Lição 04
Nesta lição aprenderemos sobre um precioso sentido que todos nós possuímos, mas que pelo seu total desconhecimento e consequente desuso está atrofiado.
Felizmente, conforme vamos
voltando a usar este sentido, este vai novamente se desenvolvendo e é como se
fossemos abrindo gradualmente uma janela em nós mesmos, a qual por muito tempo
permaneceu fechada e que agora permite que um pouco de luz entre e ilumine
nosso mundo interior, e dessa forma vamos conseguindo enxergar pouco a pouco
tudo o que ali existe.
Quanto mais exercitamos este
sentido mais a janela se abre e consequentemente mais luz entra, e assim vamos
enxergando cada vez mais e mais coisas que até então estavam ocultas e que nem
remotamente suspeitávamos que existiam.
Esse sentido é chamado de auto-observação e compreender
este tema é fundamental. Não é possível nos conhecermos a fundo sem utilizar o
sentido da auto-observação.
Mas
afinal, o que vamos observar em nós?
Através da auto-observação
iremos ver e sentir o
que se passa nos centros da máquina humana, nos cinco centros inferiores que
estudamos na lição anterior.
E como veremos nesta lição,
nestes centros a todo instante algo está ocorrendo, e na maioria das vezes sem
nosso conhecimento e muito menos consentimento.
E
como fazer a auto-observação?
Não há uma técnica para se
fazer a auto-observação. Simplesmente, conhecendo quais são os centros da
máquina humana (intelectual – motor – emocional – instintivo – sexual),
passamos a observá-los, ou seja, dirigimos nossa atenção para estes centros a
fim de percebermos quais sentimentos e pensamentos estão se manifestando ali.
Para isso não é necessário
parar de fazer o que estamos fazendo, seja em casa, no trabalho ou em qualquer
lugar que se esteja.
Praticando a auto-observação
você verá que este sentido nos permite ver e sentir extraordinariamente o que
se passa dentro de nós e, ao mesmo tempo, ter total atenção no mundo exterior e
ao que estamos fazendo. Na verdade, como a prática lhe mostrará, se consegue
ter muito mais atenção e concentração no que estamos fazendo quando estamos em
auto-observação.
Ao dirigir a nossa atenção para
nossos centros devemos observar o que está ocorrendo ali. Quando se está
começando a praticar a auto-observação é mais produtivo observar apenas os
centros intelectual e emocional,
ou seja, nossos pensamentos e
sentimentos, pois são através deles que conseguimos perceber mais
claramente os nossos defeitos psicológicos em ação.
Conforme o sentido da
auto-observação vai se desenvolvendo, vamos passando a perceber a manifestação
dos defeitos também nos outros centros (motor, instintivo e sexual).
Vimos na lição anterior que os defeitos psicológicos atuam nos
centros da máquina humana nutrindo-se da energia destes centros e causando
muitos malefícios físicos e psicológicos.
Quando dizemos atuam, isso
significa que provocam, dependendo do centro e da natureza do defeito
psicológico, certos tipos de pensamentos, sentimentos, etc., às vezes
incrivelmente amargos e dolorosos o suficiente para causar um profundo
sofrimento.
A título de exemplo,
relacionamos abaixo o que podemos observar de mais comum em cada um dos cinco
centros da máquina humana:
Centro
Intelectual: pensamentos mórbidos e negativos, para com você
mesmo e para com as outras pessoas, como a ira, a luxúria, a inveja, a cobiça,
a desonestidade, a traição, o roubo, a maledicência, etc.
Centro
Motor: basicamente neste centro o que podemos observar são
movimentos feitos mecanicamente, de forma automática, sem ter atenção sobre
eles. Um exemplo clássico é quando dirigimos um carro e ao mesmo tempo estamos
pensando em várias outras coisas e, no entanto, continuamos a trocar as
marchas, acelerar, frear, etc., tudo feito de forma automática.
Agora
podemos nos perguntar:
Por que uma pessoa ultrapassa
um sinal vermelho sem se dar conta e provoca um acidente?
Por que uma pessoa atravessa a
rua sem perceber que um carro está vindo em sua direção e é atropelada?
Essas coisas só acontecem
porque as pessoas não estão conscientes de seus movimentos, de seu centro
motor. Precisamos nos esforçar por fazer os movimentos com atenção.
Centro
emocional: emoções negativas de todo o tipo como o ódio (ainda que
sutilmente disfarçado), a inveja, o medo (não importa do que seja), a angústia,
a ansiedade, a impaciência, o apego a coisas e pessoas, preocupações,
sentimentos exagerados, etc.
Um mesmo defeito psicológico pode atuar, por exemplo,
primeiro no centro emocional, depois no centro intelectual e em seguida no
centro motor.
Por exemplo, quando alguém diz
algo que não gostamos. Ficamos bravos (centro emocional) e logo pensamos em
reagir ou ficamos pensando em muitas coisas que deveríamos ter falado, feito,
etc. (centro intelectual).
Podemos ficar mais
identificados ainda com a situação e fazer gestos ou mesmo brigar.
Observe neste exemplo que toda
a máquina humana foi controlada pelo ego como se fosse uma marionete, passando
a controlar primeiramente o centro emocional, depois o intelectual e por fim o
centro motor.
Se estivermos em
auto-observação veremos que isso acontece a todo o momento.
Centro
Instintivo: neste centro o que observamos é o exagero ou
abuso de certos instintos naturais. Vejamos por exemplo o instinto materno, que
faz com que naturalmente uma mãe zele pela sobrevivência de seu filho. O abuso
deste instinto seria expresso na forma de uma superproteção por parte da mãe,
fazendo com que ela cuide e se preocupe exageradamente com seu filho, mesmo
quando este já possui idade suficiente para cuidar de si mesmo.
Mais comum é o abuso do
instinto de sobrevivência, que entre outras coisas, nos diz que devemos nos
alimentar para sobreviver. Neste caso os defeitos psicológicos atuam fazendo
com que a pessoa se alimente em demasia, comendo muito mais do que necessita para
sobreviver. É o conhecido defeito da gula.
Centro sexual: abuso das
energias sexuais. A energia criadora do sexo é infinitamente a mais poderosa
que possuímos e que o ego gasta bestamente vendo filmes, cenas, anúncios,
explicita ou implicitamente pornográficos ou imorais, pensamentos mórbidos,
conversas desonestas, etc.
O abuso das energias sexuais
leva, ao longo do tempo, à impotência sexual.
No começo conseguimos nos auto
observar muito pouco, talvez algumas vezes por dia apenas. Isso varia de pessoa
para pessoa, depende do quanto está atrofiado este precioso sentido.
Porém, com a prática, esse
tempo de auto-observação vai gradualmente aumentando e passamos a nos
autoconhecer cada vez mais, jogando mais luz em nosso interior e vendo como
realmente somos interiormente.
E quando estamos em
auto-observação e percebemos a atuação de algum defeito
psicológico, o
que fazer para que este seja eliminado? No decorrer do curso
aprenderemos a técnica do morrer psicológico, através da qual podemos eliminar cada defeito
psicológico que conseguimos perceber atuando em nós.
Por isso desde já pratique
muito a auto-observação, exercite e desenvolva este sentido porque dele
dependerá a sua mudança interior.
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