e a ruptura da casca? 

      A urgência para descobrir-se é um sinal de que você está ficando pronto. O impulso sempre vem de dentro. A menos que tenha chegado a hora, você não terá nem o desejo nem a força para começar de todo o coração a auto investigação.  (P.202 do livro “Eu sou aquilo”)

248.  Pergunta:  Como posso colocar em ordem uma confusão que está inteiramente abaixo do nível de minha consciência?

     Estando consigo mesmo, com o ‘eu sou'; por observar-se em sua vida diária com um interesse desperto.   Com a intenção de entender em vez de julgar, na plena aceitação do que quer que possa emergir, porque está aí, você propicia que o profundo saia à superfície e enriqueça sua vida e sua consciência com suas energias cativas. Este é o grande trabalho da Consciência; ela remove obstáculos e libera energias ao compreender a natureza da vida e da mente. A inteligência é a porta para a liberdade, e a atenção alerta é a mãe da inteligência. (P.206 do livro “Eu sou aquilo”)

249. De fato, a demolição é fácil, pois o falso é dissolvido quando descoberto.

      Tudo pende da ideia ‘eu sou’; examine-a a fundo. Ela está na raiz de todos os problemas. É um tipo de pele que o separa da realidade. O real está dentro e fora da pele, mas a própria pele não é real. Esta ideia ‘eu sou’ não nasceu com você. Você podia ter vivido muito bem sem ela. Ela veio mais tarde devido à sua auto identificação com o corpo. Criou uma ilusão de separação onde não havia nenhuma. Fez de você um estranho em seu próprio mundo e fez o mundo estranho e inimigo. Sem o sentido de ‘eu sou’, a vida continua. Existem momentos, sem o sentido de ‘eu sou’, em que estamos em paz e felizes. Com o retorno do ‘eu sou’, os problemas começam. (P. 221 do livro “Eu sou aquilo”)

250.  Você deve tratar com o sentido de ‘eu sou’ se você quer ser livre dele.

      Observe-o em operação e em paz, como ele começa e quando cessa, o que ele quer e como o obtém, até que o veja claramente e o compreenda por completo. Depois de tudo, todas as Iogas, seja qual for a fonte e o caráter delas, têm apenas uma meta: salvá-lo da calamidade da existência separada, de ser um ponto insignificante no vasto e belo quadro. Você sofre porque se alienou da realidade e, agora, você busca uma fuga desta alienação. Você não pode escapar de suas próprias obsessões. Pode apenas cessar de nutri-las. É porque o ‘eu sou’ é falso que ele quer continuar. A realidade não necessita continuar - conhecendo-se como indestrutível, é indiferente à destruição de formas e expressões. Para fortalecer e estabilizar o ‘eu sou’, fazemos todo tipo de coisas - tudo em vão, pois o ‘eu sou’ está sendo reconstruído de momento a momento. É um trabalho incessante, e a solução radical única é dissolver o sentido separativo de ‘Eu sou uma pessoa assim e assado' de uma vez por todas. O ser permanece, mas não o eu pessoal. Nenhuma ambição é espiritual. Todas as ambições são para o bem do ‘eu sou’. Se você quiser realmente progredir, você deve abandonar toda ideia de realização pessoal. (P. 221 do livro“Eu sou aquilo”)

251. Posso apenas falar a você o que sei por experiência própria. Quando encontrei meu Guru, ele me falou: “Você não é o que acredita ser.

      Descubra o que você é. Observe o sentido ‘eu sou’, encontre seu ser real”. Eu obedeci a ele porque confiei nele. E fiz como ele me disse. Passava todo meu tempo livre examinando-me em silêncio. E que diferença isso fez, e quão rápido! Levei apenas três anos para compreender minha verdadeira natureza. Meu Guru morreu logo após tê-lo encontrado, mas isto não fez nenhuma diferença. Lembrei-me do que ele me falou e perseverei. O fruto disto está aqui comigo. (P.223 do livro “Eu sou aquilo”)

252. Todas as direções estão dentro da mente! Não estou lhe pedindo para olhar em alguma direção particular.

      Apenas desvie o olhar de tudo o que acontece em sua mente e traga-a ao sentimento ‘eu sou’. O ‘eu sou' não é uma direção. É a negação de toda direção. Finalmente. mesmo o ‘eu sou’ terá que desaparecer, pois você não necessita continuar afirmando o que é óbvio. Trazer a mente ao sentimento ‘eu sou’ meramente a ajuda a afastá-la de tudo mais. (P.227 do livro “Eu sou aquilo”)

253. Mas não estou fazendo outra coisa! Incansavelmente levo sua atenção ao fator incontestável - o do ser.

      O ser não precisa de provas - ele prova todas as outras coisas. Se eles apenas se aprofundarem no fato de ser e descobrirem a vastidão e a glória das quais o ‘eu sou' é a porta, cruzando-a e indo além, suas vidas serão cheias de felicidade e de luz. Acredite em mim, o esforço necessário não é nada comparado com as descobertas a que se chega. (P.238 do livro “Eu sou aquilo”)

254. Agarre-se ao sentimento ‘eu sou’, excluindo todo o resto. Quando conseguir isso, a mente se tornará completamente silenciosa, brilhará com uma nova luz e vibrará com um novo conhecimento.

      Tudo vem espontaneamente, você necessita apenas segurar-se no ‘eu sou’. Exatamente como quando sai do sono, ou de um estado de êxtase, você se sente descansado e mesmo assim, não pode explicar porque e como chegou a sentir-se tão bem; da mesma maneira, na realização, você se sente completo, pleno, livre do complexo prazer-dor e, ainda assim, nem sempre capaz de explicar o que aconteceu, o porquê e o como. Você só pode pô-lo em termos negativos: ‘Nada mais está errado comigo’. É apenas por comparação com o passado que você sabe que está fora dele. De outra forma - você é exatamente você mesmo. Não tente comunicá-lo a outros. Se puder fazê-lo, não será a coisa real. Seja silencioso e observe-o expressando-se em ação. (P.244 do livro“Eu sou aquilo”)

255. A pessoa é meramente o resultado de um mal-entendido. Na realidade, não existe tal coisa.

      Sentimentos, pensamentos e ações correm ante o observador em uma sucessão sem fim, deixando traços no cérebro, criando uma ilusão de continuidade. Uma reflexão do observador na mente cria o sentido de ‘Eu’ e a pessoa adquire uma existência aparentemente independente. Na realidade não há nenhuma pessoa, apenas o observador identificando-se com o ‘Eu’ e o ‘meu’. O mestre diz ao observador: você não é isto, não há nada seu nisto, exceto o pequeno  ponto do eu sou, que é a ponte entre o observador e seu sonho. ‘Eu sou isto, eu sou aquilo’ é sonho, enquanto o puro eu soutem a marca da realidade nele. Você experimentou tantas coisas - tudo deu em nada. Só o sentido eu soupersistiu - inalterado. Permaneça com o imutável entre o mutável, até ser capaz de ir além. (P.250/251 do livro “Eu sou aquilo”)

Nota minha: o “eu” aqui não se refere ao “Eu Superior não, e sim, ao “eu” concebido na concepção. 

256. Entregue seu coração e sua mente à consideração sobre o ‘eu sou’.

       Sobre o que é, como é, qual sua origem, sua vida, seu significado. É muito parecido com o cavar de um poço. Você rejeita tudo o que não é água até que alcança o manancial doador de vida.  (P.300 dolivro “Eu sou aquilo”)

 257. Quando há uma pessoa, também há consciência.

      O ‘eu sou’, a mente e a consciência denotam o mesmo estado. Se você diz ‘Eu sou consciente' apenas significa: ‘Eu sou consciente de pensar no fato de ser consciente'. Na Consciência, não há ‘eu sou’.  (P.352 do livro “Eu sou aquilo”)


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