Lição 09
“Qual é o objetivo real de nossa existência? Para que estamos aqui? Por quê?
Isto
é algo que devemos elucidar com claridade meridiana; isto é algo que devemos
sopesar, analisar, julgar serenamente.
Vivemos,
no mundo, com que objetivo? Sofremos o indizível para quê? Lutamos para
conseguir isso que se chama pão, agasalho e abrigo e, depois de tudo, o quê?
Em
que ficam todos os nossos esforços? Viver por viver, trabalhar para viver e
logo morrer é, acaso, algo maravilhoso? Em verdade, amigos, faz-se necessário
compreender o sentido de nossa existência, o sentido do viver.
Há duas linhas na vida: a uma delas poderíamos chamar horizontal, a
outra, vertical.
Elas formam uma cruz dentro de nós mesmos, aqui e agora, nem um segundo mais
adiante, nem um segundo mais atrás.
Necessitamos
objetivar um pouco estas duas linhas. A horizontal começa com o nascimento e
termina com a morte; ante cada berço existe a perspectiva de um sepulcro, tudo
o que nasce deve morrer.
Na
horizontal está todo o processo do nascer, crescer, reproduzir-se, envelhecer e
logo morrer.
Na
horizontal estão os vãos prazeres da vida: licores, fornicações, adultérios,
etc.
Na
horizontal está a luta pelo pão de cada dia, a luta por não morrer, por existir
sob a luz do sol.
Na
horizontal estão todos esses sofrimentos íntimos da vida prática, do lar, da
rua, do escritório, etc. Nada maravilhoso pode nos oferecer a linha horizontal.
Mas,
existe outra linha totalmente diferente; quero referir-me, de forma enfática, à vertical. Esta
vertical é interessante. Nela encontramos os distintos níveis do Ser; nela
estão os poderes transcendentais e transcendentes do Intimo; nesta vertical
estão os poderes esotéricos, os poderes que divinizam, a Revolução da
Consciência, etc.
Com
as forças da vertical nós podemos influir decididamente sobre os aspectos
horizontais da vida prática; podemos mudar, totalmente, nosso próprio destino,
fazer de nossa vida algo diferente, algo distinto e passarmos a ser algo
totalmente distinto do que fomos, do que somos, do que temos conhecido nesta
amarga existência.
A
vertical é, pois, maravilhosa, revolucionária por natureza; porém, necessita-se
ter um pouco de inquietudes.
Antes
de tudo, pergunto-me e pergunto a todos:
Estamos,
acaso, contentes com o que somos? Quem de vocês sente-se feliz, no sentido mais
completo da palavra?”
Acima foi transcrito o prólogo
do livro “Tratado de Psicologia Revolucionária”, com o propósito de
compreendermos o tema desta lição - o nível do Ser.
Como vimos no texto acima, na
vida existem duas linhas (ou dois aspectos da vida) que se cruzam
continuamente, sendo que uma delas, a horizontal, representa o tempo de duração
de nossa existência contido entre o nosso nascimento e a morte.
Evidentemente que entre o
nascer e o morrer estão todos os acontecimentos e fatos do cotidiano que
ocorreram e que estão por acontecer em nossa vida.
Realmente não há nada muito
interessante ou certo relacionado com a linha horizontal, sendo que a única
certeza que podemos ter em relação a esta linha é que ela tem um início e um
fim.
Já a outra linha, a vertical,
nos oferece infinitas possibilidades, pois é a linha onde estão os níveis do
Ser. Na linha vertical estão as virtudes, a mudança interior, a sabedoria, os
poderes e as faculdades do Ser, e é totalmente independente da linha
horizontal.
Podemos comparar a linha
vertical a uma escada, na qual os degraus mais elevados correspondem a níveis
do Ser mais elevados também.
E, analogamente, os degraus
mais baixos correspondem aos níveis do Ser mais inferiores.
Na vida as pessoas estão em
variados níveis do Ser, e as pessoas com o mesmo nível do Ser tendem a se
atraírem por afinidade e relacionarem entre si.
Por isso que uma pessoa
abstêmia não tem afinidades com um grupo de bêbados; ou uma mulher honrada não
vive em meio a prostitutas, ou um homem honesto não tem amigos criminosos.
Outro fato importante
relacionado aos níveis do Ser, é que se uma pessoa melhora seu nível do Ser consequentemente
irá se relacionar com pessoas mais decentes do que as que se relacionava
anteriormente.
Isso se deve ao fato de que as
afinidades mudam quando muda o nível do Ser, e essa pessoa que mudou seu nível do
Ser irá perdendo as afinidades que tinha com seu antigo círculo de
relacionamentos, e agora sentirá afinidades com pessoas que estejam no mesmo
nível do Ser em que se encontra.
Se queremos gerar novas
condições em nossa existência, se queremos provocar uma mudança em nossa vida,
temos que necessariamente mudar nosso nível do Ser.
Do contrário continuaremos a
ser apenas vítimas das circunstâncias e dos acontecimentos que nos esperam na
linha horizontal.
Por mais incrível que isto
pareça, sem mudar nosso nível do Ser, não podemos manipular em nada o curso de
nossa existência, os fatos simplesmente nos sucedem de acordo com as leis
mecânicas da natureza, as quais estão relacionadas à linha horizontal.
Depois de tudo o que foi
explicado sobre os níveis do Ser, ainda resta uma questão fundamental: Como
fazer para elevar nosso nível do Ser?
Através da morte psicológica, da
eliminação dos defeitos psicológicos.
Quanto mais defeitos eliminamos
mais elevado será o nosso nível do Ser, e assim mais intensas serão as mudanças
que provocaremos também em nossa existência.
Aqui fica claro então o grande
dilema filosófico: “Ser ou não Ser, eis a questão”.
O que queremos fazer de nós e de nossa
vida? Vamos mudar nosso nível do Ser ou não? Por mais difícil que possa ser
tomar uma decisão, existem somente duas alternativas: Ser ou
não Ser.
Diante de cada situação pergunte
a si mesmo:
Farei isto dessa forma ou de uma
forma que eleve meu nível de Ser?
Darei poderes ao ego ou fortalecerei
a Essência?
Lembre-se
que essas pequenas decisões são justamente as que fazem toda a diferença.
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